S.A.R., DOM DUARTE DEFENDE IMAGEM TRADICIONAL Foto: S.A.R., Dom Duarte com o Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Dr. Miguel Filipe Machado de Albuquerque
S.A.R., O Duque de Bragança considera importante preservar a diferenciação do Funchal. De visita à Madeira, para participar hoje na cerimónia de encerramento das comemorações dos 500 Anos do Funchal, D. Duarte de Bragança manifestou, em entrevista ao Jornal da Madeira, a importância da data para a capital madeirense. O monarca entende que esta efeméride possibilitou um maior conhecimento da cidade em termos do seu património cultural e histórico, não só por parte dos portugueses em geral como também a nível internacional.Considerando que o Funchal soube desenvolver-se de forma sustentada em relação à oferta turística e à qualidade de vida, D. Duarte entende, no entanto, que é preciso dar atenção a um desenvolvimento em harmonia com a paisagem e a natureza, que são factores de diferenciação da cidade, em particular, e da Madeira em geral.Dessa forma, continuou o monarca – numa conversa que manteve com o JM no Centro de Hipismo do Santo da Serra, que visitou com a esposa e filhos na companhia do presidente da Câmara Municipal do Funchal -, construídas que estão as grandes infra-estruturas, as novas construções «deviam ser integradas numa cultura e identidade madeirense. As que já cá estão, e que puderem ser melhoradas nesse sentido, também não se perdia Nada».Admitindo que as falhas urbanísticas existem por todo o país, D. Duarte de Bragança disse que, apesar de compreender a necessidade de progresso, lamenta que se tenha perdido um pouco da beleza da paisagem do Funchal, de há trinta anos atrás, por exemplo. De qualquer modo, está convicto de que o Funchal saberá respeitar o futuro, no sentido de seguir um progresso em harmonia com o ambiente, a paisagem e a identidade cultural madeirense. É esse «o caminho indispensável, para que daqui a uns anos, possamos continuar a dizer que esta é uma terra muito bonita, com encanto. Devemos privilegiar o respeito pela diferença e qualidade, ainda mais em zonas de difícil acesso como é o caso da Madeira», uma região insular. É que, continuou, um turista não vai querer fazer uma viagem cara para uma ilha para ver edifícios ou construções. Expostas as suas preocupações em relação ao futuro do Funchal, o monarca deixou o repto: «desafiava as pessoas interessadas a criarem um movimento, uma organização ou associação para defesa da paisagem e da identidade cultural madeirense, como há na Inglaterra, onde existe uma associação importantíssima chamada o British Trust, que tem três milhões de membros, que se preocupa em defender a paisagem e a arquitectura tradicional». 2009: «Que o egoísmo dê lugar à solidariedade»
Instado a manifestar uma mensagem de votos para 2009, D. Duarte de Bragança apelou a que se substitua o egoísmo pela solidariedade. «Temos de pedir a Deus que nos mande a sua bênção e que, numa altura de dificuldade, esta é também uma altura boa para a conversão da nossa vida, para pensarmos melhor nos valores espirituais, de solidariedade, das pessoas que vão ficar em dificuldades e que vão precisar de nós, e que se se substitua o egoísmo pela solidariedade». No ponto de vista do monarca, essa é «a grande lição que podemos aprender em alturas difíceis. Se houver uma solidariedade eficiente e eficaz entre todos, ninguém tem de passar mal. Não faz sentido que uns continuem a ter tudo e outros nada». Nos seus votos para o próximo ano, D. Duarte de Bragança disse ainda esperar que haja «uma participação cívica mais activa nas organziações de solidariedade, de defesa da natureza e ambiente». A esse respeito, comentou que Portuigal é dos países da Europa com menor percentagem de pessoas filiadas nas organizações ambientalistas. «Somos o único país da Europa onde não temos no Parlamento Europeu um deputado que faça parte de um grupo de defesa do ambiente. Isso não pode ser, temos de ter uma actividade mais cívida e eficiente nesse campo», defendeu.
Portugueses não levam democracia a sério
Duarte de Bragança está preocupado com o facto dos portugueses não estarem «a levar a democracia a sério». No seu entendimento, dos problemas que destaca no País, a falta de participação dos cidadãos no processo democrático é sentida na falta de confiança destes em relação ao Parlamento, às Forças Armadas e policiais e até ao Presidente da República. A seu ver, e entre outras questões a resolver em Portugal, a Educação tem de ser realista, tem de formar civicamente as pessoas mais jovens. «A Educação tem de formar a inteligência, a lógica», sublinhou. Assim, e também em prol da economia do país, a aposta devia ser na formação profissional e técnica, no apoio a empresas que produzam riqueza em Portugal. Por outro lado, o monarca entende que os portugueses não têm, actualmente, um raciocínio lógico e estão a prejudicar-se. A título de exemplo, questiona-se pelo facto de se comprar tantos produtos importados em vez dos nacionais, Outra ideia que defende é um modelo idêntico ao das empresas japonesas, para combater o desemprego. Ou seja, em vez de demitir pessoas, as empresas portuguesas também deviam reduzir para metade o horário e o salário dos funcionários em tempo de crise. Não haveria desempregados nem empregados cansados por estarem a trabalhar horas a mais.
Texto: Paula Abreu
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Fico feliz quando alguns jornais já tratam S.A.R., Dom Duarte por Monarca. É bom sinal!