quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SEREMOS UM DIA EUROPEUS? - *DOM VASCO TELES DA GAMA
Somos um povo com características específicas, nem melhor nem pior que outros, apenas diferente. Temos uma capacidade de trabalho e de improviso notáveis, uma invulgar facilidade para línguas, uma tolerância cultural, racial e até religiosa sem paralelo na Europa, que faz de nós autênticos habitantes do mundo, fundadores, há quinhentos anos, da globalização.
Despojados que fomos há décadas da soberania decorrente da nossa vocação universalista, temos vindo a ser conduzidos pelas inépcias das novas elites, qual rebanho de ovelhas, no sentido de virmos a ser apenas europeus obedientes, bem comportados e “civilizados”.
Mas será este verdadeiro desígnio, que nos foi apontado como alternativa à nossa secular deambulação pelo mundo, exequível? A resposta, quer do ponto de vista sociológico, quer antropológico, parece-me ser claramente negativa.
Dados estatísticos recentemente divulgados, embora confirmem que na Europa continua a baixar a taxa de natalidade, dão conta de que em Portugal é grande a percentagem de crianças de pai ou mãe portugueses, sendo o outro progenitor estrangeiro, com grande incidência em brasileiros, africanos, magrebinos, indianos, europeus de leste, enfim, todo um conjunto de diferentes raças e credos, à excepção de chineses, casos por enquanto menos frequentes.
Este fenómeno, ciclicamente recorrente neste povo ao longo da história da humanidade, que foi o que nos conferiu a nossa identidade, tão diferente da dos nossos vizinhos castelhanos e que já deixou os romanos perplexos, por sermos um povo que não sabia nem se deixava governar, será, em três ou quatro gerações, transversal a toda a sociedade e não contribuirá para nos tornarmos mais europeus.
Quanto à governabilidade, já Camões dizia, com o génio poético que se lhe reconhece, que “um fraco Rei, torna fraca a forte gente”, contemporâneo que foi do declínio de um Portugal motivado por forte projecto comum, que começou a ruir, comandado por um fraco D. João III, devido à mesquinhez e à inveja, também infelizmente características deste povo que somos.
Mas que futuro político resta a este local marginal da Europa a que é hoje politicamente incorrecto chamar Pátria? Exangues com o esforço de sustentar um aparelho de estado que a república tem aumentado até a um limite insuportável, com o único propósito de garantir empregos aos seus apoiantes, sucessivamente a cada ciclo eleitoral, começou a germinar em algumas cabeças a regeneração do regime, pelo reforço dos poderes presidenciais.
Pasma-se como um século de feroz e primária propaganda republicana conseguiu embotar de tal forma a cabeça dos nossos mais preclaros pensadores, que os impede de admitir que a salvação do nosso futuro possa passar sem mais do mesmo!
Diante da ameaça de que nova ditadura venha acabar com o regabofe instalado, como é habitual acontecer em república, nem por um momento lhes ocorre pensarem nas monarquias europeias. Só nas repúblicas francesa e americana conseguem inspirar-se para enfrentar os problemas de que Portugal padece.
O problema só poderia ter solução através de uma chefia de estado independente dos partidos políticos e não deles originária que, não sendo de ditadura militar, como habitualmente ocorre em república, só podia ser o Rei. A novidade do século XXI seria a troca do tradicional título de Rei de Portugal e dos Algarves d’Aquém e d’Além-mar em África, pelo mais verdadeiro de Rei dos Portugueses (como o dos Belgas, embora por diversas razões) da Europa, América, África, Ásia e Oceânia, envolvendo e motivando num projecto comum os muitos milhões de Portugueses e luso-descendentes espalhados pelo mundo.
Temos Rei, temos Povo, falta-nos a liberdade de escolha, pela acção nefasta de elites complexadas e mesquinhas entre as quais se acalenta a nem sempre muito secreta esperança de se virem a fazer eleger presidentes, com mais ou menos poderes, para prolongamento desta sufocante e desesperante podridão...

* Nota: o texto publicado é da exclusiva responsabilidade do autor.
Texto publicado no Diário Digital a 17-Ago-2009

1 comentário:

Rogério Quintela Silva disse...

Bandeiras monárquicas hasteadas na Cidadela de Cascais

Várias bandeiras da monarquia foram hasteadas desta madrugada na Cidadela de Cascais. Segundo a TVI, no topo do forte e nos dois candeeiros em frente da entrada viam-se as bandeiras com as cores azul e branca.
Também a estátua do Rei D. Carlos ostentava uma bandeira monárquica.

Recorde-se que há poucos dias semelhante acto foi perpetrado na Câmara Municipal de Lisboa. A bandeira do município foi substituída pela monárquica, num acto reivindicado pelos 31 da Armada.

Temos Rei, temos bandeira,temos monárquicos, só falta mesmo a restauração...vivam os autores desta iniciativa...viva o "31 da Armada"...Viva o Rei