A varonia real do ramo Constitucional é posta em causa pelo casamento de D. Maria II com o príncipe Fernando de Saxe-Coburg-Gotha, pela dupla nacionalidade de D. Pedro IV, pela morte de D. Manuel II, sem descendentes.
A varonia real manteve-se na descendência do rei D. Miguel I (que viveu exilado na Áustria). Ao contrário do seu irmão, Rei Dom Pedro I do Brasil e Dom Pedro IV de Portugal, que fomentou a independência do Brasil e se tornou seu Imperador. Dom Miguel I sempre se opôs terminantemente ao desmembramento do território português.
O facto de Dom Pedro ser Imperador do Brasil tira-lhe a legitimidade à ascensão ao trono de Portugal, que devia ter sido dado a Dom Miguel I.
Dom Duarte Nuno, 23º Duque de Bragança, Pai de Dom Duarte Pio, nasceu no exílio da Família em Seebenstem, na Áustria, mas em terra diplomática portuguesa, em 23 de Setembro de 1907. Por renuncia de seu Pai, Dom Miguel II, recebeu a representação dos direitos políticos e dinásticos do ramo legitimista em 1920, com apenas 13 anos, tendo tido a tia, a Duquesa de Guimarães, como tutora política. Após o falecimento, em 1932, do deposto Rei Dom Manuel II, sem descendência, Dom Duarte Nuno foi reconhecido e aclamado Rei pela Causa Monárquica, passando a ser o Duque de Bragança, cujos bens perdeu em 1933, por um decreto, em que foi criada a Fundação da Casa de Bragança.
Em 1942, casou com Dona Maria Francisca de Orleães e Bragança, Princesa do Brasil da casa de Orléans e Bragança e bisneta de Pedro II, imperador do Brasil (1825-1891). O casal teve três filhos:
Duarte Pio, Duque de Bragança (1945) - actual Duque de Bragança.
Miguel Rafael Gabriel Xavier Teresa Maria Félix de Bragança, sétimo Duque de Viseu (1946).
Henrique Nuno João Miguel de Bragança, quarto Duque de Coimbra (1949).
Depois de terem sido abolidas as Leis de Banimento e de Proscrição de 1834 - 1838 e de 1910, pela Assembleia Nacional em 1950, e de ter sido reconhecido aos descendentes de Dom Miguel I o direito ao trono de Portugal, Dom Duarte NUno regressa ao país, com a Família, em 1952, mantendo um certo afastamento ao regime vigente.
Viveu até 1974 no Palácio de S. Marcos, perto de Coimbra, cedido pela Fundação da Casa de Bragança, que depois do 25 de Abril o forçou a retirar-se.
Faleceu no dia 24 de Dezembro de 1976, na véspera do dia de Natal, em casa de Sua Irmã, a Infanta Dona Filipa, em Lisboa. Jaz em Vila Viçosa, no Panteão dos Duques de Bragança.
Era muito amigo do Papa Pio XII, mesmo antes deste se tornar Papa. Por esta razão, o Papa foi o padrinho de Baptismo de Dom Duarte Pio de Bragança, o actual Duque de Bragança.
Nasceu no Castelo d'Eu, filha de D. Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, que renunciou a seus direitos dinásticos para se casar com a condessa Isabel Dobrzensky de Dobrzenicz.
Sejam quais forem os tempos, de longe ou de perto, vós sois para mim o mesmo que fostes para os meus Antepassados: o Povo querido e glorioso que melhor serviu a Deus e à sua Terra e mais amou os seus Reis. Por isso vos anuncio, como Eles anunciavam, o nascimento de meu Filho, oferecendo a sua vida ao bem de Portugal com o mesmo fervor com que há muito consagrei a minha.
Herdeiro de deveres imprescritíveis, acima de interesses pessoais e de partidarismos, dou-vos nesta hora de interrogações e ansiedades que oprimem, a certeza de que não findará no meu Lar a consciência das responsabilidades que me prendem a Portugal e à felicidade de todos os Portugueses.
De todos vós, sou o único a quem as circunstâncias não permitem viver nessa terra bendita que meus Avós tanto dilataram. Quero-lhe, porém, dobradamente e ao seu Povo, na saudade constante a que a separação me força. O vosso coração deve compreender isto. E compreender também que, quanto tenho sofrido no exílio, só me faz desejar que nenhum de vós o sofra.
Unamo-nos todos. Temos de favorecer a harmonia, a ordem de que a Nação precisa. Mas igualmente vos digo que não renuncio nem fujo a nenhuma das minhas responsabilidades históricas. E espero que a vossa consciência colectiva vos mostre, num profundo instinto acordado, que só na Monarquia reencontrará as garantias, direitos e liberdades derivadas dum Poder que, por ser legítimo e natural, não depende de divisões nem de egoísmos.
Antes de tudo, preocupa-me a existência dos pobres, dos necessitados, dos trabalhadores; e, num aumento geral de riqueza, o conjunto de providências que a todos devem levar pão e alegria. Penso, do mesmo modo, no nosso lugar no mundo e no completo resgate da civilização que Portugal tão largamente difundiu e tantos males e experiências têm ameaçado. Estas preocupações e os sentimentos de justiça que as determinam, derivam dos fundamentos morais dos princípios que sustento, da própria ética cristã que os formou, sem necessidade de outras razões.
Desejo ainda notar a circunstância feliz do meu Herdeiro ter nascido nas primeiras horas de paz no Ocidente e da vitória da nossa aliada, a Grã-Bretanha, a quem nos prende, e ao seu Rei, uma amizade muitas vezes secular, sem esquecer outras nações a nós ligadas pelo sangue, pelo espírito e pela afinidade de interesses europeus ou universais.
E podeis acreditar que, em meu Filho, continuará a dedicação com que vos acompanho, pensando só no bem de todos vós e na grandeza da Pátria.
Duque de Bragança.
( D. Duarte Nuno de Bragança)
(In Dom Duarte Nuno de Bragança — Um Rei que não Reinou. Testemunhos sobre a vida e a obra de Dom Duarte II Chefe da Casa Real de Bragança, Lisboa, 1992, pp. 233-234)
Sem comentários:
Enviar um comentário