SEREMOS UM DIA EUROPEUS? - *DOM VASCO TELES DA GAMA

Despojados que fomos há décadas da soberania decorrente da nossa vocação universalista, temos vindo a ser conduzidos pelas inépcias das novas elites, qual rebanho de ovelhas, no sentido de virmos a ser apenas europeus obedientes, bem comportados e “civilizados”.
Mas será este verdadeiro desígnio, que nos foi apontado como alternativa à nossa secular deambulação pelo mundo, exequível? A resposta, quer do ponto de vista sociológico, quer antropológico, parece-me ser claramente negativa.
Dados estatísticos recentemente divulgados, embora confirmem que na Europa continua a baixar a taxa de natalidade, dão conta de que em Portugal é grande a percentagem de crianças de pai ou mãe portugueses, sendo o outro progenitor estrangeiro, com grande incidência em brasileiros, africanos, magrebinos, indianos, europeus de leste, enfim, todo um conjunto de diferentes raças e credos, à excepção de chineses, casos por enquanto menos frequentes.
Este fenómeno, ciclicamente recorrente neste povo ao longo da história da humanidade, que foi o que nos conferiu a nossa identidade, tão diferente da dos nossos vizinhos castelhanos e que já deixou os romanos perplexos, por sermos um povo que não sabia nem se deixava governar, será, em três ou quatro gerações, transversal a toda a sociedade e não contribuirá para nos tornarmos mais europeus.
Quanto à governabilidade, já Camões dizia, com o génio poético que se lhe reconhece, que “um fraco Rei, torna fraca a forte gente”, contemporâneo que foi do declínio de um Portugal motivado por forte projecto comum, que começou a ruir, comandado por um fraco D. João III, devido à mesquinhez e à inveja, também infelizmente características deste povo que somos.
Mas que futuro político resta a este local marginal da Europa a que é hoje politicamente incorrecto chamar Pátria? Exangues com o esforço de sustentar um aparelho de estado que a república tem aumentado até a um limite insuportável, com o único propósito de garantir empregos aos seus apoiantes, sucessivamente a cada ciclo eleitoral, começou a germinar em algumas cabeças a regeneração do regime, pelo reforço dos poderes presidenciais.
Pasma-se como um século de feroz e primária propaganda republicana conseguiu embotar de tal forma a cabeça dos nossos mais preclaros pensadores, que os impede de admitir que a salvação do nosso futuro possa passar sem mais do mesmo!
Diante da ameaça de que nova ditadura venha acabar com o regabofe instalado, como é habitual acontecer em república, nem por um momento lhes ocorre pensarem nas monarquias europeias. Só nas repúblicas francesa e americana conseguem inspirar-se para enfrentar os problemas de que Portugal padece.
O problema só poderia ter solução através de uma chefia de estado independente dos partidos políticos e não deles originária que, não sendo de ditadura militar, como habitualmente ocorre em república, só podia ser o Rei. A novidade do século XXI seria a troca do tradicional título de Rei de Portugal e dos Algarves d’Aquém e d’Além-mar em África, pelo mais verdadeiro de Rei dos Portugueses (como o dos Belgas, embora por diversas razões) da Europa, América, África, Ásia e Oceânia, envolvendo e motivando num projecto comum os muitos milhões de Portugueses e luso-descendentes espalhados pelo mundo.
Temos Rei, temos Povo, falta-nos a liberdade de escolha, pela acção nefasta de elites complexadas e mesquinhas entre as quais se acalenta a nem sempre muito secreta esperança de se virem a fazer eleger presidentes, com mais ou menos poderes, para prolongamento desta sufocante e desesperante podridão...
* Nota: o texto publicado é da exclusiva responsabilidade do autor.
Texto publicado no Diário Digital a 17-Ago-2009
1 comentário:
Bandeiras monárquicas hasteadas na Cidadela de Cascais
Várias bandeiras da monarquia foram hasteadas desta madrugada na Cidadela de Cascais. Segundo a TVI, no topo do forte e nos dois candeeiros em frente da entrada viam-se as bandeiras com as cores azul e branca.
Também a estátua do Rei D. Carlos ostentava uma bandeira monárquica.
Recorde-se que há poucos dias semelhante acto foi perpetrado na Câmara Municipal de Lisboa. A bandeira do município foi substituída pela monárquica, num acto reivindicado pelos 31 da Armada.
Temos Rei, temos bandeira,temos monárquicos, só falta mesmo a restauração...vivam os autores desta iniciativa...viva o "31 da Armada"...Viva o Rei
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