CONVERSAS COM O DUQUE DE BRAGANÇA
É possível a Restauração de uma Monarquia em Portugal?
- Penso que é possível. Que seria desejável para o país. Digo-o em termos plenamente objectivos. Também sobre esta matéria gostaria de fazer algumas observações. Em primeiro lugar, acreditando, como acredito, nas vantagens para uma comunidade nacional para a estrutura do Estado (no que respeita, designadamente, à sua simplificação e transparência) que resultariam da restauração da Monarquia, não tenho dúvida nenhuma que ela seria um bem para o país. Mas também, de tudo quanto já disse resulta com clareza que me é completamente estranha a ideia de qualquer restauração que não fosse pela via democrática. Só uma restauração desejada pelo povo e consagrada constitucionalmente pela deliberação dos seus representantes é concebível.»
Mas a minha pergunta visava muito concrectamente a possibilidade de a Monarquia ser restaurada.
- Acho que muitos portugueses são vísceralmente monárquicos. Muitíssimos. Mesmo sem o terem formulado! Gostam da continuidade e gostam de ver no presidente da república aquilo que no fundo gostariam de ver num Rei. Foram mais amados os Presidentes do “tipo régio”, que conseguiram encarnar de alguma forma uma figura nacionalmente simbólica, do que “os presidentes burocratas” que passaram apenas cortando fitas e assinando promulgações... Atrevo-me a pensar que se não houvesse um impedimento constitucional, os doiS últimos presidentes (pessoas completamente diferentes aliás!), poderiam ter sido reeleitos quase indefinidamente! Talvez até ao fim das suas vidas! Quer um quer outro conseguiram uma ligação ao povo que teve muito de monárquico, que muito se relaciona com a resposta à necessidade do homem da rua de ver, na chefia do estado, um símbolo que não é apenas (o que também é perfeitamente indispensável, como é evidente, mas noutro plano!), - o “Chefe da Administração Pública”.
Os portugueses sentem a diferença entre um chefe de estado e um chefe de governo. E de um chefe de estado eleito esperam que se eleve, tanto quanto lhe seja possível, acima de facções e de partidos! Posição que um Rei tem por natureza! Considero sintomático que os dois presidentes referidos tenham conhecido as suas menores “quotas” de popularidade e de “aprovação pública”, justamente nas épocas em que os cidadãos pensaram que se estavam a aproximar de posições politico-partidárias e a afastar de uma rigorosa posição supra-partidária! Acho que tiveram menos apoio... quando se afastaram de uma posição “régia”...
Mas mesmo admitindo uma tendência monárquica do povo português acha que o mesmo se pode dizer dos partidos?
- Há monárquicos nos partidos. Mas também neles há muitas pessoas para as quais a questão “monarquia-república” está ultrapassada e que não se apercebem claramente das grandes vantagens da Monarquia. E há ainda outro factor anti-monárquico: a circunstância de em todos os grandes partidos haver sempre alguns ”barões” que aspiram a chefia do estado como topo de uma carreira. E esses não gostariam de ver o lugar ocupado por um Rei... e colocado fora das batalhas eleitorais!
Excertos do livro “ O Passado de Portugal no seu Futuro”, de Manuela Gonzaga.
- Penso que é possível. Que seria desejável para o país. Digo-o em termos plenamente objectivos. Também sobre esta matéria gostaria de fazer algumas observações. Em primeiro lugar, acreditando, como acredito, nas vantagens para uma comunidade nacional para a estrutura do Estado (no que respeita, designadamente, à sua simplificação e transparência) que resultariam da restauração da Monarquia, não tenho dúvida nenhuma que ela seria um bem para o país. Mas também, de tudo quanto já disse resulta com clareza que me é completamente estranha a ideia de qualquer restauração que não fosse pela via democrática. Só uma restauração desejada pelo povo e consagrada constitucionalmente pela deliberação dos seus representantes é concebível.»
Mas a minha pergunta visava muito concrectamente a possibilidade de a Monarquia ser restaurada.
- Acho que muitos portugueses são vísceralmente monárquicos. Muitíssimos. Mesmo sem o terem formulado! Gostam da continuidade e gostam de ver no presidente da república aquilo que no fundo gostariam de ver num Rei. Foram mais amados os Presidentes do “tipo régio”, que conseguiram encarnar de alguma forma uma figura nacionalmente simbólica, do que “os presidentes burocratas” que passaram apenas cortando fitas e assinando promulgações... Atrevo-me a pensar que se não houvesse um impedimento constitucional, os doiS últimos presidentes (pessoas completamente diferentes aliás!), poderiam ter sido reeleitos quase indefinidamente! Talvez até ao fim das suas vidas! Quer um quer outro conseguiram uma ligação ao povo que teve muito de monárquico, que muito se relaciona com a resposta à necessidade do homem da rua de ver, na chefia do estado, um símbolo que não é apenas (o que também é perfeitamente indispensável, como é evidente, mas noutro plano!), - o “Chefe da Administração Pública”.
Os portugueses sentem a diferença entre um chefe de estado e um chefe de governo. E de um chefe de estado eleito esperam que se eleve, tanto quanto lhe seja possível, acima de facções e de partidos! Posição que um Rei tem por natureza! Considero sintomático que os dois presidentes referidos tenham conhecido as suas menores “quotas” de popularidade e de “aprovação pública”, justamente nas épocas em que os cidadãos pensaram que se estavam a aproximar de posições politico-partidárias e a afastar de uma rigorosa posição supra-partidária! Acho que tiveram menos apoio... quando se afastaram de uma posição “régia”...
Mas mesmo admitindo uma tendência monárquica do povo português acha que o mesmo se pode dizer dos partidos?
- Há monárquicos nos partidos. Mas também neles há muitas pessoas para as quais a questão “monarquia-república” está ultrapassada e que não se apercebem claramente das grandes vantagens da Monarquia. E há ainda outro factor anti-monárquico: a circunstância de em todos os grandes partidos haver sempre alguns ”barões” que aspiram a chefia do estado como topo de uma carreira. E esses não gostariam de ver o lugar ocupado por um Rei... e colocado fora das batalhas eleitorais!
Excertos do livro “ O Passado de Portugal no seu Futuro”, de Manuela Gonzaga.
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