quinta-feira, 22 de outubro de 2009

DOM MANUEL PARA MIM
D. Manuel II tem sido, quanto a mim, uma personagem da historiografia Portuguesa muito injustamente maltratada. Ao serviço da apologia republicana, D. Manuel II tem sido visto como o coveiro da monarquia, aquele que fugiu quando houve o 5 de Outubro de 1910. Baseando-me na biografia de Maria Cândida Proença, da Circulo de Leitores, sobre o rei, vou tentar apresentar uma visão mais clara sobre a sua atitude perante o eclodir do 5 de Outubro de 1910. D. Manuel II não estava preparado para ser rei quando assumiu o governo. Mas subiu ao trono por consequência do regicídio. Ou seja, num clima de instabilidade muito grande. Por causa do republicanismo Português? Penso mais, por este se encontrar no meio de uma conspiração ardilosa, movida por gente próxima a si que se prepava para a tomada do poder. Republicanos e não só. Temos que ver que a evolução política tendia para reduzir o papel do rei a um mero simbolismo. E penso, que D. Manuel não tinha grandes meios ou apoios para se defender. Por isso, no centro de intrigas egoístas D. Manuel II fez aquilo que podia. Os republicanos tiveram foi um golpe de sorte. E vamos ver o que aconteceu ao Rei no dia 5 de Outubro de 1910. D. Manuel II estava de alerta perante o clima de instabilidade As unidades militares que iam proteger o paço real eram comandadas pelo coronel Brito Abreu e pelo capitão Machado Vieira. Na manhã do 5 de Outubro, dos ajudantes de campo do Monarca, apenas compareceram o almirante Hermenegildo Brito Capelo e o Visconde de Asseca. Do corpo diplomático apresentou-se o marquês de Vilalobos. A deserção começa no palácio do rei. Pouco depois, Teixeira de Sousa, o presidente do conselho de ministros, telefona ao rei, anunciando que os revoltosos ameaçavam bombardear o Paço das Necessidades pelo que melhor a fazer era refugiar-se em Mafra ou em Sintra. D. Manuel estava disposto a ficar sozinho no Paço. para cumprir com a função que a carta constitucional lhe destinava. Pelas onze horas os cruzadores Adamastor e São Rafael atacam o Paço Real. Perante os estragos dos bombardeamentos, Brito Abreu afirmou ao Rei que não se responsabilizava pelas tropas desmoralizadas. Então o Rei telefona a Teixeira de Sousa, ordenando-lhe a movimentação de tropas de Queluz para as Necessidades, para, evitar o desembarque dos marinheiros. Teixeira de Sousa respondeu que toda a acção se passava na rotunda, e que as tropas eram necessárias aí, para, sufocar os distúrbios. Perante a falta de informação da localização das unidades militares, na corte decidiu-se partirem para Sintra ou Mafra, para desse modo libertarem as tropas que defendiam o Paço. A intenção do próprio Rei, era comandar pessoalmente essas mesmas unidades, tendo sido impedido pelas chefias militares junto a si que, argumentavam temer pela sua vida. A decisão de partir para Mafra, baseava-se na garantia de Teixeira de Sousa que a escola prática de cavalaria disponha de efectivos suficientes para proteger a comitiva real. Mas ao chegarem a Mafra, a comitiva depara-se apenas com 100 praças, e não com as 800 que Teixeira de Sousa garantira. Apesar da intenção do rei de libertar as tropas que protegiam o palácio para aplacar a desordem, revelou-se um desastre. Isto, porque as ordens não foram cumpridas. A intervenção das unidades militares, ao comando de Paiva Couceiro fora eficaz. As hostes republicanas ficaram desorganizadas. O tempo de Paiva Couceiro instalar-se no Torel, para um ataque eficaz foi catastrófico. As unidades militares afectas ao regime, abandonadas pela artilharia sentiam-se fragilizadas. Esse sentimento de fragilidade foi acentuado pelas ameaças jocosas dos oficiais afectos aos republicanos. Só que o episódio, que decidiu o rumo a favor do republicanismo foi o armistício. O armistício foi um pedido de um diplomata alemão, que, perante a destruição do Avenida Palaçe pelas granadas, dirigiu-se ao quartel-general e pediu um cessar-fogo, para embarcar os cidadãos Alemães que ali encontravam-se. Sem comunicar ao governo, o general Gorjão acedeu. Assim, acompanhados por uma ordenança com uma bandeira branca, o diplomata alemão atravessa com os seus concidadãos em direcção a rotunda para embarcar. E os revoltosos, aproveitando esse sinal misturam-se com o povo incrédulo, dando vivas à república. E depois era proclamada a república na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. O presidente da Câmara de Mafra e o comandante da escola prática recebiam telegramas ordenando o erguer da bandeira republicana D. Manuel, perante estas notícias, desejando ir para o Porto por terra, foi, pressionado por Francisco Pinto da Rocha para não ir. Assim, embarcou no iate Amélia para ir para o Porto. Mas sob o impedimento do comandante João Agnelo Velez Caldeira Castelo-Branco e o imediato João Jorge Moreira de Sá foram para Gibraltar. Este pequeno relato, com as suas imperfeições, mostra que D. Manuel II estava disposto a cumprir o seu dever. Mas ficam algumas perguntas no ar: qual o interesse de afastar o Rei do campo de acção? A meu ver, penso que se o Rei tivesse enfrentado os revoltosos, o próprio povo o defenderia e condenaria o 5 de Outubro ao fracasso. Penso que Teixeira de Sousa e as chefias militares estavam feitas com os republicanos, provavelmente, na promessa de alguma benesse. E penso que só afastando D. Manuel II é que conseguiriam implantar a república, pois tendo as chefias militares do seu lado, a população era fácil de controlar.
Publicada por Daniel Nunes Mateus - Fazer a mudança

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