Retrato da Rainha Dona Amélia pintado por Veloso Salgado para o IBCP, 1901. (Foto: A. M. Pascoal, Cortesia IBCP)
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O renomeado pintor Veloso Salgado criou para o Instituto Bacteriológico de Lisboa (desde 1902 Real Instituto Bacteriológico Câmara Pestana) uma pintura de enormes dimensões, retratando a Rainha Dona Amélia (1865-1951), patrocinadora do Instituto que, desde 1896, pugnou pela sua acomodação condigna e contribuiu com o fornecimento de diversos animais para a experimentação. O quadro encontra-se assinado e datado no canto inferior direito: ‘J. V. Salgado 1901’.
A pintura data de 1901, numa altura em que o pintor acumulava o cargo de professor na Escola de Belas Artes de Lisboa e, entre muitas outras encomendas, a decoração do Palácio da Bolsa do Porto, bem como se assinala com o presente quadro a retoma da tradição dos retratos régios. Se Veloso Salgado já executara um retrato equestre de Dona Amélia em 1896, é porém o quadro do IBCP que expressa condignamente esse espírito convencional característico de aparatosos retratos de corte, também retomado no retrato que fez de Dom Carlos de Bragança, em 1903.
Inserido numa sumptuosamente trabalhada moldura dourada com as insígnias do poder real no topo, o retrato apresenta Dona Amélia de pé, num interior palaciano dominado por pesadas cortinas drapejadas, luxuosamente trajada. A rainha enverga um cuidadosamente reproduzido vestido de brocado amarelo e branco, uma capa em tons turquesa e dourado e na cabeça uma tiara com plumas. Apoiada numa opulenta cadeira trabalhada, segura um par de luvas e um leque. Presume-se que a pintura tenha sido formalmente influenciada num dos retratos fotográficos oficiais de Dona Amélia, que circulavam à época. Trata-se de um retrato imponente e de cuidado virtuosismo, à imagem do gosto vigente entre a burguesia monárquica de então, em homenagem a esta figura empenhada no sucesso do IBCP.
Retrato de Dona Amélia
Retrato de Dona Amélia
2 comentários:
Era linda, a Rainha. Uma verdadeira Senhora nascida para reinar. Era boa e, ajudava os mais desfavorecidos. Foi grande impulsionadora dos lactários, dos sanatórios. Deus a tenha onde merece estar, pois foi muito infeliz. Perder o marido e o filho, cobardemente assassinados na mesma altura, deve ter-lhe amargurado a vida. Sempre gostei dela.
Volto a dizer que, sou republicana mas, a costela monárquica que herdei do meu avô paterno, leva-me a ver sem véus, o que de bom a monarquia tinha.
Gosto do Sr D. Duarte. É uma figura simpática.
Tenho um filho monárquico, que não larga o emblema da causa monárquica.
Maria
O Veloso Salgado acabou por se bandear para o outro lado, aliás como Columbano fez (devemos-lhe a readaptação da coisa da carbonária que hoje ondula nos mastros...). Carlos Reis, esse, manteve-se fiel à legitimidade e decência.
Quanto ao retrato, é jeitoso mas já vi melhor, a começar por aquele que está no Museu dos Coches.
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