sábado, 8 de fevereiro de 2014

PALÁCIO D'AJUDA

Tal como S.A.R. o Duque de Bragança avisou, aconteceu. Parece incrível. Andaimes postos e facilitando a entrada de bandidos. Segurança? Aparentemente escassíssima, para não dizermos nula. 
 Estando ao quase abandono há gerações, o Palácio Real da Ajuda é uma das muitas vítimas do desleixo do Estado, embora governos e presidentes dele se sirvam para umas tantas cerimónias. Sem qualquer vergonha, apresentam aos visitantes estrangeiros um edifício semi-arruinado, de fachadas escalavradas pela incúria, quando não completamente destruídas. É este um caso emblemático do Estado que temos, chegando-se ao ponto de no ediifício instalar-se o departamento de Cultura do governo português.
Sabe-se o que por lá se passa. Colecções empacotadas e sem a menor possibilidade de exibição pública, as Jóias da Coroa - já desfalcadas por um ainda recente e absurdo roubo holandês de contornos misteriosos, aventando claras cumplicidades sem castigo -, salas deterioradas pelo passar dos anos, enfim, um aberrante contraste com aquilo que vemos noutras capitais europeias. 
"Diz-se" que aquando da visita do casal presidencial a Portugal, a Senhora Reagan entusiasmou-se com a colecção que o Palácio alberga e concedeu uma avultada verba destinada ao início das obras na fachada poente, já naquela época no estado que ainda hoje se vê. Não tendo a ridícula república portuguesa qualquer tipo de limites à falta de vergonha e indecência, essas verbas não foram aplicadas segundo os desejos da Sra. Reagan. A ser verdade esta estória, onde foi parar o dinheiro?
O Palácio da Ajuda foi assaltado. Qual a segurança prevista durante a duração das obras num edifício que além de ser um Museu, é uma das sedes da representação do Estado? Como é possível a entrada nas salas, sem que de imediato soem alarmes? Estão as janelas totalmente desprotegidas, de portadas escancaradas? Quantos efectivos policiais foram colocados no local durante a execução das obras? Quem garante o fecho de todos os acessos após as horas de expediente? 
Tal como aconteceu no caso das Jóias da Coroa, bem depressa será este assunto esquecido, varrido dos noticiários.
Tudo isto é típico, lamentável. Casa roubada, trancas à porta. Ou já nem sequer chegaremos a isso?
Adenda: segundo informação fidedigna, quem terá entrado no edifício tê-lo-á feito em áreas que não pertencem ao Museu e assim, nenhum roubo de peças aconteceu. A informação veiculada pela SIC é incorrecta, alarmista como é do seu timbre. Mea culpa, temos mesmo de aprender a desconfiar, não reagindo "a quente". A Ajuda, um símbolo para muita gente, merece toda a nossa atenção. 

1 comentário:

Mário Guinapo disse...

Em vez de se organizarem mesas redondas,debates infindáveis,comentários pseudo-intelectuais,e toda uma panóplia de vozes abrileiras e socialistóides contra a venda(e bem) dos quadros de Miró,deveriam sim canalizar a sua energia para o verdadeiro património nacional,sua salvaguarda e preservação.Este caso infelizmente é um exemplo da falta de atenção do Estado e de todos aqueles que se consideram muito cultos, mas só se preocupam com o que vem em parangonas politiqueiras.