Nenhum dos leitores da edição de hoje do CM estará vivo em tal dia, mas Portugal é um dos países que mais depressa celebrarão mil anos de independência.
Isto se resistir até 2143. Ou, pelo menos, soprar 900 velas daqui a 32 anos, o que muitos de nós iremos testemunhar. Portugal pode consegui-lo, mas tem contra si tanto problemas económicos estruturais quanto a erosão da vontade de existir como Nação.
É neste quadro que aparece a proposta do Governo para abdicar do feriado de 1 de Dezembro, que celebra o dia em que os Restauradores puseram fim a 60 anos de domínio de Madrid.
Sendo certo que há poucos feriados para oferecer em troca dos religiosos – e que o 10 de Junho está fora dessas contas –, Portugal ficará a ser um dos raros países a deixarem de celebrar a libertação de uma potência estrangeira. Pelo contrário, os países bálticos celebram em duas datas diferentes o adeus ao Império Russo e à União Soviética.
Por cá, faltou coragem para assumir que o 25 de Abril, como simples mudança de regime, era um candidato mais óbvio a juntar-se ao 5 de Outubro entre os ex-feriados. Isso afrontaria mais gente do que varrer a independência para debaixo do tapete. Infelizmente.
Leonardo Ralha
Correio da Manhã
Leonardo Ralha
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