quarta-feira, 31 de julho de 2013

PORTUGAL SEMPRE!


Como portugueses saibamos honrar a sorte de possuirmos tão condigna Casa Real Portuguesa, que pelo seu exemplo a todos nós deve encher de orgulho. 
Ao contrário da «república» a coroa é pela sua natureza uma instituição politicamente abrangente e unificadora: não estigmatiza quaisquer credos, clubes ou convicções políticas. 
Na sua génese a Causa Real é um movimento monárquico aglutinador de diferentes (às vezes antagónicas) sensibilidades politico-filosóficas. 
A tolerância e inclusão constitui o mais valioso argumento político, de que todos os monárquicos se devem regozijar e partilhar com os concidadãos desinformados.
António Peres

terça-feira, 30 de julho de 2013

A RAINHA, O LIVRO E O DIRECTOR DO PALÁCIO D'AJUDA

A Rainha. Novecentos anos de história deram a Portugal o tempo necessário para a manifestação de personalidades hoje totalmente esquecidas, mas nem por isso menos determinantes para a afirmação internacional do país que somos. Em períodos onde pesou de sobremaneira o perigo da ocupação estrangeira, o país contou com mulheres exemplarmente exercendo a regência. Na sua grande maioria estrangeiras, cumpriram a função da qual dependia a independência de Portugal. Este é o caso de D. Luísa de Gusmão, talvez a soberana que mais perigos enfrentou durante a sua chefia do Estado, colocando Portugal acima de quaisquer considerações familiares e da sua pátria de origem. No hoje quase obsessivo assunto da assistência social, as rainhas portuguesas marcaram indelevelmente a atenção votada pela Coroa aos mais desprotegidos, em épocas onde a vileza do homem era sobretudo considerada pelo extracto, o berço - ou a ausência deste - onde tinha nascido. A lista é longa, contando-se a Rainha Santa Isabel, D. Filipa de Lencastre, D. Leonor, D. Estefânia e D. Maria Pia, entre aquelas que a memória popular não deixa esquecer. Contudo, quando nestes tempos convulsos alguém se refere à Rainha, a personalidade citada é incontornavelmente D. Amélia. Talvez por ter sido aquela que mais próxima de nós está pela contagem das gerações - as nossas bisavós tiveram-na como referência quotidiana num país constantemente à beira do abismo -, será uma verdade reconhecermos a sorte de podermos reconhecê-la de imediato. Existem milhares de fotografias de D. Amélia de Orleães e mesmo que assim não fosse, restava-nos a grandeza da obra que abnegadamente ergueu num país preocupado com umas tantas pequenezes que insistentemente devoraram todo o século XX e, num misto de mania e teimosia, prosseguem na senda dissolvente da nossa própria - se é que ainda existe - consciência nacional. D. Amélia sintetiza a saudade de muitos portugueses pela Monarquia, significando uma grandeza quase assustadora neste Portugal dado a gente timorata quanto à adopção das novidades, por muito evidentes e benfazejas que estas sejam. Além dos já clássicos autores seus contemporâneos, pelos politicamente rancorosos considerados como desdenháveis panegiristas, poucas biografias de D. Amélia, a Grande, podem ser consideradas como obras fiáveis e distantes das paixões, ódios ou meros intuitos comerciais à semelhança das revistas de um mundo alegadamente cor de rosa e sem qualquer substância. 
Folheei o livro de José Alberto Ribeiro, por sinal o novo responsável pelo Palácio da Ajuda. A leitura na diagonal de umas tantas páginas, chama-nos a atenção pelo constante desejo de dar voz a D. Amélia, recorrendo às suas palavras. Se é bem certo que talvez nos tenham sido omissas algumas passagens propiciadoras de novas controvérsias, aquilo que o autor nos deixa, é a multifacetada personalidade de uma mulher antes de tudo consciente dos seus deveres. A banalização que o padronizar "por baixo" impõe como norma, talvez incomode alguns leitores pouco interessados no tentar compreender da mentalidade da época. Os portugueses vivem soterrados pelo anacrónico império de uma certa versão de neo-realismo, quase se exaltando as misérias como máximas provas de bem-aventurança. Vivemos obrigados a enaltecer os Feios, Porcos e Maus. É um fado em tudo contrário à imponente figura daquela que ainda hoje é a Rainha. Se a tudo isto acrescentarmos a volatilidade da política do Portugal do virar do século e as profundas transformações que muito alteraram o país nos últimos cinquenta anos de vigência da Monarquia Constitucional, torna-se então praticamente impossível vislumbrar aquele complexo todo que garante a verdade, não permitindo interpretações ao sabor dos apetites políticos ou adequação à moda de um dado momento. José Alberto Ribeiro exaustivamente traça o percurso da Rainha em Portugal e de forma ainda mais interessante, a vida e os afazeres de D. Amélia durante o longo período de exílio, metade da sua existência, em que ao contrário daquilo que dela muitos esperariam, jamais se desinteressaria do seu país. Da autoria de Rui Ramos, a excelente biografia de D. Carlos será decerto uma obra que inevitavelmente acompanhará esta agora apresentada pelo director do Palácio da Ajuda, ajudando-nos a compreender, mesmo de forma muito ténue e sempre aberta a outras contribuições vindouras, as personalidades do casal real e tão importante como a curiosidade pelos reis, o Portugal que fomos e em alguns aspectos nada recomendáveis, ainda continuamos a ser. 

Quanto ao Palácio da Ajuda, esta grande mole de pedra é o elefante branco dos vários regimes que assistiram à sua construção, período de fugaz opulência e agora, o calamitoso e desnecessário decair  de um símbolo. Grotesca e sintomática é a forma como dele se aproveitam as nossas autoridades, nada envergonhadas por receberem o mundo que oficialmente nos visita, num espaço que poderia ser bem diferente. A total ausência de vontade e de imaginação para a gestão ou angariação de recursos, é a constante daquele que sem dúvida poderia ser o mais importante espaço público da capital portuguesa. Neste momento, lembro-me de uma carta enviada há muitos anos ao então 1º Ministro Cavaco Silva, alvitrando-lhe uma opção mais económica e culturalmente mais valiosa que aquela decidida com o fim de dotar a capital com um espaço de renome. Em vez do projectado CCB, sugeri então a conclusão das obras da Ajuda e o pleno aproveitamento da nova área a construir para as actividades apontadas pelas autoridades como absolutamente necessárias. Nem sequer uma acusação de recepção de missiva alguma vez chegou às minhas mãos. É este o regime que temos e a ele estamos resignados.

Voltando à Rainha D. Amélia, será com todo o interesse e atenção que hoje mesmo iniciarei a leitura do livro.

Nuno Castelo-Branco

segunda-feira, 29 de julho de 2013

S.A.R., DOM DUARTE ESTEVE PRESENTE NO CONGRESSO "A ORDEM DE CRISTO E A EXPANSÃO"

Os crioulos cabo-verdianos Cavaleiros da Ordem de Cristo, ao candidatarem-se, eram muitas vezes rejeitados por questões de “pureza de sangue” mas nem sempre os óbices provinham dos seus antepassados africanos mas sim dos portugueses, defendeu a historiadora Teresa Neves, que dissertou na Sociedade de Geografia sobre “Os Cavaleiros da Ordem de Cristo nas ilhas de Cabo Verde (séc. XVI a XVIII)”. Na plateia, um ouvinte ilustre, Dom Duarte Pio de Bragança, Herdeiro do trono de Portugal.
A comunicação inseriu-se no congresso “A Ordem de Cristo e a Expansão”, em Lisboa, a que foram apresentadas 42 comunicações de historiadores reconhecidos, de várias nacionalidades.

Maria Manuel Torrão, por exemplo, falou sobre “Negócios negros para a obtenção de uma cruz: Mercadores negreiros na senda dos hábitos da Cruz de Cristo”.

Segundo ela, obter um título de nobreza era uma recompensa por serviços prestados à Coroa e os traficantes de escravos ambicionavam-no. Conseguiam-no muitas vezes porque o comércio humano proporcionava-lhes grandes lucros, o que lhes permitiu por vezes socorrer casas reais com problemas financeiros.

Não eram todos obrigatoriamente de origem portuguesa. O negreiro António Torres e os seus dois irmãos, por exemplo, provinham de Castela mas fixaram-se em Portugal.

Em determinada altura, António Torres residiu mesmo em Cabo Verde, que lhe servia de escala para o transporte de escravos entre o Golfo da Guiné e o continente americano, nomeadamente Antilhas e Honduras. Acabou por ser recompensado pelo rei D. João III que o nobilitou.

Teresa das Neves salientou que, até ao final do século XVII, os governadores de Cabo Verde eram todos membros da Ordem de Cristo e levavam para ali, nas suas comitivas, não só familiares como amigos, também eles membros da Ordem.

Eram vistos como representantes reais, com o estilo de vida da nobreza, vivendo dos rendimentos.

Cabo Verde teve várias gerações de Cavaleiros da Ordem de Cristo, uns nascidos no Reino de Portugal, outros já em Santiago e que descendiam de um governador que, ao contrário de outros com o mesmo cargo, viveu ali dez anos, casando os filhos com mulheres ali nascidas. Prestavam serviços à coroa com milícias a cavalo e escravos, pagos por eles, acabando por ser ressarcidos com a Ordem de Cristo.

Ao candidatarem-se, enumeravam os serviços prestados, como as suas façanhas no combate à pirataria que assolava o Arquipélago.

A Mesa da Consciência examinava depois, minuciosamente o perfil dos candidatos, nomeadamente a “pureza de sangue”.

No caso de Pedro Cardoso do Amaral (séc.XVIII), nascido em Santiago mas descendente de um madeirense de apelido Bezerra, foi-lhe apontado como obstáculo ter um avô reinol (nascido no reino) casado com uma mulher de “segunda condição”. Para André Alvares de Almada (1598-1603), também nascido em Santiago, foi alegada a existência de uma avó negra.

Sobre Pedro de Barros (séc.XVII) recaíram suspeitas de ser cristão novo (judeus convertidos).

Nestes três casos, as objecções foram rejeitadas e os candidatos receberam a recompensa dos seus feitos.

Uma constante das várias comunicações apresentadas foi o financiamento da evangelização.

Francisco Figueira de Faria, ao dissertar sobre “O padroado, a Ordem de Cristo e o financiamento das missões ultramarinas” considerou ter sido “cómodo” para a Santa Sé delegar nas coroas ibéricas a evangelização dos territórios ultramarinos.

Por seu lado, os reis que tinham de suportar os numerosos encargos dessa missão, nomeadamente a construção de igrejas, tinham de “rentabilizar ao máximo os seus investimentos” mas, mesmo assim, o financiamento era sempre “parco e tardio”.

A diocese de Cabo Verde, criada em 1533 chegou a incluir para além da Sé, igrejas e capelas, um palácio episcopal. No início do séc. XVIII, já os filhos da terra monopolizavam o clero local, depois de esses lugares serem providos por concursos anunciados em editais locais.

Criada em Portugal em 1319, a Ordem de Cristo teve um papel determinante na evangelização dos povos contactados, especialmente entre os séculos XVI e XVIII. O seu símbolo, uma cruz, marcava as velas das caravelas portuguesas.

Para o Professor João Pereira Neto, muito do que foi dito nas comunicações explica em grande parte o que se passava na administração colonial que encontrou no Arquipélago de Cabo Verde no séc.XX: “São as raízes do Portugal profundo. É o Portugal que fomos até há pouco tempo, o que somos e que, se calhar, outros virão a ser “.

No período de perguntas da assistência, Dom Duarte chamou também a atenção para o facto de ainda hoje nas cerimónias no Brasil, a bandeira da Ordem de Cristo ter precedência sobre as outras.

Ao responder, a historiadora Maria João Soares lembrou que alguns documentos antigos referem as terras do interior do Brasil como pertença do rei, não como monarca mas por ser o administrador da Ordem de Cristo.

A Ordem de Cristo foi criada em 1319 para substituir a Ordem dos Templários mas foi com os Descobrimentos e o Infante D. Henrique que atingiu o apogeu.

Entre os membros mais famosos da Ordem de Cristo, destacam-se Vasco da Gama (descobridor do caminho marítimo para a Índia), Pedro Álvares Cabral (que aportou ao Brasil) e Bartolomeu Dias (o primeiro europeu a chegar à costa da Namíbia e ao Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, onde anos mais tarde viria a morrer num naufrágio, e que colocou padrões em pedra ao longo da costa, nomeadamente a Norte de Angola, no Cabo da Volta, hoje chamado Dias Point, no Congo).

O património da Ordem incluía o Convento de Tomar, a sua sede, o Castelo de Almourol e a Torre de Belém, entre outros monumentos portugueses.

Quando a Ordem foi extinta em 1834, os seus bens foram expropriados e vendidos mas, em 1918, foi restabelecida para “premiar os serviços relevantes de nacionais ou estrangeiros prestados ao país ou à humanidade, tanto militares como civis”.

A Cruz de Cristo, como é vulgarmente designado o seu emblema, é ainda hoje usada como símbolo pela Força Aérea Portuguesa, pelas selecções de futebol de Portugal e do Brasil e pelo Belenenses, figura na bandeira ou no brasão de vários municípios brasileiros.

domingo, 28 de julho de 2013

QUAL É O MELHOR MOMENTO PARA A MONARQUIA?


Esta é uma pergunta que me tem surgido no pensamento há já algum tempo, porque vejo muitas pessoas monárquicas a dizerem que devíamos esperar um momento melhor para propormos uma Monarquia aos Portugueses, ou que o Senhor Dom Duarte merecia ser Rei num melhor momento.
Mas qual é que é o melhor momento? Esse melhor momento vai alguma vez surgir, tendo em conta a realidade concreta em que estamos a viver?
Verdadeiramente, não concordo com essas pessoas. Talvez porque a minha concepção de Monarquia seja um bocado diferente. Eu sempre entendi a Causa Monárquica e a Monarquia como a solução para ajudar a resolver os problemas, muitos deles graves, de que o País padece. Esses problemas são, mais do que económicos, ou financeiros, ou sociais. Esses problemas são de valores, princípios, éticos! E estes problemas não se resolvem, nem com mudanças de governo, nem com eleições, nem com governos de iniciativa presidencial, etc. A resolução do problema centra-se na mudança que ambicionamos!
Entendo que Portugal precisa de se dotar de um Parlamentarismo em que os cidadãos mais do que elegerem partidos políticos, elejam pessoas e que possam removê-las do Parlamento se forem incapazes. Entendo que Portugal precisa de uma nova Constituição que consagre um Parlamentarismo Democrático encimado pela Instituição Real, verdadeira fonte de confiança, princípios, valores, e ética (a tal ética republicana!).
Entendo que a Monarquia Parlamentar e Democrática, sufragada pelos Cidadãos, irá instituir um novo Estado de Direito, com um Sistema Judicial que verdadeiramente seja justo e com o qual nenhum Cidadão, poderoso ou não julgue que pode estar acima da Lei!
Actualmente vivemos uma situação económico-social que se transformou num verdadeiro pesadelo! Pelo que, qual é o melhor momento para a Monarquia?
Neste momento, o que posso dizer da situação monárquica actual? Estamos mais aguerridos, do que estávamos há uns anos atrás. Melhorámos os nossos meios de comunicação, mas continuamos dependentes deles. Não estamos, de forma alguma, a marcar a agenda política, porque se o estivessemos verdadeiramente, os comentadores políticos, por exemplo, não estariam alguns a falar numa IV República Presidencialista! Ninguém na Imprensa escrita ou na televisão fala verdadeiramente na opção ou alternativa Monárquica! Como Monárquicos não devemos baixar os braços por causa disso. Estamos a crescer, mas ainda precisamos de trabalhar muito mais para sermos ouvidos e sobretudo para que nos levem mesmo a sério!
Esse trabalho faz-se não só na Net, mas também fomentando uma verdadeira militância junto da população.
Não temos o direito de exigir do nosso Rei seja o que for! O Rei não é um político. Não tem que assumir nada perante as câmaras de televisão. Não tem que propôr políticas públicas, quando o seu dever é o de representar e dar confiança aos Portugueses e aqui o Senhor Dom Duarte tem tido um trabalho notável! Como monárquicos não temos o direito de exigir ao Rei o que não queremos ou não nos apetece fazer! Precisamos de ser justos! Nós Monárquicos é que temos que lutar pela Monarquia, unidos, em torno da nossa Família Real.
A militância monárquica não se faz nos meios monárquicos. A militância monárquica faz-se junto da população. E esta, neste momento, está descontente; não acredita na classe política, tem dúvidas quanto ao futuro!
Do que estamos à espera?
Pelo que, voltando à questão inicial: Qual é o melhor momento para a Monarquia? É AGORA! Mas precisamos de trabalhar muito para isso, sempre com os pés bem assentes no chão! Que podemos lá chegar, não tenho dúvidas, mas temos que nos deixar de sonhos e actuar. Como disse há tempos é preciso CONCRETIZAR A MONARQUIA!

sábado, 27 de julho de 2013

"A ÉTICA DA EXIGÊNCIA"

Em primeiro lugar, quero agradecer a oportunidade de vir a esta simpática cidade, a convite da Real Associação do Porto, a uma terra de gente tão boa, e que tão bem me acolheu, falar do que todos aqui, admito eu, há muito sabem.

Na minha actividade académica estou habituado a ensinar. Aqui, convosco, sinto que só posso aprender.

Por isso, tentarei ser breve, para ter a oportunidade de ouvir e de debater com quem saiba mais do que eu...

Propus-me trazer-vos uma charla que, hão-de fazer-me essa justiça, tem ao menos um título impressivo: a ética da exigência. Se nada do que disser a partir daqui se aproveitar, ao menos não se há-de perder tudo. O título se calhar não é mau.

A Ética ocupa-se de valores e de princípios que se manifestam no comportamento humano. Que se traduzem ou que enformam a nossa maneira de viver e de nos relacionarmos uns com os outros. A Ética, neste sentido, é relacional. Sugere o outro,a minha relação com ele, implica comunidade. Espaço comum, Res publica. Por isso, “ética republicana”, expressão tão soprada pelas bocas mais insuspeitas, e até por terroristas, ou é pleonasmo ou paradoxo.

Será pleonasmo se tiver por referência a qualificação da intervenção cívica, a prossecução do bem comum. Será apenas paradoxo se a quiserem relacionar com este regime que há 102 anos nos castiga.

Que Ética pode andar de mão dada com a República, essa senhora de mau porte e pouca roupa, sobretudo da cintura para cima e que nenhum bom pai de família gostaria de ter por nora? Na república, no nosso sistema republicano, não vejo princípios e valores. Não há princípios, porque está na cara que isto vai ter um fim triste, não há valores porque senão já os tinham posto no prego. Um paradoxo, portanto.

Um paradoxo tão mais evidente quanto é certo que pretendem associar a essa ética republicana (peço desculpa por estar a dizer palavras feias à mesa!) uma forma despojada e altruísta de exercício da política, quando o que mais há é exemplos do contrário. A bala como argumento político e o homicídio como derradeira vitória das ideias. Já se percebeu que a Ética nada tem que ver com regimes. E se tivesse, não era com este regime republicano.

Mas a ética casa bem com a exigência. Com a vontade de não nos bastarmos com a mediocridade. Por isso, os cultores da ética hão-de apreciar dois conceitos modelares da nossa vida colectiva: democracia eliberdade. E estes dois conceitos, como tenho tido a oportunidade de dizer noutras ocasiões, referem-se mais ao sistema de Governo do que a forma de organização do Estado. É evidente que a democracia e a liberdade não são sinónimos de república. Isto é uma evidência. E essa pode bem ser a nossa primeira exigência: a da verdade! Distinguir a verdade da mentira. Se democracia e liberdade fossem sinónimos de república, teríamos paraísos democráticos no Irão e em Cuba. E vandálicas tiranias na Noruega e no Japão. No Luxemburgo e na Dinamarca. Na Austrália e no Canadá. Apesar de tudo, quer-me parecer que nenhuma lição de democracia ou de liberdade pode a Suécia receber da Birmânia.

Mesmo a nossa república tem muito pouco que ver com democracia e com liberdade. Até porque, na verdade, se vivia uma democracia muito mais representativa e se experimentava uma liberdade muito mais arejada em 1909 do que em 1911. Em nome da dita democracia e da apregoada liberdade, o que se fez foi, pura e simplesmente acabar com elas. Com a democracia e sobretudo com a liberdade.

Mesmo ao nível da liberdade de expressão e de representatividade nas assembleias legislativas. Em 1909 o PRP existia, legalizado, concorria a eleições e tinha deputados que nas câmaras diziam do Chefe do Estado – o Rei – o que Maomé não ousava dizer do toucinho. Pois bem, logo alcançadas as mais amplas liberdades que o cinco do dez tornou possíveis, encheram-se preventivamente as prisões de criminosos de pensamento, reduziu-se drasticamente o universo eleitoral (nem pensar no voto feminino tão apegado ao beatério) e impediu-se a representação política monárquica. Foi assim. Isto são factos, factos que teimam em andar esquecidos.

Mas, hoje, isso é história. E se disto aqui falo, agora, é só para recordar que, como diz o Povo, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Mas é história e não é dela que nos alimentamos. Como alguém disse, um povo sem memória é um povo sem futuro. E esta aventura colectiva que é Portugal não começou em 1910, ao contrário do que muitos nos querem fazer acreditar.

Portugal começou a 5 de Outubro, sim, mas do longínquo ano de 1143. É com o Tratado de Zamora que todo um Povo, inspirado pela acção mobilizadora do Rei, impõe a existência de um novo Estado soberano, de uma Nação livre e independente.

Mas isto, como já disse, isto é História. E mesmo tendo memória, uma memória crítica, exigente, devemos estar apostados, sobretudo, em construir Futuro.

E é em nome dessa exigência que se pode perguntar: que sentido faz manter o actual sistema político? É certo que todos sabemos que hoje as preocupações das pessoas são outras. Hoje, as pessoas temem o que o futuro reserva às suas vidas. À sua e à dos seus filhos.

Mas os que não conseguem prescindir do sentido da importância, mesmo quando sovados pelo despotismo da urgência, bem podem insistir nesta pergunta: que sentido faz manter o actual sistema político? Esqueçamos por instantes o défice e a dívida pública. Falemos antes de dignidade, de sentido patriótico, e de exemplo. Procuremos perceber, no fundo, qual o papel de Portugal no Mundo e junto dos que nele, nos sítios mais inimagináveis, falam e sonham em Português.

O que temos, meus amigos, o regime que temos, não é bom. E se não é bom, talvez não fosse asneira mudá-lo.

Porque na verdade, nunca como agora foram tão apreensíveis, tão demonstráveis, as vantagens de uma organização do Estado que privilegie o princípio da continuidade e que potencie a agregação de esforços e a mobilização de todos em torno de um desígnio comum. Que se galvanize num verdadeiro projecto nacional. E isso é muito mais facilmente alcançável pelo poder magnético, inspirador, mobilizador, da Coroa, pela sua ressonância axiológica, do que pelo artificialismo anódino da construção jurídica de uma chefia de Estado electiva, ancorada num jogo de legitimidades enganador.

Não gosto de fulanizar... os regimes estão sempre acima das pessoas que em cada momento os servem, mas, em nome desta ética de exigência, convido-vos a um exercício especulativo. Será que o nosso Presidente, qualquer dos que a nossa história nos foi dando, de Cavaco a Arriaga, será que o nosso presidente teria a capacidade de encher as ruas de Portugal como vimos acontecer há pouco tempo, em Inglaterra, por ocasião do Jubileu da Rainha Isabel? Aquelas manifestações foram para ela? Foi por causa dela? Tudo o que vimos, todos aqueles tributos sentidos de uma homenagem sincera, de artistas, de políticos, de cientistas, de gente anónima, tudo aquilo, e foi muito, foi para ela? ou terá sido antes para o que aquela senhora representa? Toda aquela genuína satisfação foi por causa dela? ou por causa daquilo que antes dela, os seus pais e avós, já representavam? E a maneira como foi festejado o Jubileu em toda a Commonwealth? O que estava ali em causa era aquela senhora octogenária? Não, não era, manifestamente, não era.

O problema, este desfasamento, esta assimetria, infelizmente não está nas pessoas. É um problema genético, do próprio regime, que prefere a pureza asséptica de uma ilusão formal à experiência de uma vida de serviço.

Como dizia Mouzinho de Albuquerque ao seu Príncipe, D. Luís Filipe, o mesmo que os paladinos da liberdade, e em nome dela, abateram em 1908 com apenas 20 anos de idade, “para um Príncipe, nascer é assentar praça, que só pode ter baixa para a sepultura!” Do berço à sepultura, uma vida de entrega, de aprendizagem, de serviço.

E em república? Como se assegura a equidistância? Como se pode imaginar possível ao Chefe do Estado exercer uma magistratura de imparcialidade se dez minutos antes de se afirmar imparcial era descaradamente uma das partes?

Se virem bem, desde 1976, todos os chefes de Estado, antes de serem eleitos, foram chefes de partido (Cavaco, Sampaio, Soares). Todos... bem, todos não. Houve uma excepção, a do Gen. Eanes, que só foi chefe de partido depois de abandonar Belém. Mas até o Gen. Eanes foi chefe de partido. A chefia do Estado é, portanto, encarada como “prémio carreira” da actividade partidária.

Quem pode acreditar que alguém inebriado pelos vapores que da baixa política, da politiquice partidária sempre emanam, é capaz da isenção?

E isto é particularmente sensível na profunda transformação que estamos a viver. Seria muito necessário que na chefia do Estado estivesse a voz, reconhecida, da autoridade. De uma autoridade que se funda na credibilidade, pessoal e familiar, e numa legitimidade histórica. Porque, sejamos exigentes, é de credibilidade que estamos a precisar. Hoje e sempre.

Que credibilidade pode ter um árbitro que foi capitão de uma das equipas?

Não pode ter credibilidade quem vive apenas da conjuntura!, quem se move pelos ciclos eleitorais e pela conveniência da sua própria eleição, confiando na redenção que a nossa curta memória e nenhuma exigência lhe vai conferindo. Estes, os que são assim e assim não podem deixar de ser, não têm, nem podem ter, credibilidade. Como é evidente que não tem autoridade o regime que faz da incredibilidade, a pedra angular da sua suposta ética.

E permitam-me que leve este arrazoado um pouco mais longe.

Como procurei ter demonstrado, é clara a bondade do princípio monárquico. E para nós, monárquicos, este é o ponto de partida, é esta a essência do que nos une. Mas há aspectos laterais importantíssimos.

Como este de nos reconhecermos políticos.

Ser-se monárquico, defender a instituição real como forma de organização do Estado, é apresentar um projecto de ruptura. Um projecto que exige mudança.

E temos de conseguir projectar este projecto, passe a cacofonia.

Sejamos claros: é raro ouvir falar lucidamente da solução monárquica. E provavelmente, como na parábola do semeador, as sementes por nós lançadas poderiam cair em terra fértil e dar muito fruto.

Mas não têm dado... Não por falta de boa terra, muito menos por escassez de boa semente. É por inépcia ou preguiça do semeador!

E isto é tão mais grave quanto é certo que o monarquismo, como proposta política, não pode ser protagonizado pelo Príncipe. Não pode nem deve, já que o Príncipe tem de reservar para si o capital de representação de todo um Povo. É apenas isto que se pede do Príncipe. E não é pouco... se calhar é mesmo tudo. O Príncipe não pode pretender ser a cabeça do movimento monárquico, nem muito menos, por inacção dos monárquicos, ser obrigado a sê-lo, já que tem de servir de outra forma o País.

E o nosso Príncipe... que sorte temos!, como ele nos ensina o que é servir, sempre, o nosso País!

É que mesmo nas Monarquias reinantes há já quem ponha em causa o princípio monárquico... mas esses não conseguirão beliscá-lo enquanto a Instituição Real conseguir ser a verdadeira representação de todos e enquanto souber interpretar a Missão a que é chamada, enquanto for fiel à sua genética vocação. Quando a Instituição Real abdicar desse saber, quando a Instituição Real pretender ser mais do mesmo, quando quiser ser igual ao resto, acabando por ser pior do que qualquer alternativa, quando a Coroa quiser ser uma qualquer espécie de funcionalismo público, a Monarquia perde a sua vantagem específica e deixa de valer a pena. Deixa mesmo, em meu entender, de fazer sentido.

Não perceber isto, é também renunciar a esta proposta ética de exigência!

Viva Portugal! Viva o Rei! 

Real Associação do Porto 
“A Ética da Exigência” 
**Nuno Pombo 
28.06.2013 

** Presidente da Real Associação de Lisboa 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

UM ANIVERSÁRIO REAL E UMA BATALHA DECISIVA


Sabe-se que quando um facto histórico não tem prova documental a atesta'- lo, o historiador apenas pode socorrer-se da tradição; tradição que pode ter uma base documental pouco segura e até contraditória , ou, na falta de qualquer pista escrita, que se limita 'a transmissão oral através dos tempos; parece-me estar neste caso a efeméride hoje comemorada, que nos diz ter D. Afonso Henriques nascido num 25 de Julho. 
Menos consensual parece ser o ano de tal acontecimento. Aprendi na escola prima'ria ter tido o nosso primeiro Rei nascido em 1111, baseando-se tal tese em referências vagas na Crónica dos Godos, o que explica que, 'a margem das comemorações oficiais, em 2009 , um grupo alargado de vimaranenses, para quem a Tradição fala mais alto, festejassem os 900 anos de D. Afonso I em 2011. Não e', porém, essa a opinião quer de Alfredo Pimenta, quer do Padre e historiador Luís Gonzaga de Azevedo, que, baseados, nomeadamente,no relato da vida do primeiro santo português, S. Teoto'nio, contemporâneo de D. Afonso Henriques - nasceu em 1107 - e seu amigo, dão o futuro Rei como nascido em 1106.

Anos mais tarde em 1139, tinha sido já dado o primeiro passo no caminho da Fundação da nacionalidade em S.Mamede, travou-se no lugar de Ourique ( " situado quer no Baixo Alentejo, quer no Cartaxo, cerca de Santarém , quer junto 'as nascentes do Lis, próximo de Leiria ". -João Ameal ) uma importante batalha, pois " 'a semelhança do filho de D. Urraca, anos antes coroado imperador após os seus triunfos contra os Almora'vidas também o nosso D.Afonso parece ter-se atribuído o título de Rei- título que muitos lhe dão desde 1128, tanto aqui como além-fronteiras " )
Escreve Alfredo Pimenta no seu < Elementos de História de Portugal > : " A 25 desse mês de Julho, o exe'rcito português encontrava, a barrar-lhe o caminho, no lugar de Ourique, um exe'rcito de mouros. Deu-se a batalha de que sai'u completamente vitorioso o português "
Cristina Ribeiro, Estado Sentido

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ROCK IN RIO



Muitas centenas de milhares de raparigas e de rapazes de todo o mundo já estão no Rio de Janeiro. Para um novo Rock in Rio? Não, desta vez não? ou talvez sim, porque se o Papa é Pedro e Pedro é a rocha, então o Papa no Brasil, para as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), é mesmo? Rock in Rio!
Há outros grandes eventos mundiais em que comparecem alguns milhares de jovens, mas nunca tantos quantos os que vão às JMJ. Não há, no mundo inteiro, nenhum acontecimento cultural, artístico, desportivo ou político que reúna tanta gente nova.

Se não é o rock and roll, o que os leva ao Rio?

A novidade deste Papa? Mas, com os antecessores, aconteceu o mesmo. A festa? A verdade é que há festivais mais agradáveis e animados do que as JMJ, onde as incomodidades são muitas e escassas as diversões. O fascínio de uma nova doutrina? Não parece, porque a mensagem da Igreja tem dois mil anos e, logo por azar, é sempre a mesma.
A resposta está no alto do Corcovado: "Vinde a Mim todos os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei." (Mt 11, 28)
Há uma juventude rebelde que é contra a ditadura do relativismo e a escravatura da droga e do sexo. Há uma juventude que não se deixa corromper pelo poder, nem comprar pelo dinheiro. Há uma juventude que procura um sentido para a vida e que deseja uma solidariedade global. Há uma juventude sedenta de verdade e de justiça social. Há uma juventude cristã capaz de gerar, por amor, um mundo novo. Bendita loucura, de que só a juventude apaixonada é capaz!

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Fonte: Povo

QUE PORTUGAL TEMOS?, QUE PORTUGAL QUEREMOS?, QUE PORTUGAL IREMOS TER?



Vivemos tempos sem paralelo em que a republica tem-se encarregado de mostrar ao país qual o rumo certo a seguir, ou seja, os últimos 103 anos de autentico descalabro republicano, deixam literalmente a porta aberta para a restauração da Monarquia em Portugal.

É chegado o momento de enviar uma importante e significativa mensagem ao país de que os Monárquicos estão vivos, estão atentos e defendem aquilo que é a única e a verdadeira alternativa de "Salvação Nacional" para Portugal.

Mostremos aos portugueses de forma aberta, a todos e não apenas e só aos nossos pares, as alternativas que defendemos, as propostas que temos e as vantagens de se ter um regime Monárquico vigente.

Que Portugal temos?
Que Portugal queremos?
Que Portugal iremos ter?

São questões pertinentes e que deveriam ser discutidas em Grande Convenção Monárquica, aberta a todo o publico, aos meios de comunicação social e contando com o apoio e presença de Instituições Monárquicas Nacionais e Internacionais.

É chegada a hora! 

terça-feira, 23 de julho de 2013

PHILIPPE ENTRONIZADO SÉTIMO REI DOS BELGAS


Rei Philippe, Rainha Matilde e os Seus 4 filhos Isabel, primeira na linha de sucessão, Príncipe Gabriel da Bélgica, Príncipe Emanuel da Bélgica e Princesa Leonor da Bélgica.

FAMILIAR DE DOM DUARTE
O futuro Rei dos Belgas, Philippe, é descendente do Rei Dom Miguel de Portugal e tem por isso laços de família com o Duque de Bragança, Dom Duarte Pio. Philippe é trineto de Dona Maria José de Bragança, filha do Rei português. Uma filha dela, Elizabeth da Baviera, casou com Albert I, terceiro Rei dos belgas. 
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Filipe foi, este domingo, entronizado sétimo Rei da Bélgica. O Monarca sucedeu ao pai, Alberto II, que abdicou do trono após 20 anos de reinado, num país marcado pelas divergências entre flamengos e valões.

O novo Rei, de 53 anos, prestou juramento numa cerimónia no Palácio Real de Bruxelas, sem a presença de elementos das monarquias europeias. O primeiro grande teste de Filipe será as eleições legislativas belgas de maio de 2014.
Alberto II abdicou este domingo do trono da Bélgica a favor do filho. Eram 10:45 (menos uma hora em Lisboa) quando Alberto II assinou a acta de abdicação, na sala do trono do Palácio Real de Bruxelas, com mais de duas centenas de convidados e membros do Governo Belga.

Num breve discurso, Alberto II reiterou a necessidade de os políticos belgas trabalharem para «a coesão da Bélgica», questão que enfatizou na declaração de sábado, perante as câmaras de televisão.

Já este domingo, o novo rei da Bélgica prometeu «intensificar o diálogo» entre belgas. Filipe pediu «um novoélan de entusiasmo».

Em declaração no parlamento belga, após o juramento para suceder ao pai, Filipe sublinhou que colocará «toda a vontade ao serviço de todos» os cidadãos da Bélgica.

«Demos todos juntos um novo élan de entusiasmo ao país!», disse, em alemão, francês e holandês, as três línguas oficiais na Bélgica.
 tvi24
Rei Alberto II e Rainha Paola

domingo, 21 de julho de 2013

O CASAMENTO - A ESCOLHA DA RAINHA

Não foi fácil arranjar casamento para o infante Dom Carlos, muito por causa das diferenças religiosas, com os países cuja religião não era católica, nomeadamente os do norte da Europa, já que as exigências de Dom Luís em relação ao casamento do seu herdeiro eram demasiado rigorosas.

Foi fundamentalmente pelo facto da coroa portuguesa ter exigido que uma das primeiras escolhas, uma filha de Frederico Guilherme príncipe imperial da Alemanha, se convertesse ao catolicismo antes do casamento, que esse casamento fracassou.

Bismark o chanceler alemão havia até sugerido uma pequena habilidade para contornar essa dificuldade, que consistia na autorização pela parte de Dom Luís que a Princesa se convertesse apenas depois do casamento, quando já fosse princesa portuguesa, portanto já isentada dos seus deveres enquanto princesa alemã face ao protestantismo.

Tratava-se afinal de uma neta da Rainha Vitória de Inglaterra o que deveria traduzir-se num casamento de grande interesse político para Portugal, uma Rainha, neta da Rainha da maior potência marítima do Mundo e filha do Príncipe alemão a mais forte nação continental.

Após o fracasso quanto ao desbloqueio desta hipótese, foi então recomendado o nome da filha mais velha do Conde de Paris, D.Marie Amélie Louise Hélène d Orléans.

Seu pai havia sido o neto em quem Luís Filipe "Rei dos franceses" tentara sem sucesso abdicar em 1848, e que lhe valera afinal o exílio em Inglaterra, por decreto republicano e onde viria afinal a nascer em 28 de Setembro de 1865, na vila de Twickenham, a sua filha Amélia.

Em 1886 porém já haviam regressado a França, quando Dom Carlos visitou a sua potencial noiva em Chatilly.

Pode dizer-se que a correspondência que Dom Carlos trocou com o Rei Dom Luís, foi reveladora do entusiasmo que desde a primeiro instante, lhe provocou Amélia "não acredito que haja no Mundo, criatura mais adorável que a princesa, um verdadeiro encanto"dizia ele.

Talvez a sua altura (1,82 mt) e o seu porte atlético a fizesse destacar em termos físicos, mas por outro lado é possível que a sua qualidade intelectual, se aproximasse bastante dos interesses de Dom Carlos, cuja preparação cultural e gosto pelas artes sempre se haviam patenteado desde criança.

Amélia de Orleães gostava igualmente de ópera e de teatro, pintava e lia muito, sendo portanto difícil por certo encontrar "partido" mais interessante para Dom Carlos.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

E QUE TAL UM REI?

Neste período que Portugal atravessa, era interessante debater-se o regime monárquico. Mas debater-se com objectividade e sem os pruridos do costume. Para pruridos já bastam os que o mar parece reservar aos portugueses neste Verão.

Os portugueses, em menos de uma década, assistiram a variadíssimas intervenções presidenciais que demonstram facciosismo. Três particularmente graves. A primeira com Sampaio, que deu uma maioria absoluta ao Partido Socialista. O que Sampaio fez foi um puro golpe de Estado. Socorreu-se de um conjunto de fofocas, com ampla exploração mediática, para dissolver o parlamento. Negociou com o PSD a saída do primeiro-ministro para a Europa, com a entrada em funções do número dois do partido, para pouco tempo depois convocar umas eleições que o PS ganharia com uma tranquilidade tão grande quanto a maioria absoluta que se adivinhava.

Depois, temos Cavaco Silva, que tentou derrubar Sócrates com um complicadíssimo esquema de espiões em Belém. A intervenção directa do Presidente nesta conspiração não é factual, mas a protecção que deu ao assessor responsável pelo esquema torna o Presidente cúmplice. Ao mesmo tempo, era possível perceber que havia uma grande articulação entre a estratégia da líder do PSD, Ferreira Leite, e o Presidente da República. 

Recentemente, o mesmo Cavaco volta a tomar partido e agrava a crise política, tomando uma decisão que dificilmente não visa afastar aquilo que considerará naturalmente a "má moeda" - expressão que o próprio Cavaco usou noutros tempos -, ou seja, Passos Coelho e Paulo Portas. Sobre este último, também não restam muitas dúvidas sobre o rancor que Cavaco lhe deve guardar desde o tempo do semanário O Independente.

Perante isto, é legítimo questionar se o país não estaria melhor servido com um monarca. Aparentemente, pode fazer confusão a hereditariedade como fonte de poder, mas entre um filho de um rei e um filho de um partido ou de uma facção, nutro mais simpatia pela realeza.

Por outro lado, o regime monárquico também permite retirar mais um órgão de soberania das mãos dos partidos, o que é sempre bom. Hoje, em Portugal, os partidos dominam o Parlamento, o Governo e a Presidência da República. É claro que a figura do Presidente diz-se suprapartidária, mas isso é puro logro e na verdade emanam sempre dos partidos.

Retirar, portanto, a Presidência da República das garras dos partidos podia ser pacificador por um lado, unificador por outro. E em matéria de democracia também não se perdia nada; ou será que vamos ter o descaramento de questionar a democracia em nações governadas por monarquias constitucionais?

É verdade que podíamos pensar noutras formas de obter as virtudes de uma monarquia sem ter de entregar a chefia do Estado ao Rei. Por exemplo, podíamos escolher um português ao calhas para Presidente. Creio que também resultava para este efeito higiénico de subtrair Belém aos partidos. Andava-se à roda com os números dos bilhetes de identidade e o que saísse passava a ser o Chefe de Estado. Mas até nesse caso podíamos ir acertar num militante qualquer de alguma coisa. Só a figura do Rei permite, então, essa ideia de imparcialidade e equidistância do poder político.

É que um Rei pode mesmo ser de todos os portugueses. Um Presidente jamais será. No limite, deve sempre gratidão à força política ou à facção que lhe deu o apoio e sem a qual jamais teria presidido a uma junta, quanto mais à República.

Era muito interessante um referendo sobre esta matéria.

terça-feira, 16 de julho de 2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

DENTRO DE MOMENTOS... A MONARQUIA!

Naturalmente Monárquicos, para nós, face às inconsistências do actual sistema de governo e regime, faz cada vez mais sentido o regresso da Monarquia.
Dom João de Castro falava da Aurora da Quinta Monarquia quando Portugal se encontrava sob domínio estrangeiro, ora vivendo-se hoje situação semelhante no nosso quase milenar País, não só para aqueles que nasceram e viveram sempre na esperança da justa reposição dos direitos dinásticos da Casa Real de Bragança e da nossa Monarquia Natural, mas como para todos os Portugueses, o retorno ao regime Monárquico é sem dúvida a solução para que se cumpra finalmente Portugal.
Sim, uma Monarquia para todos, não só para alguns; não se pretende um regime de privilégios para uns quantos títulos e apelidos; não é de uma Aristocracia que se fala, mas de uma Monarquia contemporânea com o primado da Lei, uma Monarquia Constitucional e Parlamentar.
“É alguém capaz de indicar um benefício, por leve que seja, que nos tenha advindo da proclamação da República?”, interrogava-se Fernando Pessoa. Para logo depois responder: “Não melhorámos em administração financeira, não melhorámos em administração geral, não temos mais paz, não temos sequer mais liberdade. Na monarquia era possível insultar por escrito impresso o Rei; na república não era possível, porque era perigoso, insultar até verbalmente o Sr. Afonso Costa. (…)”
Tão contemporâneo é o pensamento do Príncipe das Letras, que, ainda hoje, assenta como uma luva a este regímen.
De facto, a 1.ª república, não trouxe mais liberdade ou mais igualdade e a única fraternidade era entre a camarilha do governo e do partido republicano, quando não andavam às avessas, se fraccionavam e, mesmo, no limite, se eliminavam uns aos outros. Com eles começou a subserviência aos grandes da Europa, pois não tardaram em impingir ao País uma Grande Guerra com interesses pequenos, alheios à nossa Nação.
A república instaurou a balbúrdia.
Desmedidos foram as nossas perdas, e mergulhados numa profunda desordem foi imposta uma autoridade ditatorial.
Agora voltamos a esse tempo de perdas, com liberdades a esfumar-se, com a desordem a instalar-se e a Soberania alienada ao ávido usurário estrangeiro.
Por defeito próprio do regime, não tem a política portuguesa produzido nas últimas décadas políticos com dimensão bastante para fazer face aos desígnios nacionais. Os únicos dois estadistas que o País conheceu nos últimos 40 anos foram obliterados pelo sistema.
Desde, então, a cena politica republicana tem sido povoada por actores menores, realmente maus, que sem equilíbrio, são sempre apanhados em overacting ou em contracena.
Sem estatura moral ou académica, não têm conseguido ganhar a autoridade natural unicamente típica dos grandes homens, e o vício do sistema eleitoral tem instalado uma autoproclamada elite medíocre, que não pretende servir o Povo, mas servir-se dos recursos que lhes trás o privilégio de governar.
Deputados eleitos que não representam verdadeiramente o seu Povo, pois não são eleitos por círculos uninominais – a única a conferir legitimidade directa. Praticamente sem regime de incompatibilidades, são deputados por umas horas e durante o grosso do tempo dedicam-se a profissões que lhes permitem granjear altos proveitos, dada a sua condição de parlamentares, o que fomenta o tráfico de influências e a corrupção.
Na varanda onde foi anunciada a inauguração do novo regime, um dos intervenientes virou-se para outro e afirmou: “Eles já comeram muito, agora é a nossa vez!” Passados quase 103 anos da dita instauração não podem reclamar por não terem cumprido o desiderato: comeram tanto que se lambuzaram!
A Alternativa
Nas derradeiras eleições em Monarquia, realizadas em Portugal, em 1910, os partidos monárquicos obtiveram 93% dos votos expressos e os republicanos 7%, portanto não podem afirmar os republicanos que a transição abrupta para o regime republicano foi por vontade expressa dos Portugueses.
A implantação da república foi feita de modo revolucionário, não legalmente. O regímen nunca foi referendado, nunca foi dada aos Portugueses a liberdade de escolher sobre que sistema de governo pretendem: se na actual república, se numa Monarquia Constitucional e Parlamentar!
A actual Constituição da república portuguesa, ao consagrar na alínea b) do Artigo 288.º que as leis de revisão constitucional terão de respeitar a formam republicana de governo, impede com esta Cláusula Pétrea um referendo nacional sobre esta matéria, mas apesar do limite material nada impede que formalmente haja uma revisão constitucional, tudo depende do arbítrio de 2/3 dos deputados eleitos e em efectividade de funções.
A nossa [monárquicos] Voz não é residual, não podem pois amordaçar-nos e obrigar-nos a enfiar o barrete – esse ignóbil carapuço frígio!
Querem os Portugueses continuar a viver neste regime, com um Estado que controla todos os aspectos da vida do cidadão, mesmo aqueles que pela sua natureza apenas deveriam fazer parte da sua reserva e esfera particulares? Um Estado que se rege sobre o princípio da benevolência para com o seu Povo, à maneira de um pai relativamente aos seus filhos, com um governo paternal e paternalista, esse sim, que entende os cidadãos como súbditos, crianças menores que ainda não podem distinguir o que lhes é verdadeiramente útil ou prejudicial, e por isso os obriga a comportar-se de maneira passiva, a fim de esperarem meramente do governo um juízo de apenas como devem ser felizes e na medida da bondade que ele o queira.
“(…) Os partidos, ainda, como têm que ter a aparência de se basear na opinião pública, buscam «orientá-la» no sentido que desejam, e assim a pervertem; e, para sua própria segurança, buscam servir-se dela, em vez de a servir a ela, e assim a sofismam (…)”, enfatizou o monárquico Fernando Pessoa.
“Quis custodiet ipsos custodes?”, satirizou Juvenal há mais de um milénio. “Quem guardará os guardas?”. A resposta para esta pergunta, já a havia dado Platão em “A República” a sua obra sobre “governo” e “moralidade” e é que os guardiões irão se proteger deles próprios. Eles contam-se uma “mentira carinhosa.” A mentira carinhosa lhes dirá que eles são melhores do que os que eles servem e é então, responsabilidade deles guardar e proteger aqueles que são menos do que eles mesmos.
Democracia de mérito com Monarquia ou esta República? Eis a questão!

O Dever Antes do Querer
El-Rei Dom Manuel II tinha como divisa “Depois de Vós, Nós”, isto é, o dever em primeiro lugar, só depois a Sua vontade.
De facto, regressados ao sistema de governo de Monarquia Constitucional do tipo Parlamentar, o Rei seria o intérprete da vontade nacional, sentindo com o Povo, fazendo seus os problemas deste último e dando voz aos seus anseios, e, porque independente, garantiria a unidade dentro da diversidade politico-social do País, pelo que impediria a perturbação política e consequentemente a agitação social.
A função de reinar torna a chefia do Estado independente de calendários e lutas eleitorais, pois elimina os compromissos eleitorais e a ilusão da promessa. Acima de tramas partidárias, independente de um calendário político, o Rei tem a tranquilidade e a legitimidade para actuar como moderador entre as várias facções políticas ou demais grupos da sociedade civil. Um Rei renúncia à satisfação dos interesses pessoais e devota-se exclusivamente ao bem do País e do seu Povo, pelo que, mais do que um privilegiado o Rei será um comandante dos demais cidadãos; e Reinar será um Ofício, mister que o Rei enquanto Chefe de Estado cumprirá com total abnegação.
A Monarquia funcionará assim como um símbolo de estabilidade e união.

Por isso: Queremos um Rei! Queremos uma Monarquia, e, … dentro de momentos!
Autor: Miguel Villas-Boas