"PARTE DO POVO PARECE NÃO COMPREENDER BEM O PAPEL DA MONARQUIA"
«Na nova Monarquia espanhola, personificada pelo Rei Juan Carlos, três tempos se podem considerar. Num primeiro tempo (1975 ao referendo constitucional de 1978), decisivos foram o papel e a acção do Rei. Foi o tempo da transição democrática, sabiamente liderada por Adolfo Suarez.
Num segundo tempo - que vai da aprovação referendária da Constituição de 1978 até à chegada de Aznar ao governo -, a consolidação democrática perturbada é apenas pelo golpe militar de 1981 (que, aliás, serviu para mais prestigiar o Rei) e pelo endémico terrorismo da ETA. Um terceiro tempo teve início com a subida de Aznar ao poder. Representa ele as novas gerações, que memória presidencial não guardam do franquismo, que pouca memória conservam da transição e, portanto, do papel do Rei, da Instituição Monárquica nesse difícil processo. Mais grave, no entanto, é que parte do povo espanhol, empenhado na virulenta luta PSOE-PP, parece não compreender bem o papel da Monarquia, ao querer arrastar para esse combate o Rei, situação a que este tem, com prudencial inteligência, respondido, sublinhando o papel que a Constituição lhe atribui.
Significa esta posição que nem toda a Espanha política e civil terá interiorizado, como se esperaria e desejaria, que, como disse Herrero de Minon, "o Monarca vitalício e hereditário está melhor colocado que qualquer magistrado electivo para ser absolutamente neutral e independente", para estar acima de todas as segmentarizações políticas e ser garante da continuidade e unidade nacional, indispensável, esta, até para manter os militares democraticamente nos quartéis.»
General António Ramalho Eanes
in Expresso, Primeiro Caderno, página 39, 05 de Janeiro de 2008.
Publicada por Acção 288 b
Num segundo tempo - que vai da aprovação referendária da Constituição de 1978 até à chegada de Aznar ao governo -, a consolidação democrática perturbada é apenas pelo golpe militar de 1981 (que, aliás, serviu para mais prestigiar o Rei) e pelo endémico terrorismo da ETA. Um terceiro tempo teve início com a subida de Aznar ao poder. Representa ele as novas gerações, que memória presidencial não guardam do franquismo, que pouca memória conservam da transição e, portanto, do papel do Rei, da Instituição Monárquica nesse difícil processo. Mais grave, no entanto, é que parte do povo espanhol, empenhado na virulenta luta PSOE-PP, parece não compreender bem o papel da Monarquia, ao querer arrastar para esse combate o Rei, situação a que este tem, com prudencial inteligência, respondido, sublinhando o papel que a Constituição lhe atribui.
Significa esta posição que nem toda a Espanha política e civil terá interiorizado, como se esperaria e desejaria, que, como disse Herrero de Minon, "o Monarca vitalício e hereditário está melhor colocado que qualquer magistrado electivo para ser absolutamente neutral e independente", para estar acima de todas as segmentarizações políticas e ser garante da continuidade e unidade nacional, indispensável, esta, até para manter os militares democraticamente nos quartéis.»
General António Ramalho Eanes
in Expresso, Primeiro Caderno, página 39, 05 de Janeiro de 2008.
Publicada por Acção 288 b
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