domingo, 2 de janeiro de 2011

UM FUTURO MUSEU DA OURIVESARIA DA CASA REAL

Isabel Silveira Godinho sonha com um Museu da Ourivesaria da Casa Real “São 30 anos de luta com muitos resultados à vista”, disse à Lusa, recordando que quando entrou o quadro de pessoal era composto por “seis senhoras da limpeza, oito guardas e uma almoxarife”. Hoje além dos cerca de 30 voluntários – uma das suas iniciativas de marca – conta com 29 funcionários, entre eles oito conservadores. "Mas mais valem 29 com vontade e brio que 40", enfatizou Isabel Silveira Godinho afirmou que estar à frente do que foi um dos palácios reais é “um trabalho diário árduo e difícil e é preciso que se entenda esta casa, esta família [os Bragança]”. “Há que ter muita vontade e optimismo para combater as dificuldades e eu nunca tive os meios máximos antes os mínimos, mas é necessário imaginação e criatividade”, sentenciou. A par do voluntariado, uma ideia inovadora que trouxe dos Estados Unidos, onde trabalhou, o mecenato é outra marca sua, a par de “muitas outras coisas que foi aqui [PNA] que se fizeram pela primeira vez, como a Loja do Património”. Isabel Silveira Godinho recorre ao mecenato para adquirir peças que pertenceram à Família Real e se encontram dispersas, bem como para os restauros sucessivos das salas do PNA. Actualmente está em curso o restauro da sala de baile que voltará a chamar-se de D. João VI e que "não estará finalizada antes de Abril”, disse. A sala foi idealizada pelo monarca ainda no Brasil. Dada a degradação das pinturas nas paredes, a Rainha Maria Pia, no século XIX, optou por uma solução mais económica, mandando-as revestir de seda. “Será a sala tal como D. João VI a idealizou no Rio de Janeiro com a sua representação com a família na parede principal”, disse. Questionada sobre o previsto remate poente do Palácio, Isabel Silveira Godinho aconselha que se espere. “Tem sido a minha política em tudo o que faço na área do restauro: esperar. O remate deve ser feito quando houver circunstâncias de o fazer correctamente”, aconselhou. “Qualquer intervenção, por pequena que seja, deve ser compatível com a grandiosidade deste edifício. Já que esperámos tanto tempo, podemos esperar mais um bocado pelo respeito que esta arquitectura brilhante nos merece”, disse. A responsável cita o “ano áureo de 1992 quando todas as instituições – Câmara de Lisboa, GNR, etc. – estavam de acordo com o projecto apresentado pelo arquitecto Gonçalo Byrne”." Um remate condigno dando ao Palácio a possibilidade de fazer o grande museu da ourivesaria da Casa Real, expondo as jóias e as pratas da coroa, o que o tornaria o museu mais visitado de Portugal”, vaticinou. A directora do PNA “sonha” ainda um Museu de Artes Decorativas onde se possam mostrar as colecções do Palácio, “e até trazer as nossas carruagens que estão em Vila Viçosa [no Paço Ducal dos Bragança]”. “Este edifício tem, como diz o povo, pano para mangas, é preciso que as entidades que nos tutelam queiram”, rematou Isabel Silveira Godinho.
(ES)

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Bem podemos estar à espera. Se fosse acabado, o P. da Ajuda teria mais visitantes que o TGV e nem sequer precisamos de falar na quantidade de mão de obra a utilizar, mesteres a preservar,etc. É o que dá, termos gente com "mentalidade de marquise" no comando "disto"...

Maria Menezes disse...

De boas intenções está o inferno cheio....