quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

SOBREVIVÊNCIA DAS MONARQUIAS, SIMPLICIDADE É O ÚLTIMO GRAU DE SOFISTICAÇÃO

Ninguém pode negar a atracção pelo barroco burocrático que o Positivismo trouxe, entre requerimentos, delegações, comissários, representantes, lobbistas, deputados, sindicalistas e demais representações das vontades de grupo as Repúblicas tendem a assumir a complexidade como objectivo a alcançar. Entre estruturas eleitorais que nem os eleitores percebem (a última moda nos EUA é discutir a relevância e de onde apareceu o colégio eleitoral,  não sendo despiciente a aversão de muitos burocratas ao comportamento das Democracias, é particularmente interessante que este assunto com alguns séculos seja discutido de 4 em 4 anos) e alterações legislativas que trazem os seus autores à praça a explicar o que lhes ocorreu na altura …como frequentemente acontece em Portugal com Jorge Miranda e anualmente (por vezes mensalmente) com o Tribunal Constitucional.
A Constituição Portuguesa é particularmente longa e aparte o facto do documento (que é a Lei fundamental)  nem se referir ao País que a maioria esmagadora dos portugueses julga viver (leia-se Portugal) não deixa de ser interessante que o corpo legislativo julgue ser perceptível ao cidadão comum um documento que eles próprios não compreendem na sua total extensão. O cidadão não compreende e assume estar-se nas tintas sempre que existe um sufrágio, reserva a sua opinião para si, assume o representante saber o que ele pensa…o que se vislumbrou no Brexit, um desastre democrático. 
É compreensível que suscite alguma falta de temperança e mesmo algum ódio que hajam países onde um senhor de bigode que representa uma linhagem dinástica com 800 anos ainda suscite uma discussão que já deveria estar enterrada há mais de um século (para alguns) ou que uma senhora de idade que fala pouco sem qualquer tese publicada , poderes públicos constitucionais, sufrágio garantido e que só está no posto por ter um certo sobrenome tenha mais influência do que o académico mais apoiado popularmente e com mais ideias de como alcançar o paraíso terrestre. A Monarquia parece uma negação ao racionalismo político e a mera simpatia por esta um indício de demência , a verdade não podia estar mais longe.
A actual discussão na GB assenta na possibilidade de o Brexit ter consequências ao nível do palácio de buckingham, mas poucos podemos discordar (na Europa) que o impacto político teria sido muito mais nefasto se em vez de o Referendo - ganho por um partido populista minoritário - ter ocorrido na GB, este tivesse ocorrido na Alemanha. Os impactos económicos não seriam a principal preocupação e este simples exercício arrasta a relevância de um regime onde o Chefe de Estado é escolhido por sucessão dinástica.
A Incerteza no futuro é maior num sistema onde um populista pode ser eleito a um cargo com poderes efectivos do que a residual certeza na bonomia familiar de uma Casa Real, onde o único Poder efectivo (hoje aceite nas Democracias) é a identificação nacional. O único atentado à racionalidade da “superioridade moral republicana”é a certeza do que a simplicidade é mais eficaz e de que o histórico devia ser um critério para avaliar o mérito de qualquer regime.
Contrariamente aos regimes republicanos, que nada mudaram desde o sec XVIII, mantendo o formalismo Institucional que vigorava nas Monarquias desse século (particularmente relevante para os EUA , Rússia e França) as Monarquias Democráticas mudaram e muito. Consoante as mudanças sociais e valores políticos, os monarcas passaram de indivíduos extraordinários para a pura normalidade partilhando os mesmos defeitos e expectativas que o cidadão médio. As pessoas estão interessadas nas suas vidas privadas e relacionam-se com eles ao nível individual percebendo que as suas expectativas não diferem grandemente das de todos e que o erro na simplicidade será sempre menor do que dar um salto no desconhecido. Os ingleses lembram-se de Cromwell, muito proveitoso seria para os portugueses lembrarem-se do que foi o último século
Ricardo Gomes da Silva - O Manto do Rei

VEJA NOVAMENTE: FAMÍLIA REAL PORTUGUESA: 20 ANOS DEPOIS



Jantar dos Conjurados de 2016
Fonte: Real Associação da Beira Litoral

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

PAZ E AMOR

Natal época de felicidade e paz. Esperamos que o Mundo dê conta do mal que está a fazer a si próprio. Pensemos na paz e tranquilidade dos povos.
A todos os que visitam este blog desejo-vos um Santo Natal e um Ano Novo cheio de realizações!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

RELEMBRAR S.A.R., O SENHOR DOM DUARTE NUNO DE BRAGANÇA


Correm este ano quatro décadas sobre a morte daquele que poderia ter sido o salvador do Estado português. Salazar foi excessivamente português no tratamento da questão sucessória que era, afinal, a mais importante. Salazar, sabendo-o, não foi suficientemente lúcido para fazer essa escolha entre a restauração e o caos. Adiou, quis satisfazera todos, nem um sucessor escolheu e, finalmente, morreu e o poder passou para quem já evidenciava os traços desta gente que manda no país desde 1968.

Salazar sabia que o Marcelo era um biltre, que dizia mal do regime e conspirava, mas deram-lhe o poder. Marcelo foi o grande responsável pela inviabilização da solução monárquica. Os Bragança haviam cumprido escrupulosamente tudo o que Salazar pedira por ocasião do regresso da família real a Portugal, mas nada lhes foi restituído, vivendo apartados da vida pública e do contacto com os portugueses. Foi-lhes até negado um trem de vida compatível com a sua condição. A família viveu numa pelintrice indigna e até a suprema afronta de lhe destinarem uma casa onde chovia.

Era a faceta mesquinha e aldeã de Salazar. Podendo ter arranjado um Rei de graça, um excelente Américo Tomás de sangue azul, um homem gentil e de carácter muito alemão, preferiram o caminho mais cómodo, ou seja, nada fazer.

A restauração devia ter ocorrido em 1955 ou 1956, mas o congresso da União Nacional de 1951 impediu-o. A União Nacional passou a ser republicana. O congresso, ao votar pelo encerramento da questão do regime, deixou de poder apontar um futuro estável após o passamento do seu líder e fundador. Marcelo conseguiu-o. Era a diferença entre Salazar e o Marcelo. Como camponês, Salazar entendia a monarquia como um dado relevante do carácter nacional; Marcelo via-a como uma limitação às suas ambições de micro-burguês cheio de complexos de classe. Durante os 14 anos que sobravam a Salazar, teriam formado uma inteira geração de servidores da Coroa. E o que tivemos logo a seguir ? A campanha do Delgado. Compreende-se que depois de 1958, os monárquicos se tenham despolitizado até aos extremos de hoje.

Até partidos poderiam ter inventado. Com uma monarquia restaurada, não teria havido golpe, revolução nem descolonização nos termos em que esta se processou. Poderia, quando muito muito, ter havido um regime à europeia, mas muito ao centro, como houve em Espanha - algo como uma UCD - sendo até possível uma democracia com muitos traços da doutrina salazariana. Se se tivesse optado por essa solução, a descolonização ter-se-ia projectado para os anos 80 ou 90, quando a URSS entrou em colapso. Não esqueçamos que entre o 25/A e a chegada de Gorbachev medeiam apenas 9 anos. Teria então sido possível negociar com os movimentos. Em 1985 , com a URSS transformada num monte de entulho, eles já seriam bem mais mansos. Mesmo que Angola e Moçambique se tivessem tornado independentes, teriam ficado Cabo Verde, S. Tomé, Cabinda e Timor. 

Uma monarquia não requer grandes Reis. Basta ter um Rei, é o suficiente. Como se vê, a monarquia não era apenas uma questão decorativa. Era central. Portugal teve essa oportunidade e deitou-a fora.



PORTUGUESES:
Sempre meus Avós vos anunciaram o nascimento de seus Filhos — e sempre essa notícia encheu de contentamento e certeza todos os lares portugueses. Para a Nação, nas Instituições que represento, o nascimento dum Príncipe ou duma Princesa confirmava a continuidade da vida nacional, unida no mesmo amor.
Sejam quais forem os tempos, de longe ou de perto, vós sois para mim o mesmo que fostes para os meus Antepassados: o Povo querido e glorioso que melhor serviu a Deus e à sua Terra e mais amou os seus Reis. Por isso vos anuncio, como Eles anunciavam, o nascimento de meu Filho, oferecendo a sua vida ao bem de Portugal com o mesmo fervor com que há muito consagrei a minha.
Herdeiro de deveres imprescritíveis, acima de interesses pessoais e de partidarismos, dou-vos nesta hora de interrogações e ansiedades que oprimem, a certeza de que não findará no meu Lar a consciência das responsabilidades que me prendem a Portugal e à felicidade de todos os Portugueses.
De todos vós, sou o único a quem as circunstâncias não permitem viver nessa terra bendita que meus Avós tanto dilataram. Quero-lhe, porém, dobradamente e ao seu Povo, na saudade constante a que a separação me força. O vosso coração deve compreender isto. E compreender também que, quanto tenho sofrido no exílio, só me faz desejar que nenhum de vós o sofra.
Unamo-nos todos. Temos de favorecer a harmonia, a ordem de que a Nação precisa. Mas igualmente vos digo que não renuncio nem fujo a nenhuma das minhas responsabilidades históricas. E espero que a vossa consciência colectiva vos mostre, num profundo instinto acordado, que só na Monarquia reencontrará as garantias, direitos e liberdades derivadas dum Poder que, por ser legítimo e natural, não depende de divisões nem de egoísmos.
Antes de tudo, preocupa-me a existência dos pobres, dos necessitados, dos trabalhadores; e, num aumento geral de riqueza, o conjunto de providências que a todos devem levar pão e alegria. Penso, do mesmo modo, no nosso lugar no mundo e no completo resgate da civilização que Portugal tão largamente difundiu e tantos males e experiências têm ameaçado. Estas preocupações e os sentimentos de justiça que as determinam, derivam dos fundamentos morais dos princípios que sustento, da própria ética cristã que os formou, sem necessidade de outras razões.
Desejo ainda notar a circunstância feliz do meu Herdeiro ter nascido nas primeiras horas de paz no Ocidente e da vitória da nossa aliada, a Grã-Bretanha, a quem nos prende, e ao seu Rei, uma amizade muitas vezes secular, sem esquecer outras nações a nós ligadas pelo sangue, pelo espírito e pela afinidade de interesses europeus ou universais.
E podeis acreditar que, em meu Filho, continuará a dedicação com que vos acompanho, pensando só no bem de todos vós e na grandeza da Pátria.
Duque de Bragança.
( D. Duarte Nuno de Bragança)

(In Dom Duarte Nuno de Bragança — Um Rei que não Reinou. Testemunhos sobre a vida e a obra de Dom Duarte II Chefe da Casa Real de Bragança, Lisboa, 1992, pp. 233-234)





domingo, 11 de dezembro de 2016

PEREGINAÇÃO DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA AO SANTUÁRIO DE VILA VIÇOSA





NO DIA 8 DE DEZEMBRO PASSADO CELEBROU-SE O DIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE VILA VIÇOSA

Imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Vila Viçosa,
Padroeira de Portugal 
A 8 de Dezembro, a igreja Católica comemora a Festa da Imaculada Conceição, definida como uma festa universal em 28 de Fevereiro de 1476 pelo Papa Sisto IV (1414-1484).
De acordo com o dogma católico, a Imaculada Conceição é a concepção da Virgem Maria sem mancha ("mácula" em latim) do pecado original. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi protegida por Deus, da falta de graça santificante que atormenta a humanidade, porque ela estava cheia de graça divina. Proclama igualmente que a Virgem Maria viveu uma vida isenta de pecado. 
A Imaculada Conceição foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX (1792-1878) na sua bula “Ineffabilis Deus” em 8 de Dezembro de 1854. A encarnação de Jesus no ventre da Virgem Maria exigia que ela estivesse completamente livre de pecado para poder gerar seu Filho. A Igreja Católica considera que o dogma é apoiado pelos textos bíblicos [Gênesis (3:15), Cântico dos Cânticos (4:7), (Êxodo 25:10-11), (Jó 14:4), (Deuteronómio 10:3) e (Apocalipse 11:19)], bem como escritos de Padres da Igreja, como Irineu de Lyon (c. 130-202) e Ambrósio de Milão (340-397). 
A imagem de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, em pedra de ançã, encontra-se no altar-mor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, estando tradicionalmente coberta por ricas vestimentas, muitas delas oferecidas por Rainhas e damas da Casa Real Portuguesa. Segundo a tradição, a imagem da padroeira terá sido oferecida pelo Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431), que a terá adquirido em Inglaterra.
O Santuário fica situado dentro dos muros medievais do Castelo da Vila, exactamente no local onde outrora se erguia a ermida gótica consagrada a Nossa Senhora do Castelo, fundada por D. Nuno Álvares Pereira. Em finais do século XIV, D. Nuno Álvares Pereira fez consagrar esta igreja a Nossa Senhora da Conceição, sendo o primeiro templo em toda a Península Ibérica a Ela consagrado e antecedendo em quase 500 anos a definição do dogma da Imaculada Conceição. O actual Santuário resulta da reforma levada a cabo em 1569, no reinado de D. Sebastião. 
.  Em finais do séc. XIV, a Guerra da Independência contra Castela (1383-1385) enraizou nos portugueses a veneração a Nossa Senhora da Conceição, a qual viria a ser aprofundada no decurso da Guerra da Restauração (1640-1668).
Por provisão régia de D. João IV (1604-1656), de 25 de Março de 1646, referendada em Cortes Gerais, Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, foi Proclamada Padroeira de Portugal e a partir de então nunca mais os monarcas portuguesas da Dinastia de Bragança voltaram a usar a coroa real na cabeça, uma vez que D. João IV depositou a sua coroa os pés da imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Vila Viçosa.
Em 6 de Fevereiro de 1818, o Rei D. João VI (1767-1826) agradece à Padroeira a resistência nacional às invasões francesas e concede nova benesse ao Santuário, erigindo-o cabeça da nova Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
No Santuário de Vila Viçosa estão sediadas as Confrarias de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, fundada por D. Nuno Álvares Pereira e a Confraria dos Escravos de Nossa Senhora da Conceição.
No dia 8 de Dezembro de cada ano, dia da solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal, decorre uma grande peregrinação anual ao Santuário de Vila Viçosa.
  


sábado, 10 de dezembro de 2016

IMPRENSA. ANIVERSÁRIO DE S.A.R., A SENHORA DONA ISABEL


No dia 22, Dona Isabel de Bragança completou 50 anos. A mulher de Dom. Duarte Pio de Bragança não quis assinalar esta emblemática ocasião com nenhum programa especial. Bem pelo contrário, Don Isabel preferiu assistir à missa das 19h00 na Igreja da Encarnação, no Chiado, celebrada pelo padre João Seabra, na companhia dos filhos, Afonso, de 20 anos, Maria Francisca, de 19, e Dinis, de 17, fruto do casamento de 21 anos com o pretendente ao trono de Portugal.
Em seguida, e em família, seguiu-se um simples jantar.
“É assim que gosto de celebrar, agradecendo o dom da vida e todos juntos. Ter uma família unida é o maior presente que posso ter. Pedi a Deus saúde e discernimento para tomar boas decisões na nossa vida”, revelou a aniversariante.
Por seu lado, D. Duarte de Bragança revelou à Lux que os filhos prepararam algumas pequenas lembranças. Uma delas bem curiosa e original.
“A Maria Francisca [que se ausentou no momento da foto para a Lux] ofereceu-lhe uma cabra-anã, que como era impossível ficar no apartamento, teve de ir para a nossa quinta, em Sintra”, contou, divertido.
Revista Lux

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

IMPRENSA: JANTAR DOS CONJURADOS


Revista Caras de 8 de Novembro de 2016https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOQKrIZXzmLS6g3yRm4lghIt3On3c4TQMeR5Tb4foS-dVwHGvcN50PR_oVlb7Aq4tz46ev5__9m0maAAXTivID7KMenAEEBMQdspF5yWcHLEDBClCegt1m5l2Q7oE03SCQGKY4zmvNRR0/s1600/revista+flash1.bmp

Para ampliar, clique   AQUI
Revista Caras de 10-12-2016

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Para ampliar, clique AQUI
Revista "flash" de 08-12-2016


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

JOVENS MONÁRQUICOS DEFENDEM RREGRESSO DO REI JUSTO E DEMOCRÁTICO


Jovens Monárquicos defendem regresso do Rei Justo e democrático - Reportagem transmitida na TVI no "Jornal da Uma" no dia 29-Nov-2016.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

DIA DA RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL

MENSAGEM DE S.A.R., O SENHOR DOM DUARTE DE BRAGANÇA, DUQUE DE BRAGANÇA NO DIA 1 DE DEZEMBRO DE 2016


Foi com grande alegria que os Portugueses tomaram conhecimento da reposição do feriado do 1º de Dezembro! 
Tenho afirmado que sem a Restauração de 1640 a nossa história ficaria muito pobre, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa não existiria e hoje seríamos apenas uma região do país vizinho, a reclamar a nossa independência.
Nas visitas que a minha Família e eu realizamos por todo o País, convidado pelas autarquias e outras comunidades locais que tão amigavelmente me recebem, e nas minhas deslocações ao estrangeiro, comprovo que os representantes dinásticos das Famílias Reais constituem um factor de identidade, valorizado pelos povos, que no caso português inclui também um sentimento de pertença dos povos que partilharam a nossa História.
Esse facto atribui-nos responsabilidades particulares no sentido de contribuirmos para a coesão nacional.
Essa coesão está ameaçada por factos que tenho procurado alertar e que o tempo tem comprovado.
O aumento progressivo da esperança média de vida exige-nos renovados cuidados de envelhecimento activo de forma a os reformados poderem continuar a sentirem-se úteis e a participar na sociedade. A emigração das novas gerações deve ser atalhada com medidas que façam os jovens sentir-se bem e realizar-se no país que os viu nascer. 
A crise de natalidade é particularmente dramática em Portugal. Dezenas de milhares de crianças são mortas antes de nascer e esta é uma realidade que se verifica em todos os extractos sócio-económicos. Este drama exige-nos uma mudança para que o sentido de família se sobreponha ao egoísmo exacerbado da competição social e a falta de condições económicas seja ultrapassada com valores comunitários.
Se estas mudanças não surgirem a curto prazo, geraremos um gravíssimo decréscimo populacional e desequilíbrios sociais. Não queremos o desaparecimento da vivência familiar na qual se entrecruzam gerações, e em que os idosos e os jovens são apoiados pelos familiares.
Apelo aos jovens para que as facilidades a curto prazo não façam perder de vista o projecto de constituição de família, instituição que garante a felicidade individual e constitui a base de uma sociedade equilibrada.
Alerto também para o crescimento desenfreado do trabalho precário, à medida que surgem novas tecnologias e se deslocalizam serviços e indústrias. O trabalhador precário está cada vez mais isolado, sem identidade laboral, sem memória social e sem o sentido de pertença a uma comunidade.
Acima das preocupações económicas, coloco a consciência ética, social, política e ambiental. Só com esta prioridade poderemos combater a falta de cultura de responsabilidade e compromisso que provoca a corrupção, a ganância e a falta de solidariedade para com os necessitados.
A vontade de enriquecimento rápido a qualquer custo impede a tomada de decisões que teriam um maior sucesso a longo prazo.
Todos nós assistimos ao sobre-endividamento de famílias e empresas que, a par de casos de má gestão no sistema bancário, criaram graves problemas à economia nacional. O sistema jurídico português tem-se mostrado ineficiente em fazer justiça nestes casos.
Apelo ao sentido de responsabilidade de governantes, autarcas e em particular dos detentores do poder económico e a todos os Portugueses, para que respeitem sempre os valores éticos, rejeitando corajosamente qualquer forma de enriquecimento ilícito, em termos morais ou legais.
A importância da abertura de Portugal a todas as culturas e povos faz parte da nossa História. Neste sentido, congratulo-me com a eleição de um português, António Guterres, para secretário-geral da ONU. É uma honra para o nosso país.
Tendo participado em negociações de paz em vários conflitos internacionais, como por exemplo em Timor, na Síria e em países africanos de Língua Portuguesa, continuo disponível para colaborar no que for útil.
 Ao longo da nossa História valorizámos a transmissão de culturas, a integração racial e o intercâmbio económico. A nossa capacidade de adaptação a realidades diferentes oferece-nos vantagens únicas competitivas face às comunidades mais fechadas e resistentes à mudança.
Para aproveitarmos estas capacidades, valorizemos o enorme potencial que representa o nosso espaço de influência, sejam as comunidades portuguesas dispersas pelo mundo, sejam os países lusófonos, sejam aqueles povos com quem mantemos relações seculares.
Necessitamos promover uma profunda renovação da União Europeia, livre das pressões ideológicas e partidárias e dos interesses financeiros dos países mais fortes, e que defenda os valores Europeus do humanismo, da solidariedade e da liberdade.
No mundo ocidental assistimos a crescentes demonstrações contra governantes e regimes que, comprovadamente, cada vez menos servem os sentimentos maioritários dos povos. Verificamos um progressivo afastamento entre governantes e governados e o aparecimento de movimentos radicais que exploram o descontentamento popular.
As migrações em massa de povos suscitam em muitos os receios de profundas alterações nos nossos modos de vida em sociedade.
Felizmente nós, Portugueses, somos reconhecidos em todo o mundo, ao longo da História, por sabermos acolher os outros - diferentes em religião e raça - e integrá-los com a nossa espiritualidade cristã em torno dos grandes valores que unem as comunidades nacionais.

Portugal dá um bom exemplo ao permitir a entrada de refugiados de modo organizado para conseguir uma eficiente integração. No entanto os dramas que levam tantas pessoas a quererem imigrar para a Europa não se resolvem com a nossa hospitalidade. Importa criar condições económicas e de segurança nos seus países de origem, ou nas regiões fronteiriças, a fim de poderem regressar quando a situação se normalizar. 
 Espero que esta sensibilização aos nossos problemas nos dê coragem e nos ajude a desenhar projectos colectivos para os quais cada português se sinta chamado a contribuir com o seu esforço e exemplo pessoal.
Na recente evocação do dia de Cristo Rei, o Santo Padre encerrou com chave de ouro o Ano da Misericórdia, afirmando sobre Jesus Cristo: A sua realeza é paradoxal: o seu trono é a cruz; a sua coroa é de espinhos; não tem um cetro, mas põem-Lhe uma cana na mão; não usa vestidos sumptuosos, mas é privado da própria túnica; não tem anéis brilhantes nos dedos, mas as mãos trespassadas pelos pregos; não possui um tesouro, mas é vendido por trinta moedas."
Tenho bem presente esta lição de humildade do Papa Francisco. Não me move outro propósito senão servir Portugal, sempre ciente que a minha Família e eu representamos nove séculos da História de um Povo.
Para voltar a ser grande, esse Povo só precisa que não lhe cortem a Esperança e a Coroa que une Portugal.

 Viva Portugal!
Dom Duarte, Duque de Bragança

DOM DUARTE PIO - CONTRA O ABORTO


O 1º DE DEZEMBRO DE 2016


1.º de Dezembro de 2016  ( 2012) - Foto de  Graciano Coutinho ( Praça do Comércio anterior Terreiro do Paço, onde se desenrolou sensivelmente neste sítio os conflitos no Paço da Ribeira). in O POVO

A comemoração do 1.º de DEZEMBRO de 2016 ( dia que assinala a(RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL). Destituindo o representante dos "HOBSBUGOS" e proclamando um REI português ( D. JOÃO IV ). Com a preciosa ajuda de cinquenta homens, 40 da Nobreza e os restantes do Clero e Militares. Quanto aos Nobres são também conhecidos por "OS QUARENTA CONJURADOS", por estarem envolvidos quarenta Brasões.
























BANDEIRA DA RESTAURAÇÃO

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

DOM DUARTE ESTÁ PREOCUPADO COM O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

Dom Duarte Pio de Bragança está preocupado com o envelhecimento da população portuguesa, afirmando que estamos próximo de um ponto "muito difícil de reverter".
Esta é uma das principais ideias da mensagem que o descendente do último rei português vai desenvolver esta noite numa mensagem aos monárquicos, na véspera do feriado do 1º de dezembro que comemora a restauração da independência em 1640.
Antes disso Dom Duarte foi entrevistado pela TSF e foi questionado sobre o mandato do presidente Marcelo, depois de há dias a Causa Real ter dito que o Presidente se estava a comportar como um rei.
Dom Duarte tem a mesma opinião, apesar de admitir que é muito difícil a um Presidente livrar-se da "pele" de político de um partido.
O candidato a rei vai no entanto mais longe e diz que, tal como Ramalho Eanes, Marcelo Rebelo de Sousa está a tentar comportar-se como um monarca constitucional pois "os presidentes verdadeiramente inteligentes percebem que os portugueses querem que o Chefe de Estado se comporte como um rei".
Dom Duarte admite mesmo que Marcelo "tem feito um trabalho excelente e tem sido um magnífico Chefe de Estado".




Sobre o futuro de Portugal, Dom Duarte Pio está muito preocupado e fala mesmo numa ameaça à "coesão nacional".
No discurso que irá fazer aos monárquicos, o Duque de Bragança diz que existe uma crescente crise demográfica motivada pelo envelhecimento da população portuguesa que está a ser acompanhado por uma muito baixa taxa de natalidade.
Dom Duarte acrescenta que o país está perto de uma situação "muito difícil de reverter" que obrigará a chamar imigrantes pois "haverá cada vez menos pessoas em idade de trabalho para sustentar os reformados".
Apesar dos sinais que considera negativos sobre o futuro de Portugal, Dom Duarte está bastante satisfeito com o regresso, este ano, do feriado no 1º de Dezembro, que comemora a restauração da independência de Portugal em relação a Espanha. Uma data que segundo o candidato a monarca é a mais importante dos vários feriados civis que existem no país.
Apesar dos sinais que considera negativos sobre o futuro de Portugal, Dom Duarte está bastante satisfeito com o regresso, este ano, do feriado no 1º de Dezembro, que comemora a restauração da independência de Portugal em relação a Espanha. Uma data que segundo o candidato a monarca é a mais importante dos vários feriados civis que existem no país.



COMUNICADO DA CAUSA REAL A PROPÓSITO DA VISITA DOS REIS DE ESPANHA

ACAUSA REAL DÁ AS BOAS VINDAS E EXORTA OS PORTUGUESES A REFLECTIREM  SOBRE A QUESTÃO DO REGIME

A Causa Real, organização que congrega o movimento monárquico em Portugal, cumprimenta calorosamente Suas Majestades os Reis de Espanha que, uma vez mais, visitam a Portugal.

Os Portugueses não se esquecem que a segunda visita oficial feita pelo Rei Filipe VI depois de ser entronizado Rei, foi realizada a Portugal o que mostra bem não só o respeito, a simpatia e afecto que dedica ao nosso País, como a importância que considera terem a cooperação cultural, económica e social entre Portugal e Espanha.

O Programa de visitas a Guimarães, ao Porto e a Lisboa, sublinham de forma inequívoca esse respeito pelo património cultural comum dos dois povos da Península, mas também a vontade de estabelecer uma forte cooperação e entendimento nas áreas económicas e sociais, na cultura, na investigação e no conhecimento.

Estamos certos que depois desta visita, Espanha é o País mais relevante para as nossas exportações e balança comercial, serão reforçados os laços de cooperação com Portugal, e os dois Países saberão projectar no futuro, a forte aliança que a História comum lhes proporcionou.

Num momento em que tantas nações se dividem, tantos populismos e radicalismos se afirmam em todo o mundo, tanta corrupção abala os sistemas políticos, mesmo em democracia, vale a pena reflectir sobre o valor que para Espanha tem tido a Família Real. Como símbolo de coesão nacional e territorial, como referencial simbólico da História, da Cultura e da identidade do povo Espanhol. Como elemento agregador da Nação, como regulador verdadeiramente independente do funcionamento pleno das Instituições democráticas e, finalmente, pela notoriedade que detêm, como grandes “Embaixadores” dos interesses de Espanha no Mundo.

Neste momento também difícil para todos, vimos lembrar aos Portugueses que nunca escolheram se queriam um regime monárquico ou republicano, que Portugal tem um Rei, que se assume como o mesmo referencial de uma História que nos dignifica e que tem demonstrado a sua disponibilidade permanente para servir o nosso País.

Vimos lembrar aos Portugueses que este não será (ainda) o Rei de Portugal, mas continua a ser o Rei dos Portugueses e, nessa interessante qualidade, não deve ser dispensado de colaborar com a “Res Publica” para aprofundar a coesão e identidade nacionais e para enaltecer, em todo o Mundo, o nosso património histórico e cultural, reunindo todos aqueles que na diáspora também fazem Portugal!

Viva Portugal!

António de Sousa Cardoso
Presidente da Comissão Executiva da Causa Real


terça-feira, 29 de novembro de 2016

S.A.R., DONA ISABEL DE BRAGANÇA CELEBRA 50 ANOS COM UMA MISSA E UM JANTAR

Revista Lux de 28-11-2016

ENTREVISTA DE VIDA A DOM DUARTE- REVISTA SÁBADO


Celebrar o nosso 12.º aniversário. Esta entrevista ao herdeiro da coroa portuguesa D. Duarte Pio foi publicada originalmente na edição n.º134 da SÁBADO, de 23 de Novembro de 2006:

Impecável no seu fato azul-escuro, D. Duarte parece um mestre de cerimónias. Nunca perde a pose, nem as referências ao Colégio Militar. O alfinete da escola está preso à lapela do casaco, mas lembra-lhe a rebeldia: foi lá que fez uma greve de fome e que conheceu a primeira namorada num baile. O lado menos formal do herdeiro da coroa nota-se mais à hora do almoço, quando toma um batido de leite da Bulgária, come castanhas e fuma uns cigarros da Indonésia com travo a cravinho. Pequenos requintes do pretendente ao trono que, aos 61 anos, lança uma biografia – Dom Duarte e a Democracia (da Bertrand Editora), escrita por Mendo Castro Henriques. Na sala do seu palacete em Sintra fala da infância, dos amores e das conspirações políticas. Com muito sentido de humor e alguma nostalgia.


Porquê uma biografia aos 61 anos?
Porque dei contributos para o País que ninguém conhece. Como a primeira campanha por Timor, em 1987, organizada por mim e por Artur Albarran. Também falo das minhas causas: da agricultura, da educação, da ajuda aos países lusófonos.
Apesar de extensa, a biografia fala pouco da sua vida privada. Onde nasceu? 
Nasci na Suíça e fui baptizado lá.

O seu padrinho de baptismo foi o Papa Pio XII.
Era amigo do meu pai e é por isso que tenho Pio no meu nome. Ele não foi ao baptismo, foi alguém em sua representação, mas ainda cheguei a visitá-lo no Vaticano.
E porque é que se chama Duarte? 
Houve uma grande discussão em Portugal sobre qual seria o meu nome: uns queriam Miguel, em homenagem a D. Miguel, outros propunham Carlos, ou Pedro. Para desempatar, o meu pai pôs o seu nome. Mas nunca achei prático o filho ter o nome do pai. 

 Apesar de extensa, a biografia fala pouco da sua vida privada. Onde nasceu? 
Nasci na Suíça e fui baptizado lá.

O seu padrinho de baptismo foi o Papa Pio XII.
Era amigo do meu pai e é por isso que tenho Pio no meu nome. Ele não foi ao baptismo, foi alguém em sua representação, mas ainda cheguei a visitá-lo no Vaticano.
E porque é que se chama Duarte?
Houve uma grande discussão em Portugal sobre qual seria o meu nome: uns queriam Miguel, em homenagem a D. Miguel, outros propunham Carlos, ou Pedro. Para desempatar, o meu pai pôs o seu nome. Mas nunca achei prático o filho ter o nome do pai.

Onde viveram durante o exílio na Suíça? 
À beira do lago Thun, num chalé alugado. Um dia zanguei-me com os meus pais e fugi de casa. Tinha cinco anos e fui encontrado por um carteiro, que me levou de volta. Durante o trajecto, acompanhei-o na distribuição das cartas e fiquei amigo dos filhos dele, com quem ainda tenho contacto. 
O que faziam os seus pais? 
O pai era consultor agrícola, fazia pareceres sobre campos. A mãe tratava dos assuntos da casa e montava a cavalo. 
Tratava os seus pais por tu ou por você? 
Por pai e mãe. E eles tratavam-me por tu. 
Aprendeu línguas estrangeiras na Suíça? 
Os meus pais queriam que se falasse sempre português em casa, achavam que mais tarde podia aprender línguas estrangeiras. 

Tinham empregados? 
Tínhamos uma cozinheira. 
Como conseguiam subsistir? 
A minha mãe tinha alguns rendimentos do Brasil, que vinham da Companhia Imobiliária de Petrópolis, criada pelo meu bisavô, D. Pedro II, e que detém todos os terrenos da cidade. Cada vez que se vendia uma propriedade, pagavam-nos um por cento. 
Como era a relação com os seus pais? 
Não era nada de cerimónias. Eles tinham um espírito muito moderno para a época. 
Deram-lhe educação sexual? 
Explicaram-me o assunto de maneira muito natural: mostraram-me um boi e uma vaca a copular e achei aquilo um bocado nojento. Até aos seis anos, pensava que as crianças nasciam como cogumelos, não sei porquê. Talvez fosse romântico.
Quando voltou para Portugal? 

Aos 7 anos, quando o exílio terminou por decisão do Parlamento. 


Foram viver para onde? 

Para uma casa emprestada pela dona Maria Borges [amiga de família], na Quinta da Bela Vista, em Gaia. Vivemos lá uns anos e depois fomos para uma casa que a fundação da Casa de Bragança disponibilizou em São Marcos, Coimbra. 
Foi educado para não esbanjar? 

Os meus pais ensinaram-me que era pecado desperdiçar dinheiro. O pai dizia que tínhamos de fazer a cama, porque quando Cristo ressuscitou dobrou os lençóis do túmulo. 
Fazia a cama todos os dias? 

Sim. 


E continua a fazê-la?

Quando tenho tempo 

 
Nas casas por onde passou não havia luz eléctrica. 
Cresci em quintas onde só havia candeeiros a petróleo e velas. Na minha casa em Sintra muitas vezes a luz vai abaixo com as trovoadas. E ainda me sirvo  dos candeeiros antigos.

Como se dá com os seus irmãos? 
De igual para igual. Acho que não sou, nem nunca fui, mandão. 
Fazia amigos com facilidade? 
Sim. Lembro-me que tive um furo no pneu da bicicleta e fui pedir ajuda a um acampamento de ciganos. Eles consertaram o pneu e depois convidei-os para a minha festa de anos. Mantive essa amizade muito tempo. 
Como é que o tratavam, por você ou por dom Duarte? 
Tratavam-me por tu. E eu também. Em criança nunca tratei ninguém por você. Mas não me passava pela cabeça tratar um professor por tu, como se faz agora em muitas escolas. 
Antes da escola, teve lições particulares. 
Dois anos, com um professor [Aprígio Rocha] que os meus pais arranjaram para nos preparar para a primária e para o liceu. Como vim da Suíça, não fui à escola desde o começo e tive um ensino mais acelerado. 
Depois foi para o colégio Nuno Álvares, em Santo Tirso. Foi difícil a adaptação? 
Não, havia grupos de alunos simpáticos. Fazíamos um retiro antes da semana santa. De vez em quando ainda faço retiros em Fátima.
 A seguir foi para o Colégio Militar, também interno. 

Diverti-me bastante. Embora se respeitassem os professores, fazia-se troça deles nas costas. 

Também participou numa greve de fome, em solidariedade com um aluno castigado por copiar num exame. 

Quase todos os alunos foram expulsos por fazer greve de fome. Mas a direcção teve de nos readmitir e retirar o castigo ao colega. 


Passou fome ou fez batota? 

Fazia-se contrabando. Os que não faziam greve levavam-nos a comida. 
Era certinho ou rebelde? 

Cheguei a fugir do colégio. Para o fazer tinha de pedir autorização ao graduado, um aluno mais velho que tomava conta de nós. Nessas fugas ia para uma tasquinha ali perto, chamada Os Amigos de Carnide. Nunca me apanharam. 
Durante as fugas, excedeu-se no álcool?

Tinha bastante cuidado, porque os graduados controlavam-nos. 
E a primeira namorada? 

[Risos] Já estava no Colégio. Conhecíamos as raparigas nos bailes e elas vinham, sobretudo, de Odivelas. Uma lenda diz que havia um túnel que ligava o colégio de Odivelas ao Militar. 


Como era a sua relação com Salazar? 
Visitei-o duas vezes, uma antes de ir para África, como tenente da Força Aérea. Falámos sobre os problemas do Ultramar. Tinha 20 anos e expliquei-lhe a tese da transição suave, que era um esquema de autonomia alargada.
A tese que defendeu quando o País era governado por Marcello Caetano? 
Sim. Quando estava em Angola, o director geral da Segurança [responsável pela PIDE-DGS] disse-me que tinha ordens do governo para me expulsar, mas desconhecia os motivos. Entretanto, o meu pai escreveu a Marcello Caetano, que me convidou para ir falar com ele. Disse-me que era lamentável a forma como eu tinha sido expulso e pensei que fosse um equívoco. Julguei que podia continuar com o projecto de eleições em Angola mas aí ele exaltou-se – respondeu-me que era uma coisa inadmissível. 
Que projecto era esse? 
Uma lista de candidatos às eleições para o Parlamento angolano, em 1972. E podia ganhar porque tinha imensos apoios. 
Nessa altura, estava na Força Aérea e Marcello Caetano alegou que se continuasse em Angola corria riscos de vida. Foi assim? 
Foi a desculpa que arranjaram. Tanto o MPLA como a UNITA, cujos elementos conheci em visitas a aldeias, concordavam com a minha tese: Angola não estava preparada para a independência de qualquer maneira. Mas quando o governo de Lisboa caiu nas mãos de quem nós sabemos, houve uma forte influência da União Soviética. 
Com que base faz essa afirmação? 
Tenho amigos russos que me apresentaram a antigos funcionários do KGB – alguns deles são monárquicos ferrenhos na Rússia. Na descolonização, os oficiais superiores das Forças Armadas entregaram o poder aos grupos políticos que a União Soviética patrocinava. No dia em que se abrir os arquivos do KGB vai haver surpresas sobre a verdadeira motivação do 25 de Abril: foi a União Soviética que encorajou a revolução. Certos elementos das Forças Armadas trabalhavam com a União Soviética.
Onde estava no 25 de Abril? 
No Vietname do Sul, a convite do governo. Foi um ministro vietnamita que me telefonou a dar a notícia, eu não sabia de nada. 
No pós 25 de Abril, onde vivia? 
Aluguei uma casa em Lisboa, perto da Avenida D. Afonso III.
Temia retaliações dos revolucionários? 
Não. Como sabia que o Copcon (Comando Operacional do Continente) ia buscar pessoas de forma arbitrária, fui dormir a casa de amigos durante uns tempos. Mas de dia estava em casa, porque as detenções eram à noite. Foi aí que prenderam o meu contabilista, a pensar que era eu. 
Alguma vez votou? 
Votei sempre nas eleições municipais e nos referendos. Não voto é nas eleições para o Parlamento, não quero tomar posições partidárias, nem nas presidenciais. Mas antes do 25 de Abril até fiz parte de uma mesa eleitoral, quando concorreu à lista independente monárquica.
Em 1976 fez o negócio da sua vida: comprou a casa de Sintra por 17.500 euros à família D’Orey. 
Comprei por um pouco mais, mas foi um preço baixo. Quando andava a tratar dos papéis fui à câmara de Sintra e havia um funcionário com a cara de Estaline. Disse-lhe: "Comprei esta casa graças aos comunistas." Ele respondeu-me que afinal eles serviam para alguma coisa.



Como encontrou a casa? 
Um pouco degradada. Tive de arranjar o telhado e as janelas. Depois, uns amigos caiaram-na como prenda de casamento. 
Fez dois pedidos de casamento a D. Isabel, não foi? 
O primeiro foi na catedral de Santiago de Compostela. Ela ficou de pensar. Como nunca mais dizia nada, achei que não queria. Passou quase um ano até fazer novo pedido. A Isabel foi passar férias ao Brasil e fiquei preocupado com a concorrência brasileira. Então, fui ter com ela a Ilhabela, na costa paulista. Estávamos num barquinho a remos e eu disse-lhe: "Tens de me dar uma resposta já ou atiro-te à água." Ela achava que nunca mais ia fazer outra vez o pedido. 
Não, a Isabel desconhecia as minhas intenções. Éramos amigos há tantos anos que percebi que havia coisas mais interessantes do que a amizade. E organizei a viagem a Santiago para pedi-la em casamento.
 Sentia alguma pressão social para casar? 
Existia há tanto tempo que já não ligava. 
Teve muitas namoradas? 
Algumas, sobretudo a partir dos 30 anos. Entusiasmei-me, mas as relações não corriam bem porque inconscientemente comparava-as com a Isabel, que conhecia desde os 7 anos.
 Sente que algumas mulheres se aproximaram de si por ser o herdeiro? 
Por uma questão de orgulho próprio, jamais pus essa hipótese.



 Felipe de Espanha também se casou tarde. 
Uma vez a rainha Sofia de Espanha ralhou comigo, porque estava a dar um mau exemplo ao Felipe. Disse-me: "Quando eu me queixo que o Felipe não se casa ele responde: ‘Mas veja o Duarte que se casou tão tarde e já tem três filhos. Não se preocupe.’" 
A biografia diz que se atrasou no casamento. 
Fui pontualíssimo. Vinha de um colégio dos Jerónimos com uma escolta de cavalos. Quando me sentei com o meu irmão Miguel, colocámos o cinto de segurança e filmaram esse momento. Depois a Prevenção Rodoviária pediu para usar esse filme: queria mostrar que até a 20 quilómetros, e com escolta, se devia usar cinto de segurança. 
Venderam-se convites falsos, não foi? 
Houve pessoas que não puderam ir e as secretárias venderam os convites a um preço muito alto. Alguém me admitiu que tinha comprado o convite por 2.500 euros. Depois houve um sujeito que enviou convites falsos para várias pessoas, por brincadeira. Algumas agradeceram e aí foram avisadas que não tinham sido convidadas. Mas houve uma figura pública que entrou assim, sem saber. 
Quantos penetras foram ao casamento? 
Sete ou oito. 

E convidados? 
Três mil. Achava que podia convidar presidentes de países distantes como a Índia, ou a Papua-Nova Guiné, porque eles não viriam. Afinal, vieram todos.

 O seu filho mais novo, Dinis, herda a roupa do mais velho, o Afonso? 

Sim. Temos de mentalizar os miúdos para a poupança. 

Nem no Natal perde a cabeça? 
Compro-lhes coisas interessantes e que eles gostam, como jogos educativos. Mas poucas. Se querem algo que não vale a pena, têm de ganhar para isso. O Afonso, de 10 anos, toma conta de crianças de amigos. 

O Afonso já tem pretendentes? 
As meninas perguntam muito por ele. Uma vez, encontrei uma menina alentejana vestida de branco, com uma coroa de flores na cabeça e perguntei-lhe se era uma fada. Sabe o que me respondeu? "Não, sou a noiva do Afonsinho." Outra vez, para impressionar as colegas, o Afonso deu um beijinho numa salamandra e ficou com urticária. 

Será como os outros Bragança que só se casaram aos 50? 
Não, com o seu charme vai arranjar alguém mais cedo. Deve casar-se com uma pessoa de boa formação moral e intelectual, de forma a sacrificar a sua vida pessoal pelo País. 

Já está a preparar o Afonso para a sucessão? 
Procuro não criar um peso, mas é óbvio que já percebeu a sua missão. 

Já disse que não se importava nada que o Dinis casasse com a Infanta Leonor de Espanha. 
Se isso acontecer, terei muito gosto. Nunca falei disso com os príncipes nem faço planos. Mas é complicado, se a Infanta for herdeira da coroa espanhola põe-se o problema da união ibérica. 

Os seus filhos também acreditam que os bebés nascem como cogumelos? 
Não. Desde pequeninos que perceberam que os irmãos estavam na barriga da mãe. 

Na biografia, revela que só cortou o bigode uma vez por causa de uma aposta com uma prima. 
Foi em 1989, quando atravessei a Amazónia. A dada altura não sabíamos a hora e fizemos uma aposta sobre isso, que perdi. Hoje mantenho o bigode porque a minha mulher gosta. Deixei-o crescer aos 22 anos, em homenagem a D. Pedro II do Brasil. Em 1974 os revolucionários tinham barba e eu também. Mas como não queria ser confundido com eles, cortei-a e só deixei o bigode. 


Tem cuidado com o físico? 

Às vezes vou ao ginásio e faço bicicleta em casa. Também corto lenha na quinta. 

Nunca teve um problema de saúde? 
Só sinusite, que costumo ir tratar às Caldas de Felgueiras. Acho que vão ter de me aturar até aos 90 anos, pelo menos.
Gostava de ter uma morte súbita. 


Foi o que aconteceu à sua mãe. 
Ela morreu com um derrame cerebral. Eu tinha 22 anos e acabava de entrar na Força Aérea, em Tancos. Pedi ao comandante para sair mas não tive coragem de dizer o motivo. Só disse que ela estava doente. 

E o seu pai? 
Foi com brucelose. A 24 de Dezembro de 1976 estava num espectáculo do Jamor a assistir a uma dança de timorenses com espadas. De repente, uma delas partiu-se e o espectáculo parou. Explicaram-me que quando uma espada se parte, um rei morre. O meu pai morreu naquele momento. 

Como se relaciona com os conselheiros? 
Há dois níveis de pessoas que me apoiam: um grupo de cinco assessores com quem me reúno regularmente, que trata da minha agenda e que faz sugestões sobre os meus discursos – embora seja eu que os escreva. E há 10 a 15 pessoas do conselho privado, que avaliam a situação do País e debatem o tipo de intervenções que devo fazer. Nenhuma delas é remunerada. 

Das famílias reais europeias, com quem se dá melhor? 
Com os grão-duques de Luxemburgo, meus primos, os reis da Bélgica e a família do Liechstenstein. Tenho óptimas relações com a família real espanhola, com a da Inglaterra e a da Dinamarca. 

Conspiram muito contra si? 
Algumas pessoas traíram-me com atitudes agressivas, como o [fadista ] Nuno da Câmara Pereira. Quando era solteiro, houve um grupo de radicais que não gostava da minha posição política como chefe da Casa Real e quis encontrar substitutos. Serviram-se do facto de eu não ter filhos e indicaram o nome do meu primo [Francisco Van Uden]. Felizmente, ele nunca apoiou essas fantasias. 

Onde é que está a coroa? 
Vergonhosamente escondida nos cofres do Banco de Portugal. O Estado não mostra as jóias da coroa aos portugueses e sem justificação manda-as para um museu de uma cidadezinha holandesa para serem roubadas. Agora que recebeu o dinheiro do seguro, quer gastá-lo no Orçamento em vez de fazer reproduções das peças roubadas.
  27 Novembro 2016 • Raquel Lito