Mais do que uma crise financeira e conómica, a crise que atravessamos é uma crise de ética.
Portugal está em plena crise política, com a demissão do Governo do Partido Socialista, que se soma à profunda crise financeira, a pior em cem anos de regime republicano. Joga-se, nestes tempos de enormes sacrifícios para o nosso povo, o futuro próximo e o das novas gerações, já hoje vítimas de falta de horizontes profissionais e de realização pessoal e que, daqui a não muitos anos, terão de arcar com as consequências, financeiras, mas não só, dos erros governativos acumulados, pelo menos, desde os anos oitenta do século passado e de entre eles a errada aplicação dos fundos comunitários, após a adesão à então CEE; a errada perspectiva de desenvolvimento, com base numa visão irrealista do “enriquecimento” do País por via desses muitos milhões comunitários; a incapacidade dos governos face à crise internacional que se abateu sobre EUA e depois se repercutiu na Europa e a total falta de sentido da realidade das medidas para a minorar, na já frágil economia nacional, com endividamento excessivo e políticas megalómanas, que provocaram em poucos anos o empobrecimento dos portugueses, pelo desemprego assustador, pelos cortes salariais, pelo aumento dos impostos, pelo endividamento de muitas famílias.Mais do que uma crise financeira e económica, a crise que atravessamos é uma crise de ética: na vida política, onde a regra geral é a mentira, a dissimulação, o compadrio, a fraude, a corrupção, a anteposição dos interesses particulares e de grupo ao interesse nacional e da sociedade; na condução das instituições privadas, nas empresas e nas relações laborais; na vida das pessoas e nas suas relações sociais.
Nada faz prever que a realização de eleições legislativas antecipadas (as sétimas em 37 anos de sistema democrático, o que é já de si anormal) venha resolver, a breve, a médio e a longo prazo, a crise em que estamos mergulhados. Porque não se trata só de mudar um chefe de governo e um partido por outros ou políticas erradas por outras menos erradas. A mentalidade e os princípios que subjazem à arquitectura das instituições políticas do regime e dos homens e mulheres que as servem mantêm-se inalterados.
Só uma profunda mudança na maneira de ser e estar e de servir Portugal e os portugueses, pode restituir-nos uma dignidade nacional enxovalhada e dar-nos esperança de um futuro melhor para Portugal. Essa mudança passa pela restituição ao País do seu chefe natural, que será fonte de estabilidade política, de independência, de amor à Pátria, de defesa da democracia, de ética e de confiança nas instituições e no futuro da Nação de que todos fazemos parte.
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