sexta-feira, 11 de abril de 2008

FAMÍLIA REAL NO CRATO
A Câmara Municipal do Crato comemorou, a 8 de Dezembro de 2007, Dia de Nossa Senhora da Conceição – Padroeira desta Vila - os 775 anos da Atribuição do 1.º Foral à Vila do Crato levando a efeito um ciclo de iniciativas que foram uma viagem ao passado sem esquecer o tempo presente. Como convidado de Honra esteve o D. Duarte Duque de Bragança que seguiu com muito interesse os momentos mais siginificativos desta evocação Histórica. Ninguém quis faltar à chegada de D. Duarte de Bragança à vila do Crato na manhã de Sábado. Recebido pelas entidades oficiais e pela Banda, o herdeiro do trono de Portugal fez-se acompanhar pela esposa, Isabel Herédia. Para o Duque de Bragança um dos motivos de alegria para quem vem ao Crato "é ver que souberam preservar a arquitectura, paisagem e a identidade cultural. Quantas cidades e vilas em Portugal, com grande história, infelizmente, hoje em dia estão totalmente desfiguradas e apenas mantêm alguns edifícios no meio". Realçando esta preservação, D. Duarte frisou que "se não respeitarmos a nossa cultura e identidade não temos respeito por nós próprios e acabamos também por perder a auto-estima", e por essa razão considerou que o que está a ser feito no Crato é "um modelo a seguir" e "um exemplo para o País". O desenvolvimento da Casa Museu Padre Belo e as memórias da Ordem de Malta são elementos que contribuem para marcar uma posição no mundo do Crato.

Outro dos aspectos destacados pelo Duque é o facto de, hoje em dia, as monarquias europeias, da Ásia, Japão, Tailândia e Austrália se encontrarem entre os países mais desenvolvidos e mais democráticos. Nesse sentido, defendeu que o regime monárquico começa a ser cada vez mais um exemplo a seguir. "Acho que a os republicanos de 1910 infelizmente à força de querer justificar a revolução que fizeram a 5 de Outubro acabaram por alterar a história e hoje nós vemos a nossa história de uma maneira um bocado fantasista e pouco realista", disse D. Duarte, recordando que, em 1910 Portugal estava a meio da tabela europeia de desenvolvimento e hoje encontra-se praticamente em último lugar. "A culpa é do regime que nos últimos 100 anos conseguiu atrasar o País", acusou.
O herdeiro do trono de Portugal mostrou-se também satisfeito pelo facto do regime de 1910 nunca ter abolido o facto de Nossa Senhora da Conceição ser a Rainha de Portugal. "Há esperança que o País vai continuar a ter futuro e a ser independente, apesar de termos entrado numa União de outros países europeus", considerou, realçando a importância de, dentro da União Europeia, cada Pátria manter a sua identidade e independência "unindo-se naquilo que é importante".
Para Correia da Luz, presidente da Câmara do Crato, o dia de Sábado revelou-se "particularmente bonito" com o regresso às origens da nacionalidade. Na sua opinião, o dia 8 de Dezembro é duplamente importante para a vila, com as comemorações da Padroeira e da atribuição do 1º Foral.
A presença de D. Duarte de Bragança no Crato é considerada pelo presidente um ponto de referência. "Estando numa República e sendo um dos eleitos da República no poder municipal, vejo sempre com grande simpatia tudo o que se liga ao regime monárquico. Aliás, temos em toda a nossa Europa moderna, valorosa, democrática e progressista monarquias com regimes que, do ponto de vista da economia e da capacidade de acrescentar mais valia às pessoas e às suas virtudes, não ficam nada a dever às Repúblicas", afirmou.

Espólio artístico doado ao município
No decorrer das cerimónias, outros actos importantes tiveram lugar. Um deles foi a entrega da Medalha de Ouro evocativa do Foral do Crato a D. Duarte de Bragança e aos presidentes das Juntas de Freguesia do Concelho - Crato e Mártires, Flor da Rosa, Vale do Peso, Aldeia da Mata, Monte da Pedra e Gáfete. Correia da Luz recebeu também a Medalha de Ouro do Foral pelas mãos do jovem António.

Outro momento importante foi a assinatura do documento de doação do importante espólio artístico que o Comendador João Rebello de Carvalho entendeu por bem confiar ao município do Crato. Note-se que esta doação nasceu de uma visita do Comendador ao Museu Municipal do Crato, na qual manifestou grande apreço pela exposição em causa e formulou o desejo de vir a deixar um legado da sua colecção de arte neste mesmo Museu.
A Câmara Municipal do Crato tem todo o interesse em acolher esta colecção, não só pelo prestígio do seu actual proprietário, como o enriquecimento que tão importante espólio representa para o Museu Municipal". Compete à autarquia, cujo Museu Municipal dedica o seu principal núcleo à Ordem de Malta, promover todos os esforços no sentido de valorizar a sua colecção e assim aumentar a oferta a todos os que visitam o Crato e em especial o Museu.
D. Duarte quis também homenagear a vila do Crato com a entrega da Medalha de Nossa Senhora de Vila Viçosa, que foi cunhada por D. João VI comemorando os 200 anos da Família Real para o Brasil. A imposição da Medalha foi feita pelo Duque à Padroeira do Crato e de Portugal. "Um símbolo muito expressivo para a vila do Crato", disse o presidente da Assembleia Municipal.
João Rebello de Carvalho confessou estar muito ligado ao Crato através da Associação dos Cavaleiros Portugueses da Ordem de Malta. Uma Ordem que se estabeleceu em Portugal no século XI e depois se mudou para o Crato. O Comendador recordou que quando se começou a celebrar o dia da Ordem no Crato "estabeleci um conjunto de relações que se tornaram cada vez mais pessoais com as autoridades da vila". Na sua opinião, as autoridades do Crato "são uma gente que olha para o futuro, construiu a varanda com o trabalho do passado e também para o futuro do Crato. O dinamismo foi uma coisa que me apaixonou por esta terra". "Eu esperava que este espólio não ficasse muito bem guardado numa sala visitada de vez em quando, mas que foi o ponto de partida para um conjunto de acções dinâmicas sócio culturais que poderia vir até ao desenvolvimento e modernização das instituições caritativas até às culturais", afirmou João Rebello de Carvalho.
Ao município do Crato, o Comendador entregou já os três primeiros exemplares do seu espólio.
No decorrer de uma visita da Família Real à Casa Museu Padre Belo, foi também inaugurado neste espaço, o Núcleo de Pratas e Marfins.

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