A
UNESCO classificou neste sábado a Universidade de Coimbra como Património
Mundial.
A decisão foi tomada na 37.ª sessão do Comité do
Património Mundial da UNESCO, que decorre em Phnom Penh, no Camboja. O
território da candidatura inclui a zona da Alta universitária e parte da Rua da
Sofia, onde funcionou o primeiro pólo escolar da universidade.
O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel
Silva, diz que se trata de “um momento muito emocionante e muito especial para
Coimbra, para a Universidade e também para o país".
João Gabriel Silva diz ter ainda mais orgulho na
decisão pelo facto de a candidatura ter sido reconhecida por três critérios
distintos, um dos quais foi acrescentando neste sábado pelo próprio comité para
o património mundial e que não constava do parecer final antes da votação. Foi
acrescentando o critério VI, que é o critério que identifica, diz João Grabriel
Silva, “uma cultura que teve impacto na humanidade”.
“Portanto o que foi distinguido hoje pela Unesco não
é apenas um conjunto de edifícios antigos e bonitos, o que foi reconhecido foi
uma cultura que ajudou a modelar o mundo. Coimbra foi reconhecida como o ícone
de uma cultura que é a cultura portuguesa, e como ícone de uma cultura e de uma
língua que ajudaram a modelar o mundo como o conhecemos”, afirma. “É uma coisa
de uma dimensão extraordinária. Como reitor até me sinto pequenino perante uma
coisa desta dimensão”, conclui.
No domingo haverá uma iniciativa chamada
"Coimbra em Festa", a decorrer na Praça do Comércio, na Baixa de
Coimbra, a partir das 16h00, e que tem como objectivo comemorar a distinção.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros, numa
reacção à Lusa, considerou que a classificação beneficiará “a economia, o
turismo, o conhecimento e o cosmopolitismo” da cidade, mas que também é “muito
prestigiante” para Portugal.
“É um grande dia para Portugal e para Coimbra. A
meritória candidatura a património mundial passou com brilho e beneficiará” a
cidade em várias áreas, afirmou Paulo Portas numa declaração escrita. O
ministro agradece “o trabalho impecável” não apenas do Ministério dos Negócios
Estrangeiros (MNE), da Comissão Nacional da UNESCO e da embaixada, como também
“o trabalho incessante dos promotores da ideia, desde a autarquia até à
Universidade.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros
acrescentou que esta distinção é um “reconhecimento internacional, que agora é
muito justamente atribuído a Coimbra”. Para o ministério, constitui um “motivo
de orgulho e regozijo” para a cidade e para o país e “dá conta da confiança da
UNESCO na capacidade de o Estado para preservar o valor dos seus bens
patrimoniais”.
Já o presidente da Entidade Regional de Turismo do
Centro de Portugal, Pedro Machado, disse que a classificação “é uma grande
porta que se abre” para o turismo da cidade. “É uma excepcional notícia Coimbra
ter atingido este galardão”, declarou Pedro Machado à agência Lusa, realçando
que a decisão do Comité da UNESCO “é o reconhecimento de Coimbra pela sua
história, pelo seu património” e pelo papel da sua Universidade, fundada em
1290, “na formação de tantas gerações espalhadas pelo mundo”.
Esta classificação, segundo Pedro Machado “pode
posicionar Coimbra, mais e melhor, naquilo que é o desafio dos mercados em
matéria de competitividade e atractividade” na área do turismo.
Uma aspiração antiga
Apesar de ser uma aspiração antiga, o projecto da candidatura começou a ganhar
forma em 1999 a partir da tese de doutoramento que António Pimentel, actual
director do Museu Nacional de Arte Antiga e o primeiro director científico da
candidatura, realizou sobre o Paço das Escolas.
Com o tempo, a candidatura alargou também o seu
âmbito: do Paço das Escolas passou a incluir toda a Alta universitária e Rua da
Sofia, num conjunto de mais de 30 edifícios, e ao património material juntou o
imaterial, como a produção cultural e científica, as tradições académicas, o
papel desempenhado ao serviço da língua portuguesa.
A Universidade de Coimbra fica agora no restrito lote
em Portugal do património mundial da UNESCO, juntando-se aos centros históricos
de Angra do Heroísmo, Évora, Porto e Guimarães. Além destes quatro centros
históricos, Portugal tem ainda como património mundial o Mosteiro da Batalha, o
Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, bem como o Convento de Cristo, em
Tomar, escreve a Lusa.
Portugal conta igualmente, lembra a mesma
agência, com a Paisagem Natural de Sintra, os sítios pré-históricos de
Arte Rupestre do Vale do Rio Côa e de Siega Verde, a Floresta Laurissilva da
Madeira, o Alto Douro Vinhateiro, a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico
e a maior fortificação abaluartada do mundo, em Elvas, como património mundial
da UNESCO.
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