UMA RAINHA COM CAUSAS NUM PAÍS EM TUMULTO (2)
Ainda que a campanha republicana tudo tenha feito para denegrir a imagem da Rainha, as centenas de famílias e as milhares de pessoas que beneficiaram do seu empenho nas suas causas nunca esqueceriam a sua vontade inabalável de ajudar os mais necessitados. As litografias coloridas com a sua imagem eram colocadas nas paredes dos lares mais modestos, e o seu retrato figurava nos mais diversos produtos, do papel de carta ao pó de arroz. António Dias, dono da Perfumaria Lusitana, decidiu homenageá-la nas embalagens de uma edição especial do pó de arroz Veloutine.
Em 1893, a Rainha funda a que será uma das suas obras mais queridas, O Dispensário de Alcântara, que manterá com fundos pessoais e a quem dedicará muitas horas de dedicado voluntariado, interessando com o seu exemplo muitas das damas da corte. Mas a sua actividade de beneficência na seria unanimemente bem vista. Nem todas as damas achariam o mais conveniente andar a visitar crianças pelas casas dos bairros pobres.
E a própria imprensa, por muito republicanas que fossem as ideias dos seus jornalistas, criticava a rainha pelo seu contacto com os desfavorecidos e por gastar a maior parte do seu tempo a trabalhar no Dispensário.
Eça de Queiroz que tinha uma grande admiração por Dona Amélia, sintetiza com o brilho da sua incomparável prosa a dedicação da Rainha ao Dispensário. - «A Rainha tem esta expressão sentimental e anti-doutrinária da Caridade portuguesa. É uma Senhora de grande e delicada esmola. E a sua esmola não baixa majestosamente do Trono, numa salva, entre alabardeiros. Ela própria a leva, sob um véu espessso, a todos os recantos, onde pressinta uma lareira apagada, farrapos tão rotos que já nem se remendam, a enzerga pisada pelo lento sofrer. Mas ao mesmo tempo como Francesa, ama a caridade racional, que se organiza, se arma em Instituição, derrama o bem por estatuto. Dessa nasceu o seu Dispensário admirável. E assim, a Senhora excelente dá com a razão, dá com coração.»
Quanto a Rainha visitou Portugal em 1945, insistiu em deslocar-se ao seu muito querido Dispensário, onde a rodearam dezenas de crianças, assistidas na mesma instituição que ela fundara havia mais de meio século.
Texto e litografia de Eduardo Nobre
3 comentários:
Mais um post em homenagem a esta grande Raínha de Portugal, a última...Esta grande senhora, grande em carácter, grande em bondade, grande em solidariedade, penso que até aos dias de hoje, Portugal não teve outra igual!...Tenho este livro do sr. Nobre, e sempre que o leio, instala-se em mim uma enorme nostalgia e tristeza...a visita que a Raínha efectuou ao nosso país foi uma visita recheada de fortes sentimentos...a raínha visitou o "seu" Palácio da Pena, a sua residência preferida, visitou as instituições que fundou, visitou os túmulos dos seus entes queridos...etc, etc...uma nobre visita sempre rodeada de centenas de populares, sempre ovacionada pelos mesmos...e não era pra menos, pois estavam perante a última Raínha de Portugal, uma árvore fustigada por enormes tragédias que assolou a sua família e o seu amado Portugal, árvore essa que nunca tombou perante essas agruras da vida!!!
Bem haja Raínha Dona Amélia, pela sua nobreza de carácter, pela sua dedicação a um país que não era o seu, mas que o adoptou de braços abertos...
Um exemplo a seguir nos dias de hoje!
Até sempre minha querida Raínha Dona Amélia, onde estiver, estará bem concerteza...
Cara Maria Menezes,
Nunca é demais lembrar o trabalho realizado pela grande mulher e Rainha que foi Dona Amélia, felicito-a desde já pelo seu "post" que li atentamente já que a minha avó ,que por acaso tem o mesmo nome que esta grande rainha, foi quem me contou as grandes acções solidárias que Dona Amélia levou a cabo.
Já agora aproveito para lhe pedir que visite o meu blog e veja o novo post, já que tem um vídeo feito por mim e por um amigo meu.
Com os melhores cumprimentos,
António Baião Pinto
Cara Maria Menezes,
Não me importo nada que copie o texto e o vídeo, que ja esta no youtube, ponha "monarquicosnortenhos" no motor de busca do youtube.
Saudações Monárquicas,
António Baião Pinto
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