É um caso dramático a história deste palácio, repleta de memórias de instituições e famílias que aqui passaram, cuidaram e preservaram esta propriedade através dos tempos. Em 1973, com a morte do último proprietário, D. Vasco da Câmara, a Quinta da Alagoa foi doada à Câmara de Cascais, com o intuito de aqui fazerem um espaço cultural. Embora os Câmaras tenham sido generosos com a câmara, esta retribuiu à família e eleitorado com uma magnífica ruína histórica. Entendemos que a Câmara não respeitou os Câmaras nem os camaradas, deitando a perder este grandioso legado. Quando a fotografei, estava a Câmara a fazer obras na casa dos Câmaras, não de restauro, mas de consolidação para evitar a derrocada...apenas mais um pormenor, a reabilitação de edifícios históricos não se faz à "pazada" com montes de cimento, e sim com técnicas de construção da época original, os "inginheiros" da Câmara deviam saber disso, os camaradas trolhas é que não...
A Quinta da Alagoa, em Carcavelos, é apenas um vestígio da imensa área que a constituía. Um espaço verde e agradável, ensombrado pelas ruínas da casa senhorial que viu florescer o Vinho de Carcavelos.
Carta Régia de 19 de Janeiro de 1759 confiscou a Quinta da Alagoa à Companhia de Jesus, a quem pertencia provavelmente desde o princípio do século XVII. Segundo D. Luís Manuel da Câmara, há cartas do Padre António Vieira escritas na Quinta da Alagoa, onde este célebre jesuíta terá vivido entre 1641 e 1653.
Alguns anos depois de a Quinta ser confiscada, por volta de 1763, o Rei Dom José fez a sua doação a José Francisco da Cruz, anexando diversas parcelas de terra às já pertencentes à quinta. Para que se tenha ideia das dimensões do morgado então constituído, a relação conhecida dos terrenos que abrangia, englobava a Alagoa de Cima, Quinta das Vacas, Casaes do Zambujal, Tires, Quinta do Junqueiro (já perto do mar) e a Quinta Nova ou de Sto. António.
Até 1863, o morgado da Alagoa esteve na posse da mesma família passando de pais para filhos, sendo nesta data José Francisco da Cruz Alagoa, o 3º morgado da Quinta. Seria o terceiro e último, pois no referido ano foi promulgada uma lei que extinguia os morgadios.
Cerca de dez anos mais tarde, a Quinta, já propriedade do filho de José Alagoa, é comprada por Jerónimo José Moreira, natural de S. Domingos de Rana.
O Vinho de Carcavelos
Durante vários anos este novo proprietário fez obras na quinta, construindo novos edifícios, entre eles um «chalet», uma casa com caldeira para destilação de vinho e uma grande adega, onde ainda hoje se pode ver, na cartela sobre a porta Sul, as iniciais J. J. M., sobre a data de 1879.
Era o primeiro passo para a produção do Vinho de Carcavelos, do qual viria a ser um dos principais produtores.
Jerónimo Moreira foi Presidente da Câmara de Oeiras, cargo que assumiu em 1879.
Com a sua morte sem herdeiros directos a Quinta passa para a posse de seu irmão, que veio a falecer em 1895, altura em que se dá nova reviravolta na história da Quinta. Como os filhos do novo proprietário ainda eram menores, a Quinta foi colocada à venda, sendo comprada por Frederick Davidson que de imediato se dedicou à reanimação da vinha, atacada pela praga das videiras, a «filoxera». A sua vida na Quinta seria curta, vindo a falecer poucos anos depois de a comprar. Mais uma vez a Alagoa é vendida, desta vez a alguém cujo nome não caberia no espaço que hoje é reservado nos formulários, isto pelo facto do novo proprietário ter onze nomes! Mas tratemo-lo, com o devido respeito, por Vasco de Salles. A importância da Quinta para além da produção do Vinho de Carcavelos, pelo que recebeu prémios internacionais, era atestada pelas visitas ilustres que recebia, incluindo a família real. Foi após a implantação da República que Vasco de Salles mais se dedicou à produção do vinho, atingindo valores e prestígio muito importantes até à Guerra de 1914/1918, exportando uma grande parte do vinho produzido. Depois da Guerra, a concorrência de outros vinhos mais baratos e a degradação das próprias videiras, foram obrigando a substituir zonas de vinha por outras culturas, até que por volta de 1933 a Quinta da Alagoa deixou de produzir o Vinho de Carcavelos.
Falecido Vasco de Salles, e mais tarde sua esposa, herda a Quinta o filho, Vasco Manuel da Câmara, que procede a profundas alterações; planta pomares, cedros e eucaliptos, altera o jardim, arranca palmeiras e mehora o campo de Ténis. A Quinta passa a ser um ponto de encontro de personalidades, com uma vasta lista de nomes, onde figuram, por exemplo, o Rei Umberto de Itália ou o Arquiduque de Áustria e amigos do proprietário, que encontravam para além de um lugar aprazível, a simpatia de quem os recebia. Vasco da Câmara e sua esposa Maria do Carmo morrem em 1973, deixando nove filhos. A dificuldade de posse da Quinta por qualquer dos herdeiros, levou ao loteamento dos terrenos para urbanização, com doação à Camara Municipal de uma área para parque e arruamentos, assim como das casas, adega e outros anexos, com o fim de serem preservados.
Fonte: RUIN'ARTE
Com a sua morte sem herdeiros directos a Quinta passa para a posse de seu irmão, que veio a falecer em 1895, altura em que se dá nova reviravolta na história da Quinta. Como os filhos do novo proprietário ainda eram menores, a Quinta foi colocada à venda, sendo comprada por Frederick Davidson que de imediato se dedicou à reanimação da vinha, atacada pela praga das videiras, a «filoxera». A sua vida na Quinta seria curta, vindo a falecer poucos anos depois de a comprar. Mais uma vez a Alagoa é vendida, desta vez a alguém cujo nome não caberia no espaço que hoje é reservado nos formulários, isto pelo facto do novo proprietário ter onze nomes! Mas tratemo-lo, com o devido respeito, por Vasco de Salles. A importância da Quinta para além da produção do Vinho de Carcavelos, pelo que recebeu prémios internacionais, era atestada pelas visitas ilustres que recebia, incluindo a família real. Foi após a implantação da República que Vasco de Salles mais se dedicou à produção do vinho, atingindo valores e prestígio muito importantes até à Guerra de 1914/1918, exportando uma grande parte do vinho produzido. Depois da Guerra, a concorrência de outros vinhos mais baratos e a degradação das próprias videiras, foram obrigando a substituir zonas de vinha por outras culturas, até que por volta de 1933 a Quinta da Alagoa deixou de produzir o Vinho de Carcavelos.
Falecido Vasco de Salles, e mais tarde sua esposa, herda a Quinta o filho, Vasco Manuel da Câmara, que procede a profundas alterações; planta pomares, cedros e eucaliptos, altera o jardim, arranca palmeiras e mehora o campo de Ténis. A Quinta passa a ser um ponto de encontro de personalidades, com uma vasta lista de nomes, onde figuram, por exemplo, o Rei Umberto de Itália ou o Arquiduque de Áustria e amigos do proprietário, que encontravam para além de um lugar aprazível, a simpatia de quem os recebia. Vasco da Câmara e sua esposa Maria do Carmo morrem em 1973, deixando nove filhos. A dificuldade de posse da Quinta por qualquer dos herdeiros, levou ao loteamento dos terrenos para urbanização, com doação à Camara Municipal de uma área para parque e arruamentos, assim como das casas, adega e outros anexos, com o fim de serem preservados.
Fonte: RUIN'ARTE
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