INAUGURADO O MONUMENTO AOS RESTAURADORES
Situado no extremo sul da Avenida da Liberdade, em Lisboa, o monumento aos Restauradores foi inaugurado há 124 anos, numa quarta-feira - como hoje - e com uma festa a que acorreram milhares de pessoas. O acontecimento, a que assistiu o Rei Dom Luís I, "O Bom", bem como de "todas as autoridades eclesiásticas, civis e militares" da altura - como conta o "Diário de Notícias" (DN) da data -, foi bastante discutido na imprensa e levou, até, a que se questionasse a legitimidade de Portugal para erigir um monumento que celebra a expulsão dos espanhóis. Diz o DN que o monumento "não tem, nem pode ter, uma significação ofensiva para ninguém", sendo "apenas uma afirmação da nossa independência e da nossa autonomia, que veio de factos históricos", que qualquer nação pode "comemorar, sem ofensa das relações amigáveis". E o jornal garante ainda que ninguém que tenha participado na construção o fez com "ideia de malquerenças, de ódios, de inimizades". A ideia de construção do monumento já tinha surgido 25 anos antes, em 1861, com a criação da Comissão Central 1º de Dezembro. O projecto não vingou logo. Apenas dez anos depois ganhou forma, a partir de uma subscrição feita entre emigrantes portugueses no Rio de Janeiro. A primeira pedra foi lançada em 1875 e, 11 anos depois, o monumento era inaugurado. O Governo português e a Câmara de Lisboa ajudaram na construção, mas a iniciativa partiu de um grupo de cidadãos - todos portugueses, como sublinha, aliás, a imprensa da época. O trabalho escultórico é da autoria de António Tomás da Fonseca, Sérgio Augusto de Barros concebeu o grupo arquitectónico.A demora na construção do monumento foi objecto de crítica, visível em quase todas as publicações. Basta atentar no modo como começa a notícia do próprio DN de 28 de Abril de 1886: "É hoje finalmente inaugurado...". Na revista "Occidente", o jornalista Gervásio Lobato ironizava, escrevendo que "a descoberta da América levou muito menos tempo, e teve muito menos embaraços". 124 anos depois da inauguração do monumento, encontrámo-lo no meio de uma praça com quatro faixas de cada lado, ali entre a Loja do Cidadão e os Correios. A praça é enorme e tem dois bancos de pedra, no lado norte e no lado sul, a uma distância considerável do obelisco, quase que convidando a contemplá-lo. Num final de tarde de sexta-feira, a única pessoa ali sentada, está de costas para ele. Germano Aguiar, reformado, confessa que foi ali parar "por acaso". Foi, a um lado da praça, à Loja do Cidadão e a outro "pôr o Euromilhões". Acabou ali sentado "a fazer tempo". Sobre os Restauradores da Pátria, Aguiar não tem muito a dizer. Explica que não é de apreciar monumentos, apesar de notar que "hoje já não se fazem". E acrescenta: "Estou contente com a independência, mas... Agora, se calhar, o melhor era estarmos juntos com alguém". O monumento é composto por um obelisco, onde estão assinaladas algumas datas mais gloriosas da história portuguesa. Na base, do lado norte, está a estátua "Vitória", da autoria de Simões de Almeida, e, no lado sul, onde estava sentado o senhor Germano, está "O génio da Independência", com assinatura de Alberto Nunes. As outras faces estão ornadas com troféus de armas.
Situado no extremo sul da Avenida da Liberdade, em Lisboa, o monumento aos Restauradores foi inaugurado há 124 anos, numa quarta-feira - como hoje - e com uma festa a que acorreram milhares de pessoas. O acontecimento, a que assistiu o Rei Dom Luís I, "O Bom", bem como de "todas as autoridades eclesiásticas, civis e militares" da altura - como conta o "Diário de Notícias" (DN) da data -, foi bastante discutido na imprensa e levou, até, a que se questionasse a legitimidade de Portugal para erigir um monumento que celebra a expulsão dos espanhóis. Diz o DN que o monumento "não tem, nem pode ter, uma significação ofensiva para ninguém", sendo "apenas uma afirmação da nossa independência e da nossa autonomia, que veio de factos históricos", que qualquer nação pode "comemorar, sem ofensa das relações amigáveis". E o jornal garante ainda que ninguém que tenha participado na construção o fez com "ideia de malquerenças, de ódios, de inimizades". A ideia de construção do monumento já tinha surgido 25 anos antes, em 1861, com a criação da Comissão Central 1º de Dezembro. O projecto não vingou logo. Apenas dez anos depois ganhou forma, a partir de uma subscrição feita entre emigrantes portugueses no Rio de Janeiro. A primeira pedra foi lançada em 1875 e, 11 anos depois, o monumento era inaugurado. O Governo português e a Câmara de Lisboa ajudaram na construção, mas a iniciativa partiu de um grupo de cidadãos - todos portugueses, como sublinha, aliás, a imprensa da época. O trabalho escultórico é da autoria de António Tomás da Fonseca, Sérgio Augusto de Barros concebeu o grupo arquitectónico.A demora na construção do monumento foi objecto de crítica, visível em quase todas as publicações. Basta atentar no modo como começa a notícia do próprio DN de 28 de Abril de 1886: "É hoje finalmente inaugurado...". Na revista "Occidente", o jornalista Gervásio Lobato ironizava, escrevendo que "a descoberta da América levou muito menos tempo, e teve muito menos embaraços". 124 anos depois da inauguração do monumento, encontrámo-lo no meio de uma praça com quatro faixas de cada lado, ali entre a Loja do Cidadão e os Correios. A praça é enorme e tem dois bancos de pedra, no lado norte e no lado sul, a uma distância considerável do obelisco, quase que convidando a contemplá-lo. Num final de tarde de sexta-feira, a única pessoa ali sentada, está de costas para ele. Germano Aguiar, reformado, confessa que foi ali parar "por acaso". Foi, a um lado da praça, à Loja do Cidadão e a outro "pôr o Euromilhões". Acabou ali sentado "a fazer tempo". Sobre os Restauradores da Pátria, Aguiar não tem muito a dizer. Explica que não é de apreciar monumentos, apesar de notar que "hoje já não se fazem". E acrescenta: "Estou contente com a independência, mas... Agora, se calhar, o melhor era estarmos juntos com alguém". O monumento é composto por um obelisco, onde estão assinaladas algumas datas mais gloriosas da história portuguesa. Na base, do lado norte, está a estátua "Vitória", da autoria de Simões de Almeida, e, no lado sul, onde estava sentado o senhor Germano, está "O génio da Independência", com assinatura de Alberto Nunes. As outras faces estão ornadas com troféus de armas.
Teresa Abecassis
Fonte: http://www.rr.pt/ (Clique na imagem para ampliar)
2 comentários:
Como isto anda, um dia destes ainda inventam uma qualquer "razão ponderosa" para o retirar do local, colocando-o escondido, num subúrbio qualquer.
Ou então não me admira nada que o transformem num belo recinto de patinagem...
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