segunda-feira, 9 de março de 2009

"PERGUNTAS À DEMOCRACIA" CHEGAM AO BRASIL
UMA CARTA DO BRASIL
«Artur meu caro amigo
O artigo “Perguntas à Democracia”, de D. Duarte de Bragança, parece ter sido escrito por um brasileiro. É só substituir por Brasil e brasileiros Portugal e portugueses. Salvo umas poucas exceções, tudo se encaixa perfeitamente, como uma luva diria meu pai.
Também vivemos situação parecida. O sentimento de insegurança quanto ao futuro, a vulnerabilidade de nossas fronteiras, o sentimento “caudilista” juntamente com a desconfiança que temos em nossos políticos, a começar pelo próprio presidente Lula, também “temos de perguntar até onde continuaremos a atribuir recursos financeiros a grandes naufrágios empresariais, ou a aeroportos e barragens faraônicas que são erros econômicos” e ainda inquirir sobre a morosidade de nosso sistema judicial a emperrar decisões importantes ficando sobre as mesas dos (ir)responsáveis uma papelada sem fim.
Concordo com D. Duarte quando fala que ser necessário que dirijamos todos nossos esforços na direção de uma economia mais realista, “mais sustentada”. Para ultrapassarmos as dificuldades, precisamos de todos os nossos recursos humanos em direção a uma economia mais “real”, mais sustentada, mais justa. O que nos acontece aqui é que os Estados disputam entre si quem vai abrigar essa ou aquela indústria, essa ou aquela refinaria de petróleo, esse ou aquele porto exportador. Não há consenso entre os governantes. O do Amazonas não aceita o que o de São Paulo, por exemplo, quer fazer. Assim como o de Pernambuco não aceita o desejo do de Sergipe. E por aí vai...
Há que se levar em conta ainda, sua razão ao dizer que num regime democrático, a responsabilidade fala mais alto. De nada adianta um país se dizer “democrático” se a tal democracia funciona a contento apenas para uns poucos. Ou ela é responsável ou não é democracia. De antemão sou voltado para um regime mais fechado que essa tal democracia só de boca nos impõe. A ela credito todas as mazelas que poluem o Brasil; desde as músicas (que de música nada tem), do crime organizado (a começar pelos congressistas), do desatino desses jovens que desacatam e destroem qualquer convívio social, das “armações” para o sustento de instituições declaradamente faltosas e por aí vai. Se isso for democracia peço a Deus que nos livre dela o quanto antes.
Nós também poderíamos estar confiantes. Reconhecemos que somos capazes e que se nos for permitido, ultrapassaremos esta crise que se avoluma dia-a-dia, que nos primeiros momentos nos foi passada que seriam “marolinhas” mas que se transformaram numa verdadeira tsumâni a derrubar empobrecendo cada vez mais os pequenos que necessitam pelo menos ter suas necessidades básicas atendidas. Creio que não é necessário mostrar que somos um País grande, isso todos já sabem, o que precisamos realmente mostrar é que somos um grande país, um país que tem um povo mestiço e que esta mestiçagem é um dos maiores legados de Portugal, nosso colonizador. Perdoe-me meu caro amigo. A leitura do artigo de D. Duarte mexeu com meus brios fazendo-me sentir que nada tenho feito senão reclamar e reclamar.
Um grande abraço de muita paz para ti meu amigão, para tua Vitória e todos os teus. Deus te abençoe.
Zé de Moraes»

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