Está na Chefia do Estado uma das mais importantes diferenças entre as formas de governo republicana e monárquica.
Para os republicanos, o Chefe de Estado deve ser escolhido. Para os monárquicos, deve ser hereditário e preparado.
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Em república, o candidato à Presidência pode ser até um político experiente mas, como Chefe de Estado, será sempre o mandatário de um partido, de uma facção ou de uma estratégia política para a qual concorrem toda a espécie de interesses e influências, nacionais ou internacionais. Mas ainda que, por absurdo, o Presidente estivesse desligado de quaisquer compromissos, o simples facto de estar de passagem, já compromete todo o sistema republicano. A Chefia do Estado, com efeito, é um cargo demasiado sério para ser posto periodicamente em leilão. Assim como em tudo na vida há profissões ou cargos que requerem uma preparação e que não podem ser disputados, do mesmo modo também a Chefia do Estado deve estar acima de qualquer discussão e pressupõe uma preparação muito especial. Por isso a Monarquia prefere entregar a Chefia do Estado a um Poder imparcial e independente, estável e duradouro, numa palavra, a um Príncipe preparado e verdadeiramente identificado com a Nação por uma longa História de serviços a ela prestados pelos seus avós.
Como se dá então essa preparação do Príncipe?
Desde logo é necessário considerar a existência do inegável factor da predisposição hereditária. A família do Príncipe — mesmo naqueles casos em que não é reinante — tem atrás de si uma longa série de gerações especializadas no desempenho da alta função de reinar. E como é sabido, há muitas aptidões que se transmitem por hereditariedade, como se pode constatar em famílias onde predomina a tendência para a carreira médica, diplomática, musical, militar, etc. Assim, de um Príncipe que descende de uma família há 200, 500 ou 1000 anos reinante, pode-se razoavelmente esperar que tenha maior aptidão para o ofício de governar, do que uma pessoa que não tem nesse domínio quaisquer antecedentes.
Visto o factor da hereditariedade, considere-se agora o da educação
Desde de criança, o Príncipe é cuidadosamente preparado para as funções que um dia deverá desempenhar. O seu pai, escolhe a dedo os mestres encarregados de lhe ministrarem os conhecimentos necessários, vigia atentamente o seu aproveitamento e instrui-o pessoalmente nos princípios da arte de governar e nos segredos de Estado. Mesmo aqueles Príncipes que são filhos de pais não-reinantes e a quem está vedada, portanto, a possibilidade de terem “aulas práticas” pela participação em despachos ministeriais ou em sessões do Conselho de Estado, podem sempre aprender o ofício de reinar no exemplo vivo da família e dos seus antepassados. “As lições da História — escreve José María Pemán (1) — são, na casa do Príncipe, experiências de família […]. O Príncipe respira, desde que nasce, um ambiente que a todo o momento é aprendizagem e ensino para a sua função.”
Desde criança, o Príncipe é cuidadosamente preparado para as funções que um dia deverá desempenhar. O seu pai, escolhe a dedo os mestres encarregados de lhe ministrarem os conhecimentos necessários, vigia atentamente o seu aproveitamento e instrui-o pessoalmente nos princípios da arte de governar e nos segredos de Estado. Mesmo aqueles Príncipes que são filhos de pais não-reinantes e a quem está vedada, portanto, a possibilidade de terem “aulas práticas” pela participação em despachos ministeriais ou em sessões do Conselho de Estado, podem sempre aprender o ofício de reinar no exemplo vivo da família e dos seus antepassados. “As lições da História — escreve José María Pemán (1) — são, na casa do Príncipe, experiências de família […]. O Príncipe respira, desde que nasce, um ambiente que a todo o momento é aprendizagem e ensino para a sua função.”
Desde criança, o Príncipe é cuidadosamente preparado para as funções que um dia deverá desempenhar. O seu pai, escolhe a dedo os mestres encarregados de lhe ministrarem os conhecimentos necessários, vigia atentamente o seu aproveitamento e instrui-o pessoalmente nos princípios da arte de governar e nos segredos de Estado. Mesmo aqueles Príncipes que são filhos de pais não-reinantes e a quem está vedada, portanto, a possibilidade de terem “aulas práticas” pela participação em despachos ministeriais ou em sessões do Conselho de Estado, podem sempre aprender o ofício de reinar no exemplo vivo da família e dos seus antepassados. “As lições da História — escreve José María Pemán (1) — são, na casa do Príncipe, experiências de família […]. O Príncipe respira, desde que nasce, um ambiente que a todo o momento é aprendizagem e ensino para a sua função.”
Tudo isso lhe confere uma bagagem muito especial e completa, a qual naturalmente lhe dá maiores probabilidades de ser bem sucedido como Chefe de Estado, do que um improvisado presidente republicano. Ademais, quando sobe ao trono, o Príncipe não é um desconhecido que aparece subitamente na cena política. Desde que nasce, toda a nação o conhece e tem os olhos postos nele. Sabendo disso, também ele, por sua vez, aprende a conhecer a importância transcendente de todos os seus actos e a ampla repercussão que têm os seus bons ou maus exemplos. A sua condição, portanto, pede um enorme esforço de vigilância sobre si mesmo, pede disciplina, pede renúncia a muitos prazeres, a muitas diversões e a muitas liberdades que qualquer outra pessoa pode ter. Inevitavelmente, daqui vem um sentido de responsabilidade que o cidadão comum nunca poderá alcançar, porque vem da circunstância do nascimento e porque é gravada na alma do Príncipe desde a mais tenra infância.
Ser Príncipe pressupõe qualidades de soldado: coragem, abnegação, renúncia, espírito de sacrifício e dedicação à Pátria
Dom Luís Filipe era verdadeiramente um Príncipe preparado para ser Chefe de Estado. Ao nomear o Tenente-Coronel Mouzinho de Albuquerque como aio do seu filho, El-Rei D. Carlos mostrou bem o cuidado que punha na educação do Príncipe Real. "Faze dele um homem e lembra-te que há de ser Rei", disse D. Carlos ao dedicado Oficial de Cavalaria. Infelizmente o assassinato de 1 de Fevereiro de 1908 gorou essas esperanças, pondo termo à vida do Príncipe e alterando tragicamente os rumos da História de Portugal.
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É certo que hoje em dia, infelizmente, não sentimos essa noção de responsabilidade em muitos Príncipes das Casas reinantes ou não reinantes. Mas praticamente todos eles — até mesmo aqueles que não dão bons exemplos de vida pessoal e que muitas vezes parecem alheios aos problemas do seu país — receberam, quase como natural rotina, uma preparação bem adequada para reinar. Por vezes tiveram até uma educação bastante dura, em situações de exílio e de sérias dificuldades económicas.
Ao ouvirmos a palavra “Príncipe” somos geralmente muito mais propensos a pensar em privilégio e regalias do que a considerar os espinhos que essa condição acarreta, especialmente quando é levada a sério, com espírito de missão e de cumprimento do dever. Ser Príncipe, acima de tudo significa Servir e isso pressupõe qualidades de soldado: coragem, abnegação, renúncia, espírito de sacrifício e dedicação à Pátria. Esta ideia de Príncipe ao serviço da sua pátria e do seu povo, exprimiu-a magistralmente o Tenente-Coronel Mouzinho de Albuquerque, quando El-Rei Dom Carlos lhe confiou a educação de seu filho Dom Luís Filipe. Escreveu ele ao Príncipe Real: “É Vossa Alteza Príncipe, há de ser Rei; ora, […] ninguém como o Rei tem de se esquecer de si para pensar em todos, […] ninguém como ele tem que levar a abnegação ao maior extremo, ninguém como ele precisa de ser soldado na acepção mais lata e sublime desta palavra. […] o Rei é uma sentinela permanente que não tem folga porque, nomeado por Deus, só Ele o pode mandar render e então envia-lhe a morte a chamá-lo ao descanso. Enquanto vive tem o Rei de conservar os olhos sempre bem abertos, vendo tudo, olhando por todos. Nele reside o amparo dos desprotegidos, o descanso dos velhos, a esperança dos novos; dele fiam os ricos a sua fazenda, os pobres o seu pão e todos nós a honra do país em que nascemos, que é a honra de todos nós! Para semelhante posto só pode ir quem tenha alma de soldado!”(2)
Com esta reflexão e com o nosso olhar voltado para Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança, e especialmente para o seu Herdeiro Dom Afonso, Príncipe da Beira, concluímos também com as palavras de Mouzinho: “A Vossa Alteza cumpre realizar as esperanças de seu Augusto Pai e nosso Rei, as esperanças de todos os Portugueses.”
Luís Filipe Ferrand d’Almeida
(1) José María Pemán, “Cartas a um céptico sobre as formas de governo”, Edições Gama, Porto, 1947
(2) Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, Editorial Verbo, 1987, Vol. X, págs. 99, 100
faz mais d. duarte por portugal do que o cavaco so sabe andar escondido.. parabens d. duarte
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