Perguntava-me há dias um amigo a razão do à-vontade que eu e o meu irmão Nuno temos com o Chefe da Casa Real, o Senhor Dom Duarte, sempre que o encontramos em actos públicos. Para além da antiguidade da relação - eu e o Nuno somos militantes da causa da Restauração há mais de trinta anos; logo conhecemos Sua Alteza Real desde os nossos 17 anos - o facto é muito simples: o Senhor Dom Duarte põe as pessoas à-vontade, não as constrange, não as repele, é um homem de trato chão, ouve, gosta de trocar impressões e aceita o contraditório. É, em tudo, diferente desses grandes senhores - desses peralvilhos inchados, desdenhosos e nulos, senhores de coisa-alguma e de muitas afectações - que transformaram a sociedade portuguesa numa barrica de manias, invejas, remoques e desvairadas ambições. É um prazer estar com o Senhor Dom Duarte, pois, ao contrário das malévolas, baixas e injustas insinuações, é Homem que gosta de ler, tem biblioteca, visita museus e exposições, viaja e tem uma sede permanente de conhecimento e informação sobre o país e o mundo.
Compare-se o nosso Chefe da Casa Real com a longa galeria de senhores presidentes e de todos os senhores candidatos a presidentes. Há um abismo de dignidade, de educação e maneiras, de patriotismo e de serviço e dever a separá-los. O Chefe da Casa Real não faz negócios, não mexe em dinheiro, não arranja empregos nem os pede, não faz lóbi, não anda em partidos e curibecas; em suma, não vive "disto". A simpatia que o rodeia em todas as ocasiões - nas festas populares, nos eventos culturais, nas feiras que visita, nos congressos que se honram com a sua presença - é o que parece: Sua Alteza Real transformou-se, paulatinamente, num amigo natural e sem artifício de tudo o que é português, de tudo o que tem a ver com o interesse português, de tudo o que eleva a nossa consciência colectiva.
Não, eu não sou "amigo" do Senhor Dom Duarte. Ninguém é "amigo" do Chefe da Casa Real, como os Reis não têm "amigos". Os monárquicos não são "amigos" daquele que representa o país, o seu passado e o seu futuro. Devem servi-lo, como quem serve a Pátria. Os senhores presidentes, esses sim, têm amigos e inimigos, protegidos e adversários. Quando é que os traumatizados sociais e os ambiciosozinhos metem isso naquelas cabeças tontas?
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