COMEMORAÇÕES DO 625º ANIVERSÁRIO DA BATALHA DOS ATOLEIROS
Quando D. Fernando morre, em 22 de Outubro de 1383, a situação que se cria, decorrente do Tratado de Salvaterra de Magos, celebrado em Abril de 1383 por iniciativa de D. Leonor Teles, o Conde João Fernandes Andeiro e D. Juan I de Castela, provoca mal-estar no Reino de Portugal. Com efeito, e para além de colocar na regência do Reino D. Leonor Teles, que era impopular para a grande maioria da população, este Tratado estabelece que a Coroa Portuguesa passaria a pertencer aos descendentes do Rei de Castela, D. Juan I, passando a capital do Reino para Toledo. O Reino de Castela iria inevitavelmente dominar Portugal. Esta situação não agrada á grande maioria da população portuguesa, gerando-se assim uma grave crise política. Um sector da sociedade portuguesa entendia que D. João, Mestre da Ordem militar de Avis e filho bastardo de D. Pedro I, tinha direito ao trono. D. Juan I de Castela invade então Portugal com o seu exército, em Janeiro de 1384, entrando pela cidade da Guarda e dirigindo-se seguidamente para Santarém. Sendo entretanto informado de uma incursão castelhana no Alentejo, D. João nomeia, em Março, Nuno Álvares Pereira fronteiro da comarca de Entre Tejo e Guadiana, com poder absoluto, quer militar, quer económico ou político. Foi autorizado por D. João a escolher, em Lisboa, 200 cavaleiros, dos quais 40 cavaleiros da primeira nobreza. Teve também autorização para juntar à sua hoste cerca de 1.000 homens a pé. Nuno Álvares Pereira parte então para o Alentejo. Dirige-se para Estremoz, onde teve conhecimento que os castelhanos já estavam no Crato. Os capitães que estavam debaixo das suas ordens tentaram dissuadi-lo a combater contra um exército muito superior e onde se encontravam dois dos seus irmãos. D. Nuno referiu então: “Amigos ! Bem sabeis que o Mestre me enviou a esta terra para que com a ajuda de Deus, vós e eu a defendamos de algum mal ou dano que os castelhanos lhe queiram fazer; e que esse feito lhes daria, para sempre, grande honra e bom nome; Grande bem faremos também a nós próprios em lutar, ao defender as nossas terras e bens, de que somos detentores”. No dia seguinte, 6 de Abril de 1384, D. Nuno parte com a sua gente em direcção a Fronteira, que estava então a ser cercada pelos castelhanos vindos do Crato. Parte D. Nuno com um exército de 1.500 homens. Pequena hoste, face à dimensão da tarefa que a aguardava.
Quando D. Fernando morre, em 22 de Outubro de 1383, a situação que se cria, decorrente do Tratado de Salvaterra de Magos, celebrado em Abril de 1383 por iniciativa de D. Leonor Teles, o Conde João Fernandes Andeiro e D. Juan I de Castela, provoca mal-estar no Reino de Portugal. Com efeito, e para além de colocar na regência do Reino D. Leonor Teles, que era impopular para a grande maioria da população, este Tratado estabelece que a Coroa Portuguesa passaria a pertencer aos descendentes do Rei de Castela, D. Juan I, passando a capital do Reino para Toledo. O Reino de Castela iria inevitavelmente dominar Portugal. Esta situação não agrada á grande maioria da população portuguesa, gerando-se assim uma grave crise política. Um sector da sociedade portuguesa entendia que D. João, Mestre da Ordem militar de Avis e filho bastardo de D. Pedro I, tinha direito ao trono. D. Juan I de Castela invade então Portugal com o seu exército, em Janeiro de 1384, entrando pela cidade da Guarda e dirigindo-se seguidamente para Santarém. Sendo entretanto informado de uma incursão castelhana no Alentejo, D. João nomeia, em Março, Nuno Álvares Pereira fronteiro da comarca de Entre Tejo e Guadiana, com poder absoluto, quer militar, quer económico ou político. Foi autorizado por D. João a escolher, em Lisboa, 200 cavaleiros, dos quais 40 cavaleiros da primeira nobreza. Teve também autorização para juntar à sua hoste cerca de 1.000 homens a pé. Nuno Álvares Pereira parte então para o Alentejo. Dirige-se para Estremoz, onde teve conhecimento que os castelhanos já estavam no Crato. Os capitães que estavam debaixo das suas ordens tentaram dissuadi-lo a combater contra um exército muito superior e onde se encontravam dois dos seus irmãos. D. Nuno referiu então: “Amigos ! Bem sabeis que o Mestre me enviou a esta terra para que com a ajuda de Deus, vós e eu a defendamos de algum mal ou dano que os castelhanos lhe queiram fazer; e que esse feito lhes daria, para sempre, grande honra e bom nome; Grande bem faremos também a nós próprios em lutar, ao defender as nossas terras e bens, de que somos detentores”. No dia seguinte, 6 de Abril de 1384, D. Nuno parte com a sua gente em direcção a Fronteira, que estava então a ser cercada pelos castelhanos vindos do Crato. Parte D. Nuno com um exército de 1.500 homens. Pequena hoste, face à dimensão da tarefa que a aguardava.
O desenrolar do combate: Chegado à Herdade dos Atoleiros, 2,5 Km a sul de Fronteira, Nuno Álvares Pereira suspendeu a marcha, e escolheu um local apropriado para colocar a sua hoste. Optou por um terreno ligeiramente inclinado, e que tinha em toda a extensão, na zona mais baixa, uma ribeira, chamada das Águas Belas. Tratou-se de um local extremamente bem escolhido, pois embora fosse aparentemente convidativo para um ataque, tinha diante de si uma ribeira, que não se vê a não ser de perto, e que era suficientemente larga e profunda para constituir um fosso. Por outro lado ao colocar os seus homens num local ligeiramente mais elevado, proporcionava um ângulo de tiro muito vantajoso para os besteiros. Nuno Álvares tratou então de ordenar o seu pequeno exército. Em primeiro lugar mandou apear toda a cavalaria, mal armada, e que seria incapaz de resistir ao choque dos esquadrões castelhanos. Seguidamente organizou com eles a vanguarda, as duas alas, colocando ainda alguns cavaleiros na retaguarda. Seguidamente colocou os besteiros pelas duas alas e também por detrás da vanguarda, de onde pudessem alvejar, com sucesso, os castelhanos quando estes se aproximassem. O exército castelhano era composto por cerca de 1.000 cavaleiros e 4.000 homens a pé. Chegados ao local, os castelhanos, ao verificarem quanto diminuta era a hoste portuguesa e a inferioridade do seu armamento, abandonaram a ideia de combaterem a pé e decidem montar os seus cavalos, convencidos de que a vitória estaria garantida. Pelas 12 horas, os castelhanos iniciaram o seu ataque de cavalaria. Os castelhanos que avançavam receberam então em cheio os dardos e virotões desferidos pelas fileiras interiores do exército português, lançados por cima da vanguarda portuguesa. Também os peões portugueses lançavam pedras em direcção aos castelhanos. Por outro lado a própria natureza do terreno, que neste local é bastante argiloso, fez com que vários cavalos tenham enterrado as suas patas no solo, deixando de conseguir avançar, o que muitas vezes provocou a queda dos respectivos cavaleiros. Mesmo assim muitos cavaleiros castelhanos chegaram ao contacto com os portugueses. Os portugueses situados na vanguarda tinham contudo, por ordem de Nuno Álvares Pereira, cravado obliquamente as suas lanças no chão, sendo cada lança segurada pelo braço de um homem. Constitui-se portanto uma frente cerrada, com dezenas de lanças apontadas obliquamente ao inimigo. Este facto fez com que muitos cavalos e cavaleiros inimigos se espetassem nas pontas das suas armas. Entretanto os peões e besteiros portugueses continuavam a lançar as suas pedras e virotões, provocando mortes e feridos no inimigo. Seguiram-se mais três ataques, efectuados contra a vanguarda e alas portuguesas, que continuaram contudo a resistir heróica e eficazmente. Com toda a probabilidade, nestes ataques castelhanos participaram também homens a pé. Sofreram contudo as mesmas dificuldades que os cavaleiros no avanço no terreno, ou seja, tanto devido á natureza do solo, como por serem atingidos pelas pedras, dardos e virotões dos portugueses. Alguns terão certamente chegado próximo da vanguarda portuguesa, mas não a conseguiram romper. Este combate que durou cerca de uma hora, não originou um grande número de mortes, que ocorreram sobretudo no choque inicial entre as duas vanguardas. Do lado castelhano terão morrido cerca de 600 cavaleiros e homens a pé, ou seja, cerca de 12% do seu exército. Em contraste, as baixas do lado português terão sido praticamente nulas. No dia seguinte à Batalha, D. Nuno Álvares Pereira dirigiu-se para Assumar, descalço e a pé, em agradecimento pelo resultado do combate e para fazer oração a Santa Maria desta Vila.
Consequências da Batalha dos Atoleiros: O êxito alcançado na Batalha dos Atoleiros teve um enorme impacto psicológico nos apoiantes do Mestre de Avis e de uma forma geral em Portugal, ao demonstrar que apesar de todo o seu poderio militar, os castelhanos não eram invencíveis. Esta constatação demonstrou aos portugueses, que se devidamente organizada e orientada, a luta pela independência do Reino poderia ser bem sucedida. A Batalha dos Atoleiros constitui um acontecimento de extrema importância na chamada crise de 1383 a 1385, que consagrou e definiu a identidade de Portugal, como País, como povo e como nação. Esta consciência de independência nacional jamais se veio a perder, chegou aos nossos dias e certamente permanecerá no futuro. O êxito alcançado na Batalha dos Atoleiros iniciou assim um processo notável de afirmação da nação portuguesa, sem o qual não teria sido possível nem Aljubarrota, nem mais tarde o Acordo de Paz com Castela, em 1411.
Programa das Comemorações, dias 4, 5 e 6 de Abril de 2009 http://www.batalhadosatoleiros.com/
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As comemorações dos 625 anos da Batalha dos Atoleiros, em Fronteira (Portalegre), vão este ano ficar marcadas pelo início das obras de construção de um Centro de Interpretação, num investimento de 2,4 milhões de euros. Ler notícia: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=4&id_news=380567
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