domingo, 19 de dezembro de 2010

DIRECTORA DO PALÁCIO D'AJUDA QUER TRASLADAR RAINHA MARIA PIA PARA PORTUGAL

Lisboa, 18 dez (Lusa) - A diretora do Palácio Nacional da Ajuda, Isabel Silveira Godinho, quer que o corpo da Rainha Maria Pia venha para Portugal "e seja sepultado junto da sua família, o marido e os filhos", afirmou em entrevista à Lusa.
"Maria Pia é a única Rainha que está sepultada no estrangeiro. Ela era uma grande patriota, uma grande portuguesa por isso é que a quero trazer para Portugal", disse a responsável que já em 2005 encetou contactos para a trasladação.
A Rainha Maria Pia, falecida 05 de julho de 1911 em Stupinigi (arredores da cidade italiana de Turim), encontra-se sepultada no panteão dos Sabóia na Basílica de Superga, em Itália.
"Gostaria muito que o Governo me ajudasse, pois só o Governo pode fazer um funeral de Estado que é devido a uma Rainha por protocolo", esclareceu.
"Gostava - prosseguiu - que o Governo se sensibilizasse para o centenário da morte de uma grande portuguesa que está enterrada em Soperga e que pediu que a enterrassem com a cabeça virada para Portugal, isto quer dizer alguma coisa, os seu estão cá".
Para a diretora do Palácio, "Maria Pia preferia morrer ou sofrer na pele a República do que ir para o exílio. Se lhe tivessem dito isso, teria recusado. A Rainha embarcou na Ericeira convencida que ia para o Porto".
A data de Julho seria a ideal, "gostaria que o corpo da Rainha chegasse e pudesse ir para São Vicente de Fora, fosse rezada uma missa bonita com Te Deum, e com tudo a que ela tem direito".
Esta não é a primeira vez que Isabel Silveira Godinho faz esforços para trazer o corpo da soberana, mas em Janeiro irá reunir-se com a Presidência da República para que se reiniciem as diligências.
Em 2005 foi tentado e "tudo ia nesse sentido, O Chefe da Casa Real Portuguesa, Dom Duarte de Bragança escreveu as cartas necessárias, a família Sabóia autorizou a trasladação, estava tudo tratado, havia até um orçamento que não era nada exagerado", contou.
"Gostava que pudesse vir de barco pois foi de barco que viajou de Itália para casar em Portugal com o Rei Dom Luís", acrescentou.
Para Isabel Silveira Godinho não se justifica quaisquer fantasmas à centenária república. "Já passou tempo suficiente para a república estar bem consolidada e não haver qualquer medo, [não há receio] pelo facto da Rainha vir para Portugal poder abalar o que quer que fosse na sociedade portuguesa", sublinhou. Um sentimento bem diverso daquele que a Rainha suscitou quando chegou a Portugal em 1862. "Ela chegou e marcou logo uma posição. Qualquer pessoa que sai da normalidade ou se gosta muito ou se detesta", disse.
Maria Pia de Sabóia chegou a Portugal com 14 anos, "vinda de uma corte onde se vivia a glória da vitória, pois o seu pai [Victor Manuel II] foi o unificador da Itália".
A jovem Princesa "vinha com uma alegria e maneira de viver que contrastava com a corte portuguesa que estava enlutada pela morte de Dom Pedro V no ano anterior".
NL. - Lusa/fim

2 comentários:

Ana disse...

...enquanto o mundo tiver medo de assumir os seus actos de amor como actos de liberdade plena,...tudo será problema tudo será fantasmas...querida Isabel Silveira Godinho se a Rainha Maria Pia tiver que regressar a Portugal,REGRESSARÁ.

Nuno Castelo-Branco disse...

A Sra. Dª Godinho, está um tanto ou quanto equivocada. Desta vez, não se trata de emprestar jóias a reconhecidos ladrões holandeses e tudo ficar na mesma, como se nada tivesse acontecido. A simples trasladação da Rainha para solo nacional, implica um rebuscado protocolo e um infalível reacender da chama que dado o actual estado de coisas, será sem dúvida muito visível. Para mais, existe ainda outro aspecto nada desdenhável e que respeita à enorme visibilidade que a Família Real terá, atirando encavacados e e comparsas para a obscuridade. Ora, tal coisa é impossível. Duvido muito que o "Esquema" faça uma parvoíce dessas.
Contentam-se com umas pataniscas de caviar e pouco mais. Lembram-se da "traNsladação" (como eles dizem) do Sr. Saramago? Pois...