O Notícias de Beja, num dos seus últimos números, transcrevia
preciosas declarações do venerando D. José do Patrocínio Dias, que foi Chefe
dos Capelães Militares do C.E.P. durante a Grande Guerra:
«O
Senhor Dom Manuel não se limitou a palavras, mas passou destas aos factos. É
conhecida – algumas vezes a temos ouvido salientar ao Exmo. Prelado de Beja – a
ternura, o carinho e bondade com o que acompanhou sempre os soldados
portugueses que entraram em campanha.
O
Chefe dos Capelães Militares Portugueses, recebia todos os meses grandes
quantidade de objectos para os soldados; eram agasalhos, de toda a espécie, era
tabaco, eram jogos e distrações, eram, até mimos de alimentação, e ainda todos
os auxílios que podiam servir aos feridos, como ligaduras, pensos, objectos cirúrgicós,
etc. Nada esquecia!
Por
muito tempo supôs o Capelão Chefe, que todas essas caritativas eram conseguidas
pelos peditórios realizados em Paris, por uma bondosíssima religiosa, a
veneranda Madre Augusta de Ornelas – visto que eram por elas enviadas. Só mais
tarde soube que, se de facto não faltava a solicitude da religiosa, quase todos
os presentes enviados aos soldados, provinham da munificência do Senhor Dom
Manuel de Bragança, que tivera o cuidado de não deixar aparecer o seu nome. Esses
actos de generosidade foram tantos e tais que, tendo o Capelão Chefe proposto
ao Comandante do C.E.P. que fosse dada uma condecoração à veneranda religiosa,
pelos seus serviços, foi esta condecorada com a Cruz de Cristo, pelo Governo
português. Mas outra devia ser, como foi, a gratidão manifestada ao Senhor Dom
Manuel, pelas suas benemerêncas. O Exmo. Prelado de Beja, então Capelão Chefe,
propôs que alguém fosse a Fulwell Park levar uma palavra de agradecimento ao
augusto exilado. O Comandante do C.E.P. não só se conformou com esta proposta,
mas nomeou o Dr. José do Patrocínio Dias, Capelão Chefe, para desempenhar essa
missão.
Lá
foi desempenhar essa missão a Londres, aquele que mais tarde havia de ser o Venerando Bispo de Beja, o qual ainda nessa data não conhecia o augusto exilado.
O
Senhor Dom Manuel, penhorado com esta demonstraçao que lhe vinha das tropas
portuguesas, cuja acção acompanhara com ansioso patriotismo, recebeu o Delegado
do C.E.P. com as demonstrações da mais cativante amabilidade. As generosidades
do Senhor Dom Manuel para com os nossos soldados foram bastante além de duas
centenas de contos».
Livro “O Rei Saudade”
Sem comentários:
Enviar um comentário