sábado, 11 de outubro de 2008

"PREOCUPA-ME O FUTURO DE SINTRA"
A viver desde 1975 em S. Pedro de Sintra, Dom Duarte está preocupado com o futuro do concelho em matéria de planeamento urbanístico, temendo que se transforme num enorme bairro suburbano.
O Duque de Bragança aprecia a natureza e a beleza de Sintra. Quer, por isso, ajudar a preservar o que de melhor tem a Vila. Apela para um crescimento urbanístico ordenado e para o uso dos transportes públicos colectivos. Para relaxar, dedica-se à horticultura.

Sintra é o lugar ideal para se viver? Sempre gostei da ideia de viver em Sintra, mas só em 1975 é que surgiu a oportunidade de encontrar aqui casa. Contudo, hoje há questões que me preocupam. Será que os nossos netos ainda vão ter, no futuro, um concelho agradável, onde será bom viver? Ou será que Sintra se tornará em mais um bairro suburbano de Lisboa? Actualmente, é um local bonito, onde reina a natureza, mas o futuro preocupa-me. O interesse dos habitantes é que Sintra não cresça muito mais, mas sim que a qualidade de vida melhore. Felizmente, o actual presidente da Câmara partilha desta ideia.
O que mais o atrai em Sintra? Por um lado a presença da natureza, por outro a beleza arquitectónica da Vila e de algumas aldeias da zona rural. Depois, há também a simpatia das pessoas. Muitas vezes sinto que estou a viver numa aldeia, onde toda a gente se cumprimenta.
Na sua opinião, o que faz falta em Sintra? Tem vindo a fazer falta um critério claro sobre aquilo que queremos para o nosso futuro. Daí, um desenvolvimento urbanístico descontrolado. E esta questão é fundamental, porque se prende com a qualidade de vida das pessoas. Continua a fazer falta uma política concertada que desincentive o uso do automóvel. Devíamos era estimular o uso dos transportes públicos colectivos. Faz falta uma ligação ferroviária que ligue Sintra a Cascais e uma melhor rede de transportes rodoviários, tal como existe em qualquer outra cidade europeia. Mas faz-se precisamente o contrário. Veja-se: o alargamento do IC19 só vai fazer com que se utilize ainda mais o automóvel.A que actividades se dedica neste momento? Dedico-me à horticultura, aqui na minha horta, mas como um “hobby”. Por outro lado, tenho a direcção da Fundação D. Manuel II, onde é desenvolvido um trabalho com os países lusófonos. Sou, também, convidado a participar em variadíssimas acções culturais, de caridade, entre outras.
Porque motivo não tem um papel mais activo na política? Como Chefe da Casa Real Portuguesa não me é permitido estar envolvido em assuntos partidários. E se não for pela via partidária não há participação política que seja aceite em Portugal. No entanto, tenho tido acções diplomáticas e de colaboração com vários governos lusófonos e árabes. Uma das coisas que considero absurda é o facto de o Presidente da República - que tem de ser uma figura independente e isenta – ser, quase sempre, um líder partidário. É como se num jogo de futebol um árbitro fosse sócio de um dos clubes. Isto é uma das grandes contradições da República.
Fonte: Magazine Cultural de Sintra

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