segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A POLÉMICA EM TORNO DO PEDIDO DE NACIONALIDADE TIMORENSE POR S.A.R., DOM DUARTE DE BRAGANÇA

A recente polémica que envolveu a declaração de S.A.R., Dom Duarte sobre o pedido de nacionalidade timorense (a 1 de Dezembro de 2010) evoca bem a pesada herança de ignorância e vista curta que tem penalizado o País (que há 3 decadas ia bem além dos limites euopeus que hoje conhecemos) bem como uma abordagem costumeira que já em 1999 encheria a 1º Página do Expresso a espelhar o embaraço com que as autoridades portuguesas brindariam S.A.R., Dom Duarte ao não O incluir nas cerimónias oficiais. Convém saber que desde o início da tragédia que desabou sobre Timor-Leste que Dom Duarte procurou encontrar soluções para o drama vivido. Para além de alertar não só em Portugal como no estrangeiro para o infortúnio vivido nesta ilha limite da Lusofonia e apoiar os timorenses no exílio. S.A.R., Dom Duarte foi um constante embaixador de uma causa que muitos julgaram completamente perdida. "Timor é uma ilha indonésia que pouco ou nada tem que ver com Portugal", como se chegaria a afirmar. O príncipio de não intervir espelhando bem na frase atrás afirmada por um alto representante da República Portuguesa, em funções à altura, espelhava bem o sentimento generalizado durante muitos anos junto do poder instituído, a quem supostamente competiria zelar pelos interesses deste povo abandonado pela Republica, mas que pensa, sofre, reza e fala em Português.
Quando S.A.R., Dom Duarte de Bragança alertava para este drama e procurava encontrar soluções, vários foram aqueles que esboçaram (tal como hoje, em todos os assuntos que envolvem esforços monárquicos) um sorriso trocista, "um o problema insolúvel" diria-se por muitos que preferiram virar as costas, tapar os ouvidos, e fingir que nada sucedia a resolver um problema que não auferia qualquer mais valia política.
O País viria a provar em peso que o "stablishment" republicano estava enganado e que S.A.R., Dom Duarte, não. No verão de 1999 o País mobilizou-se para forçar governos externos e o governo eleito internamente a descobrir que ser-se português está além das definições constitucionais e filosóficas elegantes que enchem manuais de geoestratégia... os portugueses viram o que Dom Duarte sabia há anos, que em Timor também se rezava a Nossa Senhora e que aquelas palavras eram as de Camões, eram portugueses que ali estavam!
É perfeitamente normal que o sentimento humanista e universalista que reveste a acção da Casa Real Portuguesa, numa coerente continuidade daquilo que era Portugal antes de 1910, cause mau estar entre os galos que enchem as paredes do edificio Democrático Nacional. Não está no gene republicano a defesa de principios ou de causas perdidas, a "ética republicana" não conhece rumos desprovidos de retorno monetário nem a veste, humilde de quem não é investido, galardoado ou reconhecido publicamente. A Monarquia é um serviço, não um pódio pagão para cidadãos que se confundem com entidades superiores, é um caminho longo que pode durar gerações.
Dom Duarte ao pedir a cidadania de um País lusófono está apenas a devolver a Portugal a sua dimensão natural, aquela que motivaria ilustres vultos da literatura lusa como Pessoa, Camões ou António Vieira a sonhar com um mundo diferente, com o legado que a lusofonia podia inscrever...poís que não são só palavras que defendemos, mas uma particular percepção do Mundo... a Portuguesa. Será utopia?...talvez a mesma que motivou alguns escassos dos nossos antepassados a disparar que nem projecteis em torno de um mundo que as naçõs mais ricas julgavam ser plano, a construir um edificio de nações que se reconhecem como irmãs, a prever uma humanidade plural, a sonhar com um mundo maior do que aquele em que nascemos.
Entre um Politico e um Estadista é só uma questão de horizonte e vontade, se para as ilustres mentes republicanas o Portugal republicano começa em Trás-os-Montes acabando nas ilhas atlânticas certamente que legítimo herdeiro de um Estado com quase 900 anos pode e deve fazer ver com actos que tal não é verdade.
S.A.R., Dom Duarte ao pedir a cidadania timorense está a afirmar com actos que Portugal, o verdadeiro Portugal, é maior do que aquele a que nos querem aprisionar e que cabe a nós (Presente e Futuro) acabar as Capelas Imperfeitas de que nos falava Pessoa.
RGS
Fonte: monarquiaportuguesa.com

2 comentários:

Anónimo disse...

Devo já dizer que, ideologicamente, perfilho os ideais do republicanismo. Todavia, nutro um especial carinho pelo que representa a Casa de Bragança enquanto símbolo nacional, carregado de séculos da nobre Nação portuguesa. Tenho também uma ligação familiar a Timor, tendo contraído matrimónio com o descendente directo de um régulo (liurai)timorense. Vários anos de convívio e contacto permitiram-me conhecer um pouco melhor as idiossincrasias de um sistema monárquico que persiste sob o regime republicano timorense - afinal, quase todos os membros do Executivo são datos (nobres), ou mesmo régulos (como é o caso do Vice-Primeiro-Ministro, liurai de Luca). Até Xanana Gusmão é descendente (ilegítimo) do liurai de Bidau.
Foi com alguma emoção que tive conhecimento da intenção de D. Duarte em adquirir a nacionalidade timorense pois parece-me ser o culminar de um percurso em prol da causa timorense. E mais: trata-se verdadeiramente de assumir que a portugalidade - que detectei mesmo nos timorenses menos sensíveis politicamente a Portugal - se encontra viva. Não se trata de um neo-colonialismo bacoco, mas sim do reatar os laços e pactos celebrados há mais de cinco séculos - recorde-se que Portugal não invadiu Timor, mas antes foi "convidado" por "liurais" -, reconhecendo a intemporalidade e a universalidade que pressupõe o conceito português. E este não se encerra em limites territoriais mas espirituais. Falta cumprir-se Portugal e essa realização ultrapassa barreiras linguísticas, sociais e geográficas.
As intenções de D. Duarte, neste capítulo, são apenas naturais e não objecto de ridículo. Quem troça desse objectivo, em minha opinião, não sabe o que é Portugal, seja sob uma monarquia ou sob uma república.

Maria Menezes disse...

Não sei como em 100 anos de república ainda consegue perfilhar os ideais republicanos. Não ganhámos nada com a imposição da república no 5 de 1910. Foram 25 anos de terrorismo, 40 anos de ditadura e depois do 25, 30 anos de palhaçada!!!
São estes os ideais do republicanismo? Ou da "tal ética republicana"? Em 100 anos que continuamos na cauda da Europa e hoje com a excepção da Albânia, os países da Europa de Leste já nos ultrapassaram... e hoje vivemos de esmolas... enquanto o Rei Dom Carlos I, Rei duma Monarquia Constitucional, conseguiu sentar Portugal na mesa da Europa e estávamos em 6º lugar!
Mas fiquei contente por apoiar S.A.R., O Senhor Dom Duarte nesta iniciativa para bem de todos os portugueses e segundo mais notícias actualizadas do "i", o nosso Rei e Rei de todos os portugueses, conseguiu antecipar-se ao governo....
Obrigada pela sua visita ao blog Família Real Portuguesa!
Bem haja!