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Vaticano: Papa despede-se «simplesmente» como «peregrino»
Pontificado de sete anos e 10 meses chega ao fim após renúncia de Bento XVI
Castel Gandolfo, Itália, 28 fev 2013 (Ecclesia) – Bento XVI despediu-se hoje dos fiéis como um “peregrino”, na última aparição pública do pontificado, que se conclui às 20h00 de Roma (menos uma em Lisboa) por decisão do Papa, que apresentou a sua renúncia.
“Sabeis que hoje é um dia diferente dos outros, já não sou Sumo Pontífice da Igreja - sou-o até às oito da noite, depois já não -, sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra”, declarou, desde a varanda do palácio apostólico de Castel Gandolfo, arredores de Roma, propriedade da Santa Sé.
O futuro Papa emérito mostrou-se “feliz” à chegada a este local, vindo do Vaticano, de onde tinha partido em helicóptero, sobrevoando a Praça de São Pedro, às 17h07 de Roma.
“Quero ainda com o meu coração, com o meu amor, com a minha oração, com a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, trabalhar para o bem comum, para o bem da Igreja e da humanidade”, acrescentou, ao som das palmas dos presentes e dos sinos.
Bento XVI, de 85 anos, concedeu uma bênção aos presentes, “do fundo do coração”, convidando todos a avançar "juntos no Senhor, pelo bem da Igreja e do mundo".
“Obrigado, boa noite, obrigado a todos vós”, foram as palavras finais do pontificado, iniciado em abril de 2005, por volta das 17h41 locais (menos uma em Lisboa), após um discurso com pouco mais de dois minutos.
A Igreja Católica não tinha visto qualquer Papa resignar desde 1415, com a abdicação de Gregório XII.
Bento XVI deverá manter-se no palácio apostólico de Castel Gandolfo, propriedade da Santa Sé, durante um período de pelo menos dois meses, segundo o Vaticano.
Joseph Ratzinger irá morar posteriormente, já após a eleição do seu sucessor, num edifício que foi sede de um mosteiro de irmãs de clausura no Vaticano até há alguns meses e foi alvo de obras de renovação.
O momento final do pontificado de Bento XVI é assinalado pela partida da Guarda Suíça e o encerramento dos portões da residência pontifícia.
Este será o único sinal visível do início da Sé vacante – período entre a morte/renúncia de um Papa e a eleição do seu sucessor – à hora determinada pelo próprio Bento XVI quando apresentou a resignação, no último dia 11, justificando a decisão com a sua “idade avançada” e falta de forças.
Joseph Ratzinger realizou 24 viagens ao estrangeiro, incluindo um visita a Portugal, entre 11 e 14 de maio de 2010, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.
No total, as viagens pontifícias tiveram como destino prioritário a Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África (2) e a Oceânia (1); a estas somam-se 30 visitas em solo italiano.
Bento XVI assinou três encíclicas: ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) e ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade).
Também presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colónia, Sidney e Madrid), para além de ter convocado cinco Sínodos dos Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé, que ainda decorre.
Em 2012, Bento XVI encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo, dois anos após a publicação do livro-entrevista «Luz do Mundo», resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald.
No pontificado de Bento XVI foram canonizados 44 santos em 10 cerimónias, incluindo o português Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, a 26 de abril de 2009; Portugal conta também com duas novas beatas: Rita Amada de Jesus (beatificada a 28 de maio de 2006, em Viseu) e a Madre Maria Clara (21 de maio de 2011, Lisboa)
OC
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