quinta-feira, 26 de novembro de 2009

PROFISSIONALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E HONRA, PRECISAM-SE
Em tempos de especialização, em que as ciências médicas são compartimentadas até à exaustão da paciência e dos recursos dos doentes, em que já não há clínico capaz de diagnosticar qualquer doença sem o auxílio de laboratórios, custa-me compreender porque se considera direito inalienável do "pagode" votar de cinco em cinco anos para a chefia do Estado. Com a corrupção tão generalizada entre a classe política como as fugas de informação do sistema judicial para a comunicação social vieram perigosamente demonstrar, com quase dez por cento da população no desemprego e com os melhores alunos das nossas universidades a emigrarem, em busca de oportunidades, é espantoso vermos o chefe de Estado na televisão, a queixar-se de que o andam a espiar! Elegemos um senhor para supremo magistrado da Nação, dividindo desde logo os Portugueses, para ele vir depois queixar-se publicamente da inconstitucionalidade das leis, ou de que o Governo o anda a espiar? Não haverá outros órgãos de soberania adequados para tratar estes assuntos com a necessária discrição, em nome da honorabilidade do Estado de Direito? E como explicar que um País pobre e minado pela corrupção e pelo desemprego, suporte uma instituição com tão pouca dignidade, que consome ao orçamento o dobro da Casa Real em Espanha, que, como sabemos, é quatro vezes maior e mais populosa que Portugal, a que acrescem os gastos com as mordomias a que os três ex-presidentes vivos têm direito, mais os custos das eleições a cada cinco anos? É tempo de fazermos um balanço, sabendo que também cá temos um Rei, descendente de D. Afonso Henriques, com honra, que ofereceria ao Estado um profissionalismo e uma competência que em república não temos logrado ter, certamente com menores custos e enormes vantagens. É tempo, antes que eles comam tudo e não deixem nada, como dizia uma canção já antiga, mas nunca tão actual.
Dom Vasco Telles da Gama (Nov.-2009)
* Nota: o texto publicado é da exclusiva responsabilidade do autor.
Texto publicado no
Diário Digital a 19-Nov-2009

Sem comentários: