Antes de prosseguir sugere-se a leitura da primeira parte deste artigo (Parte I)
A classe trabalhadora é obrigada a trabalhar cada vez mais, a ganhar cada vez menos e a pagar cada vez mais impostos. Tudo em nome de uma competitividade que não chegará porque qualquer mente sensata entende que as medidas que estão a ser tomadas só trazem a miséria, quantas vezes a morte, e não o progresso. A população, essa, vai sofrendo. A insensibilidade social nunca foi boa conselheira e nunca deu bons frutos. O que se pode esperar quando se passam a ver somente números em vez de ver seres humanos? O que se pode esperar quando se desumaniza a sociedade?
Não deixa de ser irónico que a Monarquia tenha, num arrebato de consciência, abolido a escravatura para a República (que se auto-denomina de libertadora), sem qualquer tipo de escrúpulos a reintroduzir em Portugal! Sim, porque parece que o que se está a assistir neste País não é ao aumento da competitividade, não é à liberalização do mercado de trabalho, não é à modernização! Parece estar-se a assistir à restauração ‘silenciosa’ da escravatura. O que mais se pode chamar ao aumento das horas de trabalho (sem a equivalente remuneração), ao desrespeito pelos direitos dos trabalhadores, ao desprezo pela vida dos mesmos tudo para beneficio de uns quanto protegidos (que da população não é certamente)? A única coisa que ainda nos separa da total escravatura é o facto de ainda haver ordenados. Mas mesmo esses estão a diminuir para níveis tão vergonhosos que muita gente já nem para comer tem! A diferença parece ser cada vez menor.
Para um regime que apregoa como seu lema ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’ (que originalidade!!!), tudo isto deixa muito a desejar, tudo isto é muito estranho. Liberdade? “Onde estás, quem te demora? (…) Movam nossos grilhões tua piedade”(*). Igualdade? Que igualdade existe numa sociedade em que os dinheiros públicos parecem ser suficientes para pagar salários e pensões desnecessariamente milionários mas parecem já não existir (somente a título de exemplo) para pagar as reformas a idosos, para investir na educação, na saúde e na cultura? Que igualdade é esta?
Fraternidade? Que fraternidade existe numa sociedade que promove as clivagens sociais ao invés de as atenuar? Que fraternidade existe numa sociedade que não protege aqueles que, por meio de trabalho, esforço e dedicação lutam por uma vida melhor?
Não existe tal coisa de ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’. São apenas palavras de uma promessa que nunca se concretizou em acções concretas (já lá vão mais de 100 anos). Será esta nunca cumprida promessa com 100 anos a manifestação da tão falada ética Republicana?
(continua…)
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