Recordar o Regícidio em todos os 1º de Fevereiro, desde 1908, parece um exercício masoquista próprio dos monárquicos que a imprensa gosta de enfatizar (com o acrescento da microdimensão politica do movimento monárquico). Mas de facto é algo mais, muito mais do que isso. Os monárquicos portugueses e democratas lembram publicamente uma vez por ano que Portugal, esse Portugal que já Camões lembrava aos comtemporâneos, desaparece todos os dias mais um pouco e desta vez são os próprios portugueses a entrar no processo de aniquilação cultural com taxas assustadores de natalidade
Apontem-me algo que faça parte do edificio ideológico republicano que tenha merecido por parte dos seus seguidores e descendentes intelectuais semelhante fidelidade temporal. 104 anos não é uma campanha nem tão pouco um movimento politico, mas sim um grito na escuridão que foi o sec XX português.
O Movimento monárquico é de facto pequeno e exíguo é número de militantes, mas muito mais pequeno é o número de convictos republicanos e menos ainda o número de pessoas que dentro da larga massa de “marinbistas” têm consciência do que foram os ultimos 100 anos na descontrução de Portugal.
Felizes foram SS.MM., Dom Carlos e Dom Luís pois não tiveram de assistir à morte lenta de Portugal (o tal que ia do Minho a Timor muito antes do senhor das botas comandar a belo prazer os destinos de uma Nação quase milenar).
Não tenhamos qualquer pudor, Portugal morre todos os dias mais um pouco e o mais triste é que acabamos por encarar esse facto como os republicanos de 1910 encararam o assassinato de um Chefe de Estado: “parte do processo natural de evolução”.
Afinal a decomposição também é uma evolução, assim parece e com um pouco de “sorte” não haverá um unico portugués para o contar daqui a 50 anos.
Ricardo Gomes da Silva
1 comentário:
Basta recordar o relato 'íntimo' de testemunha presencial e, em simultâneo, sobrevivente do vil atentado à Família Real há 104 anos - o próprio D. Manuel II - para nos darmos conta de que esta bárbara conspiração, deixando incrìvelmente impunes os seus criminosos mentores, não logrou aniquilar Portugal, muito menos alguma vez obteve a anuência popular generalizada.
Impõe-se, por isso, segundo cremos, seguir o exemplo de Yeltsin com o público pedido de desculpas pela eliminação da Família Real da Rússia, primeiro passo para se poder virar página tão negra da nossa secular história.
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