O presidente da Síria, Bashar al-Assad, é “um homem muito bem intencionado”, afirmou hoje o Duque de Bragança, Dom Duarte, que se encontra na capital síria para contactos com elementos do regime, à Agência Lusa.
Em declarações telefónicas a partir de Damasco, Dom Duarte justificou a sua deslocação ao país: “O presidente da República [síria, Al-Assad] convidou-me para vir cá e, por um lado, conhecendo-o, [sei que] é uma pessoa com um fundo muito bom e um homem muito bem intencionado e, por outro lado, a instabilidade nesta região é, de facto, muito perigosa. Por isso, achei que devia aceitar e tentar ver se a minha intervenção pode ser útil”.
A repressão do movimento de contestação, que eclodiu a 15 de Março, na Síria, já provocou a morte a mais de 1.300 civis e milhares de refugiados, segundo várias organizações não-governamentais. A comunidade internacional tem apelado a Al-Assad para que reforme ou renuncie.
Reconhecendo que o anterior presidente, Hafez Al-Assad dirigia um “regime de força bastante violento”, Dom Duarte defende que o actual presidente, filho do antecessor, é “um médico muito estimado por toda a gente” e que, “desde que assumiu o poder, tem tentado democratizar e humanizar a política, e já conseguiu grandes avanços”.
Considera que “a alternativa” a Bashar al-Assad é “o movimento islamista e a possibilidade de um grande caos local”, semelhante ao que se passa na Líbia.
Dom Duarte afirma que está “pessoalmente convencido de que a intenção [de Al-Assad] de copiar o modelo marroquino é muito sincera”, acrescentando que, em Marrocos, “se transformou um Estado que era pouco democrático num Estado inteiramente democrático”.
De acordo com o Duque de Bragança, “o ambiente é completamente calmo” na capital do país, Damasco, e “não há qualquer tipo de situação desagradável”, embora se assista a uma “situação bastante explosiva” em várias cidades sírias junto à fronteira com a Turquia.
Referindo-se às reuniões que teve com os membros do governo sírio, o Duque de Bragança afirma que “há a nítida sensação de que as forças armadas não estão preparadas para lidar com este tipo de situação”, assegurando ainda que “mais de uma centena de militares e de polícias foram degolados pelos grupos de oposição militante”.
Adiantou também que existem “dois tipos de oposição”: por um lado, “os irmãos muçulmanos, que são islamistas e já fizeram noutros países revoluções violentas” e “a oposição que quer a democracia”.
Pela sua parte, esclarece que se tem “encontrado com o governo e com o presidente” para colaborar na criação da futura Constituição da Síria, “muito semelhante à marroquina”, que garante a liberdade de imprensa, política e religiosa.
Dom Duarte esteve hoje reunido com o presidente, com o primeiro-ministro, Adel Safar, bem como com “individualidades da oposição moderada”, e pretende “aproveitar as boas relações pessoais” que tem com Al-Assad e outras pessoas na região para “tentar ajudar a que se encontre uma solução”.
Em Damasco há três dias, o Duque de Bragança disse à Agência Lusa que o seu regresso não está marcado e “depende de quando achar que já não vale a pena continuar no país”.
A sua agenda está também “muito dependente das oportunidades de contacto” que surgirem mas, para já, não estão previstas deslocações a outras cidades do país.
Lusa / SOL - 07 de Julho de 2011
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The pretender to the Portuguese throne has held talks with Syrian leaders in Damascus, hoping “to help find a solution” for the government’s violent crackdown on pro-reform forces.
Dom Duarte Pio, the Duke of Bragança, told Lusa News Agency he considered Syrian President Bashar al-Assad a “good and well-intentioned man” who had tried to “humanise and democratise politics” in his country since assuming power on his father’s death.
In comments by telephone from Damascus, he said the only current “alternative” to al-Assad was “the Islamist movement and the possibility of great local chaos.”
The Duke of Bragança said he had travelled to Damascus at the president’s invitation and held talks with al-Assad, the prime minister, and members of the “moderate opposition.”
“Personally, I’m convinced [the president’s] intention is to copy the Moroccan model” of reforms, he said, referring to the recent referendum in the North African kingdom that approved changes towards a constitutional monarchy.
TPN/Lusa
News, 16-07-2011
Vê-se bem o prestígio que SAR, D. Duarte tem fora de Portugal, pois até o chamam para colaborar com a Constituição da Síria...
ResponderEliminarAna Isabel Correia
Só aqui em Portugal é que não o chamam para nada. Aqui adaptam-se bem as palavras de Jesus na Biblía: "Um profeta só é desprezado na sua Patria",porque em qualquer lugar do mundo que vão, D.Duarte e D. Isabel são sempre recebidos com todo o respeito que merecem.
ResponderEliminarJá está quase a fazer um ano que Duarte Pio fez esta viagem á Síria. Não será tempo de fazer um pedido de desculpas público pelo que disse e o que se está a passar actualmente naquele País?
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