domingo, 27 de maio de 2012

EL-REI DOM MANUEL II, O REI SAUDADE!

Aproximava-se o final do seu curto reinado. Dom Manuel de Bragança revia-se constantemente no trágico final do reinado de seu Pai. Os caboucos oscilavam, estremeciam, e o Rei via-se prestes a submergir, enganado por uns e caluniado por outros.
«Um Rei não pode nem deve desanimar», dizia-o Ele, já cansado da labuta moral do seu espírito sempre pronto a vencer as dificuldades, a batalhar no campo da honra e da glória!
«Se não me engano, a revolução ameaça-nos de perto! E nós só nos preocupamos com as misérrimas questões da nossa triste política.»
Mas aquela criança que ainda não contava com 21 anos, sem prática da vida, conhecendo mal a engrenagem dos bastidores da farça política, julgando os outros por si próprio, crentes na palavra dalguns que o rodeavam, confiava-se na plena segurança do exército que o aclamara nas vésperas do desenlace do seu curto reinado.
Soa os tiros da revolução. O seu espírito, então tristonho e calmo, contemplava melancolicamente a sua situação. Os republicanos faziam a sua investida. A alma popular vibrava com morras ao Rei e vivas à república. Dom Manuel achava-se sob o tiroteio no Palácio das Necessidades, com alguns dos seus amigos que o rodeavam. Ali se conservara durante uma hora e um quarto até que se viu obrigado a retirar-se para um exílio onde iniciaria uma vida calma, mas nunca deixando de pensar no seu querido País.
Achou-se na Inglateera, bem longe da sua Pátria natal, mas conservando sempre bem junto do coração o nome de Portual!
Ainda hoje a Senhora Condessa de Sabugosa narra uma frase de S.M., Dom Manuel, quando de passagem por Paris, ao encontrar-se com esta sua amiga de infância: 
«Não julguem os monárquicos que eu não desejaria voltar para Portugal, mas não para motivar revoluções, simplesmente para proporcionar o seu engrandecimento e bem estar da Pátria.»
Tal era o carinho e o amor por este seu torrão natal, pelo qual ele sempre de bem longe sentia uma saudade própria de verdadeiro patriota.
Do livro "O REI SAUDADE" de José Dias Sanches, com Prefácio de Dr. Thomás de Mello Breyner

1 comentário:

Joka disse...

Saudações. Podiam fazer o favor de me informar sobre o autor e a localização do quadro de D. Manuel II que ilustra esta mensagem. Muito Obrigado.