sábado, 9 de janeiro de 2010

NOTAS DE UM DESAFIO À QUIETUDE DAS PROFUNDIDADES
"Quem considerar o Reino de Portugal no tempo passado, no presente e no futuro, no passado o verá vencido, no presente ressuscitado e no futuro glorioso; e em todas estas três diferenças de tempos e estilos lhe revelou e mandou primeiro interpretar o. favores e as mercês tão notáveis com que o determinava enobrecer: na primeira, fazendo-o, na segunda restituindo-o, na terceira, sublimando-o." (Padre António Vieira, in História do Futuro").
Há cem anos, um desembarque no Terreiro do Paço teve por objectivo impor pela força um regime que nunca veio a ser referendado.
(Em Abril de 1909, o congresso republicano de Setúbal elegeu um novo directório, pela primeira vez com elementos carbonários, e aprovou o uso da força para alcançar a república. Até esse momento a doutrina oficial republicana defendia a via eleitoral. Foi então constituída uma comissão para organizar a revolução, que não integrava um unico elemento carbonário. Assim, o directório republicano e a carbonária caminharam para a revolução de costas voltadas. Mas acabou mesmo por ser a carbonária quem fez o 5 de Outubro. A revolução correu, portanto, completamente ao contrário do pretendido pelo directório republicano. O 5 de Outubro foi, desta sorte, feito por uma minoria radical e ainda mais ínfima que o Partido Republicano. Também isto explica muito do que se veio a passar na I República...)
Hoje, a mesma força tentou impedir um desembarque de centenas de jovens que pretendiam - e continuarão a pretender - exactamente o contrário: de modo pacifico convocar o Povo, único verdadeiro soberano, para livremente decidir sobre que regime quer (sobre)viver.
(Na madrugada de 3 de Outubro de 1910, a sublevação de elementos republicanos teve sucesso apenas em três unidades da capital: Infantaria 16, Artilharia 1 e Quartel de marinheiros. E se as duas primeiras se revelaram incapazes de cumprir o seu objectivo inicial, já este último desempenhou efectivamente um papel fundamental na revolução. Alguns oficiais infiltrados tomaram os cruzadores Adamastor e S. Rafael, que estavam ancorados no Tejo, e que ao inicio da manhã do dia 4 começaram a bombardear as Necessidades. Depois da noticia da partida do rei para Mafra, estes navios dirigiram-se para o Terreiro do Paço.
No final do dia 4, o cruzador D. Carlos (navio almirante), que ainda não se pronunciara pela revolução, mas que também não a combatera, é dominado pelos revolucionários, e segue então para junto do S. Rafael e do Adamastor. É destes cruzadores que desembarcam, ao principio da manhã do dia 5, cerca de 1500 marinheiros republicanos, numa altura em que o quartel general já tinha mandado tocar o cessar fogo)
Há um ano vivemos o ano do centenário da morte do único Rei de Portugal, a par de D.Sebastião, que morreu de morte violenta - precisamente aquele que, parafraseando as palavras do próprio D. Carlos, foi um provocador da “quietude das profundidades”.
(Entre 2 de Abril e 5 de Agosto de 2009 a República gastou aos contribuintes, só em ajustes directos, ou seja, em adjudicações sem concurso público, a módica quantia de 507.670 euros. Em quatro meses! Em treze ajustes directos. Só no desenho do papel de carta, cartões de visita e afins de tão ilustres personagens gastaram-se dezoito mil contos de reis!)
Há um traço comum a todos os momentos críticos da História de Portugal - a ligação directa entre o Rei e o Povo. E há também outro - as chamadas elites estiveram quase sempre do lado errado. Ontem como hoje.
A 5 de Outubro de 1910 um desembarque no Terreiro do Paço teve por objectivo impor pela força um regime que nunca veio a ser referendado.
A 5 de Outubro de 2009 embarcaram em Belém centenas de jovens em novo desafio à quietude das profundidades.
Num destes dias a quietude das profundidades voltará à superfície.
Artigo de Paulo Teixeira Pinto no Diário de Noticias

4 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

... e se bem sabemos como as coisas se passam em Portugal, pode ser que quando for "a nossa vez", precisemos apenas de um regimento e de uma corporação de bombeiros. Ah... e de dois A340 para despachar a gatunagem para Barbados.

Maria Menezes disse...

Está tudo tão lento que quando chegar essa altura, se calhar já estou a fazer tijolo... eheheh

Luis Pedro Fernandes disse...

tenho 16 anos, e ja a alguns anos (desde que comecei a ter noçao da realidade) que me "doi" ver o estado em que o regime vigente deixa o pais, a falta de apoio a cultura portuguesa, a falta de apoio aos portugueses...
Pela mao do Sr Eng Jose Socrates estamos cada vez mais perto de nos tornar-mos uma provincia Espanhola
Custa-me ver a Historia de Portugal ser deixada para tras, é urgente que alguem una os portugueses, um REI!!!

Vou enviar a minha inscriçao para a Real Associação de Lisboa, podem contar com mais um jovem

valorizo o seu trabalho, optimo blog, so falta acordar-mos o resto dos Potugueses, nao é tarde de mais ;)

comprimentos

Maria Menezes disse...

Obrigada pela sua visita e inscreva-se na Real Associação de Lisboa e se tem disponibilidade, dê um apoio aos jovens que foram eleitos agora na direcção da Juventude Monárquica de Lisboa (JML). Precisamos de gente de boa vontade porque ainda há muito trabalho pela frente.
VIVA O REI!