quarta-feira, 28 de abril de 2010

INAUGURADO O MONUMENTO AOS RESTAURADORES
Situado no extremo sul da Avenida da Liberdade, em Lisboa, o monumento aos Restauradores foi inaugurado há 124 anos, numa quarta-feira - como hoje - e com uma festa a que acorreram milhares de pessoas. O acontecimento, a que assistiu o Rei Dom Luís I, "O Bom", bem como de "todas as autoridades eclesiásticas, civis e militares" da altura - como conta o "Diário de Notícias" (DN) da data -, foi bastante discutido na imprensa e levou, até, a que se questionasse a legitimidade de Portugal para erigir um monumento que celebra a expulsão dos espanhóis. Diz o DN que o monumento "não tem, nem pode ter, uma significação ofensiva para ninguém", sendo "apenas uma afirmação da nossa independência e da nossa autonomia, que veio de factos históricos", que qualquer nação pode "comemorar, sem ofensa das relações amigáveis". E o jornal garante ainda que ninguém que tenha participado na construção o fez com "ideia de malquerenças, de ódios, de inimizades". A ideia de construção do monumento já tinha surgido 25 anos antes, em 1861, com a criação da Comissão Central 1º de Dezembro. O projecto não vingou logo. Apenas dez anos depois ganhou forma, a partir de uma subscrição feita entre emigrantes portugueses no Rio de Janeiro. A primeira pedra foi lançada em 1875 e, 11 anos depois, o monumento era inaugurado. O Governo português e a Câmara de Lisboa ajudaram na construção, mas a iniciativa partiu de um grupo de cidadãos - todos portugueses, como sublinha, aliás, a imprensa da época. O trabalho escultórico é da autoria de António Tomás da Fonseca, Sérgio Augusto de Barros concebeu o grupo arquitectónico.A demora na construção do monumento foi objecto de crítica, visível em quase todas as publicações. Basta atentar no modo como começa a notícia do próprio DN de 28 de Abril de 1886: "É hoje finalmente inaugurado...". Na revista "Occidente", o jornalista Gervásio Lobato ironizava, escrevendo que "a descoberta da América levou muito menos tempo, e teve muito menos embaraços". 124 anos depois da inauguração do monumento, encontrámo-lo no meio de uma praça com quatro faixas de cada lado, ali entre a Loja do Cidadão e os Correios. A praça é enorme e tem dois bancos de pedra, no lado norte e no lado sul, a uma distância considerável do obelisco, quase que convidando a contemplá-lo. Num final de tarde de sexta-feira, a única pessoa ali sentada, está de costas para ele. Germano Aguiar, reformado, confessa que foi ali parar "por acaso". Foi, a um lado da praça, à Loja do Cidadão e a outro "pôr o Euromilhões". Acabou ali sentado "a fazer tempo". Sobre os Restauradores da Pátria, Aguiar não tem muito a dizer. Explica que não é de apreciar monumentos, apesar de notar que "hoje já não se fazem". E acrescenta: "Estou contente com a independência, mas... Agora, se calhar, o melhor era estarmos juntos com alguém". O monumento é composto por um obelisco, onde estão assinaladas algumas datas mais gloriosas da história portuguesa. Na base, do lado norte, está a estátua "Vitória", da autoria de Simões de Almeida, e, no lado sul, onde estava sentado o senhor Germano, está "O génio da Independência", com assinatura de Alberto Nunes. As outras faces estão ornadas com troféus de armas.
Teresa Abecassis
Fonte: http://www.rr.pt/

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2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Como isto anda, um dia destes ainda inventam uma qualquer "razão ponderosa" para o retirar do local, colocando-o escondido, num subúrbio qualquer.

Maria Menezes disse...

Ou então não me admira nada que o transformem num belo recinto de patinagem...