domingo, 31 de julho de 2011

AVENIDA RAINHA DONA AMÉLIA

Na imagem, a moderníssima Avenida Rainha Dona Amélia tal como surgia em 1908. Após a golpada terrorista do 5 de Outubro, rebaptizaram-na com o glorioso nome de um pateta, cujo único feito digno de nota consistiu em introduzir um pedaço de chumbo no encéfalo. No entanto, há males que valem por bem, pois dada a fauna - vendedores de drogas e de zonas médias - e o tipo de comércio que nesta avenida Almirante Reis se faz, merece bem o nome do "herói" da república. Para não falarmos da constante depredação dos belos edifícios que por lá existiam e que vão sendo substituídos por mamarrachos, decerto também muito republicanos.
Fica para a pequena história o episódio ocorrido durante a visita de Dona Amélia a Portugal (1945).
Um dos antigos motoristas da Casa Real, conduziu a Rainha numa visita a Lisboa que a soberana tão bem conhecera, mas que entretanto tinha crescido em direcção ao norte, "marreca", segundo a feliz expressão de Ribeiro Telles.
Em dado momento e percebendo muito bem em que ponto da cidade se encontravam, a Rainha ardilosamente perguntou:

"- Diz-me lá uma coisa... Como é que se chama esta Avenida?"
-" Saiba Vossa Majestade que esta Avenida chama-se... Rainha Dona Amélia!"

Os monárquicos são na verdade, o mais antigo, teimoso e permanente movimento de resistência da nossa História.
Nuno Castelo-Branco

sábado, 30 de julho de 2011

OS TÍTULOS QUE S.A.R., O SENHOR DOM DUARTE PIO DE BRAGANÇA OSTENTA

Rei de Portugal e dos Algarves
Infante de Portugal
Príncipe Real de Portugal
Príncipe da Beira
Duque de Barcelos
Duque de Bragança
Duque de Guimarães
Marquês de Vila Viçosa
Conde de Arraiolos
Conde de Barcelos
Conde de Neiva
Conde de Ourém
Como Chefe da Casa Real Portuguesa, Sua Alteza Real, O Senhor Dom Duarte Pio de Bragança é também Grão-Mestre da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, da Real Ordem de São Miguel da Ala, Juiz da Real Irmandade de São Miguel da Ala, Bailio Grã-Cruz da Ordem Soberana de Malta, membro do Conselho Científico da Fundação Príncipes de Arenberg.
Sua Alteza Real, O Senhor Duque De Bragança está ligado por laços familiares a várias Casas Reais da Europa, nomeadamente: Luxemburgo, Áustria-Hungria, Bélgica, Liechenstein, Itália, Espanha, Roménia, Sérvia, Bulgária Thurn e Taxis, Bourbom Parma, Loewenstein etc. Ler aqui
Quando Lhe perguntam algo em que seja mencionada a sua condição de «pretendente ao trono», S.A.R., O Senhor Dom Duarte, responde que não quer assemelhar-se ao candidato a uma eleição e portanto recusa as «pretensões». Ele é, antes de mais, o representante de uma tradição monárquica e Chefe de uma Casa Real, e é nessa qualidade que procura desenvolver uma acção cívica que permita dar a conhecer as vantagens da Monarquia, em que acredita verdadeiramente. A independência do Chefe de Estado só pode conseguir-se, em Sua opinião, através da Instituição Real, que arbitra os destinos de um país, sem interesses particulares e pessoais, e que representa todos os cidadãos. O ideal monárquico, é profunda convicção de Dom Duarte, promove a união e não a dissensão, sendo por natureza suprapartidário para que o Rei possa desempenhar bem este seu papel de moderador. - O mantodorei.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

165 ANOS DO NASCIMENTO DA REDENTORA

S.A.I.R., Dona Isabel, de jure Sua Majestade Imperial, Dona Isabel I, Por Graça de Deus, e Unânime Aclamação dos Povos, Imperadora Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil.
Há 165 anos atrás nascia na capital do Império do Brasil, a Redentora do Brasil.
Pequena homenagem a grande mulher que mudou o rumo da história do Brasil.
Deus Salve a Redentora! - Verdades Monárquicas
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 Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon (Rio de Janeiro, 29 de julho de 1846 — Eu, França, 14 de novembro de 1921) foi a última Princesa imperial do Brasil e regente do Império por três ocasiões, na qualidade de herdeira de seu pai, o Imperador Dom Pedro II, e da imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias. Foi a terceira Chefe de Estado brasileira após sua avó Leopoldina e sua trisavó Dona Maria I. Foi cognominada a Redentora por ter, através da Lei Áurea, abolido a escravidão no Brasil. (...) - Wikipédia

ESCLARECIMENTO: A MINHA LEALDADE A S.A.R., O SENHOR DUQUE DE BRAGANÇA

Tenho recebido algumas mensagens perguntando-me se, acaso, eu estaria a defender que O Príncipe Dom Afonso fosse Rei antes de Seu Pai, O Senhor Dom Duarte.
É um total equívoco: defendo que, a termos Monarquia, o Rei seria, de facto, O Senhor Dom Duarte. Apenas acrescentei que, exactamente por isso e por haver continuidade na linhagem, sendo O Príncipe Dom Afonso O Seu legítimo Herdeiro, que a descendência está assegurada, a estabilidade também, e que deveríamos, como monárquicos, acarinhar e ajudar o Senhor Duque de Bragança nessa difícil tarefa, dando, desde já, o nosso testemunho de fidelidade, também, ao Seu Filho e a toda a Sua Família. Espero que não volte a haver confusões.
Aline Gallasch Hall, deputada pelo Partido Popular Monárquico na Assembleia Municipal de Lisboa.
Aline Gallasch Hall

quinta-feira, 28 de julho de 2011

AS ESCOLAS DESISTIRAM DE ENSINAR PORTUGUÊS?

Coluna de hoje do Expresso online
(...) A associação de professores da língua portuguesa está a dizer que os escritores da língua portuguesa são um empecilho às aulas de português. Caramba, isto é um episódio dos Monty Python no meio da realidade. Isto é a realidade transformada numa comédia do absurdo.
Como se isto não fosse suficiente, parece que os testes passaram a ser de cruzinhas. Parece que o ato de ler e o ato de escrever estão a ser banidos das aulas de português. Estas pedagogias pós-moderninhas da treta estão a criar pessoas sem a capacidade de pensar, sem a capacidade de imaginar coisas além daquilo que veem na TV. (...)
Henrique Raposo, Clube das Repúblicas Mortas
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Alguns professores bem que podiam fazer umas revisões porque o português que escrevem e falam, é medíocre e não podem ensinar a língua de Camões. Aliás a língua de Camões foi vendida ao desbarato por portugueses de meia tigela que trataram do assunto no acordo ortográfico. Enfim, Portugal também desistiu da língua portuguesa!

DUAS INFANTAS DE PORTUGAL

As Infantas Maria Benedicta e Isabel Maria, irmãs de Dom Duarte Nuno, respectivamente com quatro e seis anos, filhas mais velhas do segundo casamento de Dom Miguel II com a Princesa Maria Teresa de Lowenstein-Wertheim-Rosenberg, realizado a 7 de Novembro de 1893.
Apesar de viverem no exílio, vestem ambas trajes típicos do Minho.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

EL-REI DOM MANUEL II NO BUÇACO

O Rei Dom Manuel II e o Duque de Wellington (neto) fotografados no Bussaco em 1910
(Clique na imagem para ampliar)
Um dos últimos acontecimentos que teve participação real decorreu quanto das comemorações dos cem anos da batalha do Bussaco , no dia 27 de Setembro de 1910.
O Rei deslocou-se ao Bussaco em comboio especial naquele que foi um dos últimos actos públicos do Governo e da Monarquia participando directamente nas cerimónias com grande brilhantismo e com a presença de altas personalidades, entre elas o neto do Duque de Wellington, Lord Arthur Charles Wellesley, neto do Duque General. Presentes também os ministros da Guerra e dos Negócios Estrangeiros que acompanharam o Rei na sua deslocação.
Durante a visita, que decorreu com pompa e circunstância, não deixou de se respirar o pesado ambiente de instabilidade politica que se vivia na altura e que terminou alguns dias depois na revolução republicana do cinco de Outubro. El-Rei Dom Manuel inaugurou o Museu Militar do Buçaco, instituição que subsiste hoje associada na sua fundação à figura do Rei e ao seu pequeno reinado.
O cenário posterior é o muro da mata junto à Porta de Sula, local onde se travou parte da batalha.
(Clique na imagem para ampliar)
El Rei empunha a bandeira do centenário perante o Bispo que procede à benção do estandarte. Na mesma foto , em cima, o pelotão fardado à época em plena missa campal. (Revista Brasil-Portugal). Depois desta cerimónia Dom Manuel reinou apenas sete dias, até ao 5 de Outubro.
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Terça Feira, 27 de Setembro de 1910

Bussaco – 1º Centenário da Grande Batalha

Dormi bem. Ás 9 ½ almoço. Ás 10 h. parti com o Sbugosa e Duque de Wellington para o Alto da Serra onde o Bispo Conde d’Arganil, Prelado de Coimbra, benzeu a bandeir...a do Centenário, e disse Missa Campal. Espectaculo único. Não se descreve. Depois houve inauguração do Monumento. Seguiu-se revista das tropas, inauguração do museu, e por fim almoço militar na esplanada junto à Capella. Eram 3 h . quando começou o almoço que foi lindíssimo. Discursaram Coronel A. Costa, Duque de Wellington, José d’Azevedo ( Superior) e El-Rei muito bem.
Ás 16 h da noite houve no Paço uma espécie de ceia-jantar com vários convidados taes como Generais, Bispo Conde, Rapozo Botelho (Ministro da Guerra) José d’Azevedo Castello Branco (Ministro dos Negócios Estrangeiros), Duque de Wellington, e o famoso Professor Charles Oman que ficou ao pé de mim para a conversa.
Depois desta refeição ainda fomos todos com El-Rei para as sallas do Hotel onde ficamos muito tempo. Não gosto de ver El-Rei na intimidade de toda a gente. Não deve ser.
Muitos milhares de pessoas.
O tempo menos mal.
NOTAS
O Duque de Wellington que veio ao Bussaco no dia 27 é um homem alto, elegante, de 60 anos pouco mais ou menos. Chegou no Sud-Express veio ao Hotel vestir-se com o uniforme de Granadeiros da Guarda com a sua enorme barretina de pelle d’urso. Trazia a Gran-Cruz da Jarreteira e o Collar da Águia Negra. Quando chegou ao pé d’El-Rei poz o joelho em terra e beijou-lhe a mão deante de muita gente. Estavam presentes todos os correspondentes dos jornais e nenhum relatou o facto. É por medo de offender a canalha.
Havia na festa do dia 27 uma guarda d’honra vestida com uniformes de há 100 annos. Sargento com um chuço, um pífaro, e um tambor. Não gostei. Dava um tom de mascarada no meio das tropas d’agora. Lembrava o enterro do bacalhau como d’antes se fazia em Sabbado d’Alleluia.
Por ordem d’El-Rei e por eu falar Inglez estive sempre com o Duque de Wellington durante dois dias e companhei-o até ao Avenida Palace. Teve por ajudante de Campo aqui o Capitão do Estado maior de Artilharia Ivens Ferraz. O Duque deu, tanto a este official como a mim, uma gravura de Burgess copia do retrato do seu glorioso avô pintado por Sir Thomas Lawrence.
Fonte: Diário do Conde de Mafra, D. Thomaz de Mello Breyner - que me foi enviado por José Tomaz de Mello Breyner que agradeço com um bem haja!

terça-feira, 26 de julho de 2011

HOJE É DIA DOS AVÓS

São Joaquim e Santa Ana são os pais de Nossa Senhora e Avós de Jesus. As promessas de Deus se cumprem graças à fé e à dedicação de pessoas simples que levam a vida com amor.
Neste dia, 26 de julho, Dia dos Avós, rezemos por todos eles e busquemos, em seu exemplo, a sabedoria de vida.

A LUXUOSA NOBREZA REPUBLICANA

A antiga Ordem de Cristo, ainda não mutilada
Bem vistos os factos, os republicanos fizeram bem em terem mantido as antigas Ordens honoríficas da Monarquia, tal como conservaram o escudo nacional do sistema deposto em 1910. Nada de melhor tinham a propor, limitando-se a reinterpretar o significado dos mesmos, por vezes recorrendo a risíveis argumentos que a ninguém convenceu. As mais prestigiadas Ordens, são precisamente aquelas que gozavam da maior apetência antes de 1910 e embora para muitos não valham grande coisa desde que foram mutiladas pela República, são ainda consideradas, nem que seja pelo bom gosto decorativo. Quanto aos receptuários das mesmas, essa é uma outra estória, pois tratando-se de sujeitos que na sua grande parte apenas se notabilizam pela sua amizade e favores para com o outorgador, pouco terão em comum com antigas glórias que outrora receberam as comendas de Cristo ou de Aviz. A Ordem de Cristo atribuída a declarados pagãos, não deixa de ser mais uma originalidade "à portuguesa".(...)
Já agora e ainda no rescaldo do desaparecimento de Otto de Habsburg, o Presidente checo diz umas verdades acerca da Europa, coisa que o seu correspondente lisboeta seria incapaz de cogitar nem por um momento.
Nuno Castelo-Branco - Estado Sentido

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A BATALHA DE OURIQUE, SEGUNDO A CRÓNICA DOS GODOS

Era de 1177 [= 1139]: A 25 de Julho na festa de S. Tiago Apóstolo, no undécimo ano do seu reinado, o mesmo Rei Dom Afonso travou uma grande batalha com o rei dos Sarracenos, de nome Esmar, num lugar que se chama Ourique. Efectivamente aquele rei dos Sarracenos, conhecendo a coragem e a audácia do rei Dom Afonso, e vendo que ele frequentemente entrava na terra dos Sarracenos fazendo grandes depredações e vexava grandemente os seus domínios, quis; se fazê-lo pudesse, travar batalha com ele e encontrá-lo incauto e despercebido em qualquer parte. Por isso uma vez, quando o Rei Dom Afonso com o seu exército entrava por terra dos Sarracenos e estava no coração das suas terras, o Rei sarraceno Esmar, tendo congregado grande número de Mouros de além-mar, que trouxera consigo e daqueles que moravam aquém-mar, no termo de Sevilha, de Badajoz, de Elvas, de Évora, de Beja e de todos os castelos até Santarém, veio ao encontro dele para o atacar, confiando no seu valor e no grande número do seu exército, pois mais numerosos era ainda pela presença aí das mulheres que combatiam à laia de amazonas, como depois se provou por aquelas que no fim se encontraram mortas.
Como o Rei Dom Afonso estivesse com alguns dos seus acampado num promontório foi cercado e bloqueado de todos os lados pelos Sarracenos de manhã até à noite. Como estes quisessem atacar e invadir o acampamento dos cristãos, alguns soldados escolhidos destes investiram com eles (Sarracenos), combatendo valorosamente, expulsaram-nos do acampamento, fizeram neles grande carnificina e separaram-nos. Como o rei Esmar visse isto, isto é, o valor dos Cristãos, e porque estes estavam preparados mais para vencer ou morrer do que para fugir, ele próprio se pôs em fuga e todos os que estavam com ele, e toda aquela multidão de infiéis foi aniquilada e dispersa quer pela matança quer pela fuga. Também o Rei deles fugiu vencido, tendo sido preso ali um seu sobrinho e neto do rei Ali, de nome Omar Atagor.
Com muitos homens mortos também da sua parte, Dom Afonso, com a ajuda da graça de Deus, alcançou um grande triunfo dos seus inimigos, e, desde aquela ocasião, a força e a audácia dos Sarracenos enfraqueceu muitíssimo.

APRESENTAÇÃO DO ELMO DE DOM SEBASTIÃO

UM DIA DE MUDANÇA!
Uma espécie de RECONQUISTA DA LUSA IDENTIDADE:
Domingo, 7 de Agosto pelas 16 horas, na Quinta Wimmer em BELAS (Estrada Nacional 117, ao km 10), 500 metros depois da igreja de Belas na estrada nacional em direcção ao Sabugo, na subida, na curva, um grande portão antigo com duas árvores enormes e um painel de azulejos indicando QUINTA WIMMER.
Atravessando o parque, sempre em frente, cerca de meio kilómetro há parque de estacionamento.
Quem amar Portugal é BEM VINDO!
Rainer Daehnhardt

domingo, 24 de julho de 2011

JOSÉ MATTOSO ELEGE S.A.R., O SENHOR DOM DUARTE COMO FIGURA DE PARADIGMA NACIONAL

S.A.R., O Senhor Dom Duarte de Bragança, Drº Paulo Catarino, Dr.ª Margarida Ferreira, Directora do Museu de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, e Prof. Dr.º José Mattoso.

José Mattoso diz que “os políticos são incapazes de resolver os problemas”.
Filósofo, místico e referência ética nacional, são três os adjectivos com que definiria esta personagem ímpar da nossa vida cultural. Já foi monge e, perante a perplexidade da vida, considera Deus, como aquele que “preenche todo o vazio e responde a todas as perguntas” e critica acidamente os valores prevalecentes, afirmando: “o domínio da técnica não garante o exercício da sabedoria”.
Embora acreditando nas virtualidades do 25 de Abril, nem por isso, se revê nos seus frutos: “incapazes de resolver problemas relacionados com a organização social e económica, os políticos desenvolveram estratégias de ataque pessoal e de descrédito, que ainda hoje dominam a luta pelo poder”. E elege duas figuras como paradigmas nacionais: Alexandre Herculano e Dom Duarte, não se esquecendo de Camões, “épico” demais para o seu gosto e Fernando Pessoa, que considera “demasiado paradoxal”.

sábado, 23 de julho de 2011

PORTUGAL, TAILÂNDIA, 500 ANOS

(Clique na imagem para ampliar)
Embora por cá não se notem, já tiveram início as comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Sião. Pelo que temos visto, os tailandeses estão a levar muito a sério o seu primeiro contacto com um povo europeu e este vídeo é um bom exemplo. Não fosse o Instituto do Oriente do ISCSP (Narana Coissoró, Vasconcelos Saldanha e Miguel Castelo-Branco) e dos meios financeiros por esta entidade graciosamente oferecidos a este ciclo, nada teria acontecido até ao momento pela parte portuguesa, ao contrário dos tailandeses que estão a investir avultados meios logísticos, humanos e financeiros. Não nos cheguem com as desculpas habituais, porque o Instituto do Oriente é uma entidade pobre e tudo tem feito para cumprir com dignidade aquilo a que se propôs. O Governo simplesmente não teve capacidade para o realizar: edições, conferências, exposições, catálogos, monografias académicas, preparação de um simpósio internacional a realizar em Novembro, tudo isto também implicando deslocações e estadias para as quais o contribuinte português não desembolsou um tostão.
Nuno Castelo-Branco, Estado Sentido

"Foi anteontem apresentada em simultâneo em Lisboa e Ayutthaya, antiga capital do Sião, a emissão filatélica conjunta luso-tailandesa alusiva aos 500 anos de relações entre os dois países. A convite da administração dos CTT foi-me pedida colaboração na condição de investigador doutorando do Instituto do Oriente /Universidade Técnica de Lisboa. Os trabalhos que serviram para ilustrar os selos agora à venda em todas as estações de correios de Portugal e Tailândia são do pintor português Carlos Barahona Possollo, meu amigo de há muito, bem como da artista plástica tailandesa Mayuree Narknisorn. O texto explicativo, em inglês e português, é de minha autoria."
Miguel Castelo-Branco, Combustões

sexta-feira, 22 de julho de 2011

REAL FRASE DO DIA

Entronização de S.A.R., O Senhor Dom Duarte na Real Confraria do Vinho Alvarinho no dia 9 de Julho de 2011. Entrevista ao Porto Canal

quinta-feira, 21 de julho de 2011

QUEM FORAM ELES?

Sempre me divertiram essas republicanas susceptibilidades. Agora, tratou-se do caso do funeral de Otto de Habsburgo, onde um desconhecido Presidente vienense foi obrigado a comparecer, devido à presença de numerosos Chefes de Estado estrangeiros. A república austríaca, já suficientemente mesquinha quanto à sua nula identidade - foi proclamada em  1918, reivindicando a sua pronta adesão à Alemanha e sob o nome de Deutschosterreich, não podia ficar de fora. Além da constante e quase obsessiva perseguição à pessoa do Grande Homem que há dias partiu deste mundo, a república austríaca vive em boa e regalada forma de parasitismo, às custas do legado dos Habsburgos. Desde Schönbrunn à Hofburg, do Ring à Ópera, do belíssimo edifício do Reichsrat aos grandes Museus e da valsa que se tornou no símbolo do país, tudo gira em torno da lembrança da dinastia daquele Império que foi o essencial elo do perdido equilíbrio europeu. Os Habsburgos estão presentes a cada esquina, em cada jardim ou praça. O país não medra sem eles, estejam ou não estejam sentados no trono. Mais que a presença das pedras e das telas ou o som das orquestras que transportam os turistas para um outro tempo cheio de memórias, os Habsburgos significam uma certa ideia de Europa que a República austríaca jamais conseguirá impor. Pior ainda, do seu democrático parlamento chegaram ecos de ódio "contra os estrangeiros" que um dia foram todos denominados de "portugueses", numa abusiva generalização que nem sequer tem em conta, a fraquíssima presença dos nossos nacionais naquele pequeno país.
Desde há um século, quem são os grandes nomes do Estado austríaco? Quem se lembra ou retém como saudosa evocação, o nome de um Presidente ou de um 1º Ministro? É preciso o recurso a uma dose cavalar de fosfoglutina para avivar a memória, principalmente quando as referências são tão escassas. Senão, vejamos:
Francisco José foi Kaiser durante a maior parte do século XIX e marcou indelevelmente o ocaso do Império, falecendo em 1916. Os seus retratos estão por todo o lado, dos cafés de Viena, Praga, ou Budapeste, às casas particulares. O velho Senhor concitou o respeito e saudade por um tempo em que o Império significava um certo esbater de fronteiras e a possibilidade da vida em comum.
O segundo austríaco, foi o sucessor Kaiser Carlos I, soberano efémero mas cujo patriotismo e grande dignidade são um exemplo. Este descendente de D. Nuno Álvares Pereira, é hoje um Beato da Igreja e a Áustria disso beneficia, no seguimento daqueles outros homens que se tornaram em símbolos dos seus países, como São Luís em França, Santo Estêvão na Hungria, São Venceslau na Boémia. Ainda há pouco tempo, Otto de Habsburgo dizia que jamais permitiria a trasladação de Carlos I, pois a Madeira tinha-o acarinhado nas horas trágicas da pobreza no exílio, protegendo a família e tornando aquele descendente dos Reis de Portugal, num dos seus. Por vontade da Casa de Áustria, o Beato Carlos I para sempre repousará na Igreja do Monte e isso interessa-nos enquanto portugueses. É talvez o elemento mais importante de proximidade entre o nosso país e a Áustria.
O terceiro austríaco com fama mundial, foi o Chanceler Adolfo Hitler, dispensando qualquer tipo de considerações.
O quarto, já na obscuridade bem própria dos políticos que não deixam marca notável, foi Kurt Waldheim. Quem dele ainda se recorda? Com um passado nebuloso e perdido no período de ocupação da Jugoslávia de 1941-44, Waldheim "reciclou-se" às mãos chantagistas da ditadura soviética, sendo um precioso peão que ascenderia a Secretário-Geral da ONU. Foi um dos mais terríveis inimigos de Portugal e sem honra ou glória, conseguiu alçar-se a Presidente da Áustria, para grande consternação de um mundo subitamente consciente da sua controversa personalidade. Já então se conhecia o seu passado bipolar e muitos aproveitaram o ajuste de contas por actos políticos no pós-guerra, nomeadamente aqueles praticados durante a sua permanência nas Nações Unidas.
Otto é o homem que transversalmente corta o tempo de todos os precedentes, desde a conhecida foto de criança que abraça as pernas do tio-bisavô, até à saga dos exílios - que foram muitos - e da generosidade da dádiva de uma Europa que ele quis diferente e que hoje lamentamos não se ter erguido por cobiça de muitos, desrespeito dos vorazes burocratas e frustração das bem instaladas nulidades que nos comandam.
São estes, os homens de Estado que o século XX austríaco marcou. Consegue recordar-se de outros?
Como Otto dizia, "as feridas do dinheiro nunca são mortais. As políticas, sim".
Estado Sentido

quarta-feira, 20 de julho de 2011

S.A.R., O SENHOR DOM DUARTE ESTEVE PRESENTE NA ENTREGA DA MOÇÃO PELA RECONSTRUÇÃO DA CASA DO PASSAL

A moção foi apresentada ontem à tarde na Torre do Tombo e será entregue ao IGESPAR e à Direcção Regional de Cultura do Centro
A Fundação Aristides de Sousa Mendes, em colaboração GECoRPA – Grémio do Património, apresentou esta tarde, na Torre do Tombo, em Lisboa, uma moção pela reconstrução da Casa do Passal, a ser entregue junto do IGESPAR e da Direcção Regional de Cultura do Centro.
O objectivo é conseguir o apoio financeiro para começar as obras de reabilitação da casa onde viveu Aristides de Sousa Mendes, classificada como monumento nacional em 2005 e adquirida pela fundação em 2000. A moção foi aprovada por unanimidade por algumas dezenas de pessoas presentes no auditório.
Apesar da unanimidade em torno da figura de Aristides Sousa Mendes e da necessidade de fazer mais pelo seu legado, foram várias a perguntas surgidas da plateia que ficaram sem resposta durante o debate, por parte dos promotores da iniciativa, que assinalou os 126 anos de nascimento do diplomata.
Dom Duarte de Bragança, que esteve na assistência durante uns breves minutos, delegou num outro elemento do público a questão “porque não o envolvimento dos descendentes das famílias ajudadas pelo cônsul português na recolha de fundos para ajudar na reconstrução da Casa do Passal?”; pergunta que viria a ser reforçada e alargada à falta de apoio ao próprio Aristides Sousa Mendes, no final da sua vida, por parte dos familiares daqueles que o diplomata ajudou a fugir à perseguição dos Nazis. (...)
Jornal "I" de 19 de Julho de 2011

O OUTRO LADO DO OCEANO

No meio dos destroços que esta crise vai deixar, uma verdade se imporá: a teoria do crescimento económico indefinido, a outra face da moeda do determinismo histórico, sempre de pendor materialista, faliu. Claro que esta arrastará muitas outras falências. De pessoas, de famílias, de empresas e até de Estados pretensamente soberanos.
Seja como for, bom será que nos dêmos conta de que o vil metal vai deixar de ser a pátria de muitos dos que viviam na sombra do esforço nacional, sugando sem critério recursos alheios. Como bom será também não nos deixarmos impressionar com as lágrimas dos que chorarem esta orfandade de tipo pecuniário. Quem tiver, minimamente que seja, perspectiva histórica, perceberá que Portugal não se esgota no Orçamento nem na Conta Geral do Estado. E só quem padecer de castigadora miopia pensará que Portugal se deixa confinar neste rectângulo ibérico.
Talvez não valha a pena discorrer excessivamente sobre a etiologia deste meu sentimento, mas tenho para mim muito claro que Portugal não é “isto”. Não é só “isto”. Nem sequer principalmente “isto". Não interessa saber se nunca foi ou se alguma vez terá sido. Presentemente, sinto-me seguro em descobrir Portugal nas suas gentes, nos seus valores, no seu património, na sua fé, na sua história.
Note-se que não “desterritorializo”, passe o neologismo, a minha Pátria. O território é parte integrante, substrato físico da nossa identidade colectiva. Mas não deixo que a estraçalhem num Balanço ou numa Demonstração de Resultados. Não digo que esta terra que piso me é alheia ou que pertence a terceiros. Mas, como o Senhor Dom João VI, sei que há Portugal do outro lado do Oceano. De qualquer Oceano.
Portanto, enquanto tivermos este madeiro da lusitanidade a boiar em todos os mares do globo, não nos deixaremos afundar. Temos de saber defender o que é nosso. Temos de preservar o nosso território, mas não podemos negligenciar o “resto”. Porque o “resto”, meus amigos, no tempo presente, é talvez a única realidade que está nas nossas mãos acarinhar. E também não tenho dúvidas de que a Coroa é o que dará solidez e consistência ao “resto”. Só com a Coroa “isto” poderá reflectir o “resto”.
Nuno Pombo *
* Nota: o texto publicado é da exclusiva responsabilidade do autor.
Texto publicado no Diário Digital a 18-Jul-2011
q u i n t a - f e i r a . c o m
A MONARQUIA EM PORTUGUÊS NA INTERNET

terça-feira, 19 de julho de 2011

S.A.R., DOM DUARTE NA FORÇA AEREA PORTUGUESA - 1968

D. Duarte Duque de Bragança
S.A.R., O Senhor Dom Duarte Pio de Bragança foi incorporado na Força Aérea Portuguesa, em 4 de Janeiro de 1968, frequentando o curso de piloto de helicópteros na Base Aérea nº 3, Tancos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PAPA MOSTRA PESAR PELA MORTE DE OTTO DE HABSBURG

O último herdeiro do Império Austro-Húngaro e um grande político cristão.
PÖCKING, segunda-feira, 11 de julho de 2011 (ZENIT.org) – O Papa Bento XVI enviou pessoalmente suas condolências à família do Arquiduque Otto de Habsburg, segundo informou a família em uma nota de imprensa.
O Papa enviou, no último sábado, um telegrama ao filho mais velho de Otto de Habsburg, o Arquiduque Karl, no qual expressa sua proximidade à família “neste momento de tristeza, em sua perda dolorosa”.
O Pontífice quis reconhecer o legado deixado à Europa pelo defunto herdeiro dos Habsburg: “Em sua longa e plena vida, o arquiduque Otto foi testemunha da realidade mutável da Europa”, afirmou.
“Confiando em Deus e sendo consciente da sua importante herança, ele foi um europeu comprometido que trabalhou incansavelmente pela liberdade, pela unidade dos povos e pela justiça neste continente.”
“Que o Senhor o recompense pelas suas diversas obras e lhe dê a plenitude da vida em seu reino celestial”, deseja finalmente Bento XVI à família, à qual envia sua bênção apostólica.
O arquiduque Otto de Áustria, filho do último imperador do Império Astro-Húngaro, faleceu no último dia 4 de julho, em seu domicílio familiar de Pöcking (Alemanha), aos 98 anos.
Nascido na Áustria em 1912, filho do imperador Carlos I e sobrinho-neto de Francisco José, aos 4 anos foi jurado como herdeiro do império Astro-Húngaro. Após a 1ª Guerra Mundial, com o desmembramento da Austro-Hungria, a família imperial teve de exilar-se na Ilha de Madeira, onde o imperador Carlos faleceu de pneumonia.
Como herdeiro no exílio, o arquiduque Otto trabalhou sempre pela liberdade da Europa, especialmente durante a 2º Guerra Mundial, e após a queda da Cortina de Ferro sobre os povos que antes haviam pertencido à coroa imperial.
Posteriormente, renunciando à sua posição de herdeiro ao trono, dedicou sua vida e ação política à construção da União Europeia, como deputado do Parlamento Europeu durante 20 anos e como membro do Partido Popular Europeu, que chegou a presidir.
Nunca ocultou suas convicções católicas nem sua luta a favor do reconhecimento das raízes cristãs da Europa. Seus filhos seguiram seus passos na política europeia.
Em 3 de outubro de 2004, pouco antes da sua própria morte, o Papa João Paulo II beatificou o pai de Otto de Habsburg, o Imperador Carlos, de quem foi sempre admirador.
O Arquiduque Otto e Seu Pai, Beato Carlos da Austria

S.A.R., DOM DUARTE NO REQUIEM DO IMPERADOR OTTO HABSBURG NA CATEDRAL DE SAINT ETIENNE DE VIENA D'AUSTRIA

Outre le Roi et la Reine de Suède et le couple Princier de Liechtenstein, le Prince Hassan et la Princesse Sarvath de Jordanie, le Roi Siméon de Bulgarie, le Roi Michel de Roumanie, la Princesse Marie Christine de Kent, le Duc de Bragance, le Duc et la Duchesse de Parme, le Prince Georg Friedriech de Prusse, le Prince de Schaumbourg-Lippe, le Grand-Duc de Luxembourg,… assistaient au requiem en la cathédrale Saint Etienne de Vienne. Le cortège a ensuite traversé la ville en direction de la crypte des Capucins.(Copyright photos : Reuters, Getty images, blog du Prince Radu de Roumanie & www.ppe-agency.com – Merci à Michèle). - Nobless de Royautés
Les enfants de l’Archiduc Otto ont pris la parole au cours de la cérémonie.


domingo, 17 de julho de 2011

O ELOGIO FÚNEBRE

Foi apenas quem conduziu o país à bancarrota e ao maior desprestígio internacional, que é "o que fica" para a História.
No tom laudatório que é da praxe nos elogios fúnebres, o ideólogo de serviço do defunto Governo e do seu primeiro, veio à praça pública defender os méritos daquela governação, agora valentemente repudiada pelo povo, em expressivas eleições legislativas.
Embora mereçam a minha simpatia os que defendem, ao jeito do Robin dos Bosques, os desgraçados, e reconheça que é de uma rara nobreza elogiar os vencidos, confesso que não pude deixar de sorrir ao ler o obituário, não obstante o seu tom pesaroso. Aliás, já me divertira com o encenado drama da comunicação pós-eleitoral do derrotado chefe do Governo, que mais me pareceu uma medíocre comédia. A grandiloquente peça de oratória do demissionário primeiro-ministro, decerto mais preocupado com a sua própria imagem pessoal do que com o interesse da população, que certamente dispensava uma tão extensa alegação de auto-exaltação, era caricata, se não fosse tão verdadeiramente expressiva do que foi o seu desgoverno.
Embora respeitável a opinião do cronista, parece que o seu panegírico do infeliz político agora apeado é, na realidade, uma crítica à vontade soberana do povo, cujo veredicto é tanto mais censurável quanto louvável era o agora deposto governante. Na sua óptica, se o povo não peca por ignorante e injusto, peca pelo menos por ingénuo, por ter acreditado naqueles que triunfaram nas eleições e que, segundo o articulista, tinham ao seu dispor a comunicação social. São desculpas de mau perdedor que, talvez, relevem alguma saudade do "centralismo democrático" de outras eras. Mudam-se os tempos e mudam-se as vontades, mas nem sempre as mentalidades acompanham essas mudanças...
Tem de facto graça o estilo barroco do bacoco texto encomiástico, palpável na adjectivação magnânima do cadáver político do querido líder: a convicção reformista deste é "notável"; o progresso que introduziu na modernização e na simplificação administrativa é "impressionante"; as suas reformas foram "profundas", como "profundo" é o seu espírito de modernização (outra vez, à falta de melhor...). Quem, sem o conhecer, lesse a citada nota necrológica poderia pensar que o país lhe deve o caminho marítimo para a Índia, a descoberta do Brasil, o Mosteiro da Batalha, Os Lusíadas, as pontes sobre o Tejo e o Douro ou qualquer outro feito histórico. Na realidade, foi apenas quem conduziu o país à bancarrota e ao maior desprestígio internacional, que é "o que fica" para a História de Portugal, já que na mundial não terá qualquer cabimento. Não é fácil ganhar eleições, mas é muito mais difícil saber perdê-las com a dignidade que só a humildade e a veracidade conferem.
Mas é certeiro o articulista, quando afirma que "a despenalização do aborto, a agilização do divórcio e a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo ficarão a marcar" o consulado agora findo. De facto, foi contra a vida e a família que mais se destacou o Governo demissionário, que em poucos anos conseguiu a proeza de lograr um extraordinário retrocesso civilizacional, tanto mais questionável quanto realizado por pressão de grupelhos sem representatividade nacional e à revelia da vontade popular, porque até mesmo o resultado do referendo sobre o aborto não foi vinculativo, nem expressivo de uma inequívoca determinação nesse sentido.
Se foram de facto, como o dito jurista pretende, reformas de carácter civilizacional, que legitimidade tinha o anterior poder para as realizar, sem um mandato explícito dos eleitores?! Não é verdade que, para uma reforma constitucional, que é de menor importância do que uma mudança civilizacional, se exige uma maioria qualificada? Será portanto necessário que a nova maioria reveja essas reformas que, ao contrário do que se pretende, não são indeléveis - alguns estados dos EUA revogaram, depois de consulta popular, a autorização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo - e oportunamente as corrija, para que a sociedade portuguesa recupere alguma da liberdade e da decência perdidas.
"Em Portugal, onde por via de regra as modas chegam quando lá fora já deixaram de o ser, ainda não veio ninguém a público - que eu saiba - defender a impunidade absoluta ou relativa do aborto [...] e nisso tem a intelectualidade portuguesa dado uma prova exuberante do seu fino quilate", escreveu, em 1935, o dr. Alfredo Ary dos Santos, em O Crime de Aborto. Hoje, a ufania desse advogado e publicista já não tem cabimento, porque o provincianismo de alguns levou a trazer cá para dentro tudo o que de pior se faz lá fora. Mas, como então escreveu aquele precursor da defesa do direito à vida no nosso país, "temos pois - sincera e gostosamente o dizemos - que seguir na retaguarda desse movimento e assim estar na vanguarda do progresso, visto que o progresso, em ciência moral e política, não é necessariamente tudo quanto seja novo, senão tudo quanto seja verdadeiro".
Pe. Gonçalo Poertocarrero de Almada - Licenciado em Direito e doutorado em Filosofia; vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família (CNAF)

sábado, 16 de julho de 2011

HOJE, EM VIENA

Vai hoje a sepultar, aquele que foi uma das grandes referências de uma certa ideia de Europa Unida que não chegou a existir. Uma Europa de pátrias e de nações, imbuída daquele sentido de pertença que outrora de Lisboa a Varsóvia, todos considerava como partes de uma Respublica Christiana.
Homem invulgar e pouco compreendido or quem hoje se rende a cocktails e aos acenos a patéticas sumidades de incerta futura reputação, Otto von Habsburg foi talvez o  derradeiro representante de um espírito de missão próprio da era medieval, abdicando do conforto ou da glória pessoal, mas jamais da obrigação do cumprir de um dever que julgou sagrado e acima das contingências da baixa política e dos ciclos económicos ou de guerras que sempre combateu.
Dele para sempre me ficará na memória, a afabilidade e o interesse mostrado por um rapaz português que no já longínquo ano de 1983 e em representação da então Nova Monarquia se dirigiu a Fulda, participando numa grande reunião da União Paneuropeia. Procurando falar no hesitante português que ainda recordava, naquele fresco Domingo passado a bordo de um navio de cruzeiros no Reno, Otto questionou-me longamente acerca de Moçambique e com a curiosidade que foi sempre a sua base essencial para o conhecimento, mostrou um inesperado e surpreendente interesse acerca de uma família que deixara a Europa quando ainda reinava em Viena o seu tio-bisavô, o Kaiser Francisco José. Teceu algumas considerações resignadas sobre uma forma de descolonização que julgava como um tremendo erro que atingia a Europa como um todo, espantando-me com a sua perfeita consciência acerca dos momentos por nós vividos no PREC. De Portugal conservava a gratidão nostálgica da sua infância no exílio e tinha um certo sentimento de pertença a uma já desaparecida consciência deste país e do seu povo. Falou-me da sua viagem à então África Portuguesa, onde visitando um chefe tribal, foi tratado como um membro da família, pois sendo parente muito chegado dos nossos Reis, beneficiou daquela rara distinção que o tornava num igual, num primo. Coisas portuguesas, talvez inconcebíveis por muitos europeus que ainda não compreenderam que o nosso fugaz momento de pouco mais de dois milénios, já terá terminado. Aquela conversa que também contou com a participação da sua filha mais militante pela Causa, a Arquiduquesa Walburga, chegou a um certo ponto onde alguns temas, completamente imprevistos pela evidente intimidade, levaram o grande Homem a discorrer sobre as suas relações familiares, tendo a Arquiduquesa dito peremptoriamente que o seu pai era ..."o mais Bragança de toda a família. Sai à minha avó Zita". Era verdade e podemos dizer que se celebram exéquias por um notável membro da grande Casa de Bragança. Otto de Habsburgo-Lorena descendia de Dona Maria II pela linha paterna, enquanto a mãe, a Imperatriz Zita, era neta de Dom Miguel I e prima direita de Dom Duarte Nuno.
Se a Áustria-Hungria pode ser considerada como uma pujante precursora imolada no altar do egoísmo e da vingança de vencedores sem visão, Otto - aquele que nada temeu e soube enfrentar as grandes tiranias do século XX - poderia muito bem ter sido a primeira pedra de um edifício que hoje, quase todos duvidam ter qualquer possibilidade de construção. Nestes dias do fim, mal suportamos um quase hortícola Rompuy, quando podíamos ter simbolicamente iniciado um outro caminho com aquele que descendia de Otto I o Grande, de Dom Afonso Henriques, S. Luís, Carlos V, Dom João IV, Luís XIV e de mulheres como Dona Filipa de Lencastre ou a Imperatriz Dona Maria Teresa.
Estado Sentido
30 de Dezembro de 1916, Otto nas cerimónias da coroação de seus Pais como Reis da Hungria

A HORA DA ACLAMAÇÃO... VIVA O REI!

Com o afundanço europeu, cada vez mais palpável, a implosão aprazada dos "States", resta cada um safar-se por si...Nesta perspectiva, justifica-se cada vez mais a presença do "pater", consubstanciada na figura do Rei.
No dia em que se recorda a partida do ilustre e saudoso Henrique Barrilaro Ruas, ver aqui, impõe-se sem mais delongas, pedir a aclamação do nosso soberano.
Rei soberano, Pátria soberana, Povo livre...
"Em rigorosa verdade doutrinária, o Rei é o Chefe do Estado pela circunstância de ser o Chefe da Família Dinástica. Isso o distancia do Presidente vitalício. Muito para além do Estado, existe Nação, com perrogativas próprias, uma das quais é, necessariamente, a existência de uma chefia nacional. Não a pode exercer um Presidente, pela natureza partidária que a eleição incute." [in IDEÁRIO , de Mário Saraiva.
Aguardo, com alguma ansiedade e algum cansaço, que a Causa Real e as Reais Associações estejam, no presente, a iniciar contactos, com os partidos, o governo e outras forças vivas da sociedade, para resolver a questão do referendo relativo à Restauração da Monarquia.
Até lá, a minha alma, o meu sentir, são território português...
Logo aclamo, sem delongas, S.A.R., Dom Duarte Pio como meu REI e S.A.R. Dona Isabel de Bragança, como minha RAINHA.
Deus proteja a Família Real Portuguesa!

FÉRIAS EM AGOSTO

Dado que a Real Associação de Lisboa encerra durante o mês de Agosto por motivo de férias, as encomendas feitas na nossa loja online só serão expedidas em Setembro. Entretanto, agradecemos a sua visita ao nosso site, o qual procuraremos manter sempre actualizado.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

MANTO DA RAINHA DONA AMÉLIA

Manto de veludo cor de rosa com bordados e aplicações a fio de prata. Foi doado pela própria Rainha Dona Amélia ao Museu dos Coches quando, já no exílio, lhe foi permitida a entrada em Portugal e veio revisitar o “seu Museu".
Trata-se de um excelente exemplar da alta costura francesa, oferecido à Rainha em 1886, pela cidade de Paris, por ocasião do seu casamento com o Príncipe Dom Carlos, futuro Rei de Portugal.
(Clique na imagem para ampliar)

ACTUALIDADE DE RAMALHO ORTIGÃO

Combater apenas o analfabetismo do povo por meio de escolas primárias e de escolas infantis sem religião e sem Deus, não é salvar uma civilização, é derruí-la pela base por meio do pedantismo da incompetência, da materialização dos sentimentos e do envenenamento das ideias. Quem ignora hoje que foi a perseguição religiosa e o domínio mental da escola laica o que retalhou e fraccionou em França a alma da nação? Quem é que nesse tão amado, tão generoso e tão atribulado país não está vendo hoje objectivar-se praticamente o profético aforismo de Le Bon: «É sobretudo depois de destruídos os deuses que se reconhece a utilidade deles!»
[...]
Em Portugal somos hoje um povo medonhamente deseducado pela inepta pedagogia que nos intoxica desde o princípio do século XIX até os nossos dias.
O Marquês de Pombal teve a previsão desta crise quando por ocasião da expulsão dos jesuítas ele procurou explicar que o aniquilamento da Companhia de Jesus não decapitaria a educação nacional porque os eruditos padres da Congregação do Oratório vantajosamente substituiriam como educadores os jesuítas expulsos.
Com a influência intelectual dos oratorianos, introdutores do espírito criticante de Port Royal na renovação da mentalidade portuguesa, condisse realmente o advento de um dos mais brilhantes períodos da nossa erudição.
Vieram, porém, mais tarde os revolucionários liberais de 34, os quais condenaram, espoliaram e baniram os padres da Congregação do Oratório como Pombal espoliara e banira os padres da Companhia de Jesus.
A obra liberal de 1834 – convém nunca o perder de vista – foi inteiramente semelhante à obra republicana de 1910. Nos homens dessas duas invasões é idêntico o espírito de violência, de anarquismo e de extorsão. Dá-se todavia entre uns e outros uma considerável diferença de capacidade.
Os de 34, de que faziam parte Herculano, Garrett e Castilho, eram espíritos oriundos da Academia da História, da livraria das Necessidades e do colégio de S. Roque.
Tinham tido por mestres ou por companheiros de estudo homens tais como António Caetano de Sousa, o autor da História Genealógica; Barbosa Machado, o autor da Biblioteca Lusitana; Bluteau e os colaboradores do seu Vocabulário; Santa Rosa de Viterbo, o autor do Elucidário; João Pedro Ribeiro, o admirável erudito iniciador dos altos estudos da nossa história e precursor de Herculano; António Caetano do Amaral, o infatigável investigador da História da Lusitânia; D. Frei Caetano Brandão, seguramente o mais elevado espírito e a mais formosa alma que deitou o século XVIII em Portugal; o padre Cenáculo, o mais prodigioso semeador de bibliotecas; o padre António Pereira de Figueiredo, o autor do famoso Método de estudar; Félix de Avelar Brotero, o insigne naturalista; o polígrafo abade Correia da Serra, e outros que não menciono porque teria de reproduzir um copioso catálogo se quisesse dar mais completa ideia do que foi a cultura portuguesa nessa fase da nossa evolução literária.
Os novos revolucionários de 1910, com excepção honrosa dos que não sabem ler, não tiveram por decuriões senão os seus predecessores revolucionários liberais de 34. E daí para trás - o que quer dizer daí para cima - nunca abriram um livro com medo da infecção clerical, porque todos eles acreditam com fetichistico ardor que o clericalismo é o inimigo, segundo a fórmula célebre com que o príncipe de Bismarck conseguiu sugestionar Gambetta para o irremediável desmembramento moral da França.
Ramalho Ortigão, em carta dirigida a João do Amaral em 1914.
(In Ramalho Ortigão, Últimas Farpas, 1911-1914, Lisboa, Clássica Editora, 1993, pp. 159sqq)

MONARQUIA X REPÚBLICA POR S.A.I., O SENHOR OTTO VON HABSBURG

Enfocamos aqui o aspecto formal de Estado – a questão monarquia X república – que costuma ser discutido a partir de um ponto de vista mais emocional que racional. O debate gira em torno de argumentos ad hominem. Uns poucos ocupantes de tronos reais de reputação duvidosa são enumerados e apresentados como demonstrativos característicos da monarquia. Os defensores da monarquia não fazem melhor. Apontam políticos profissionais corruptos, dos quais existe um número suficiente, e proclamam que tais são um resultado inevitável da constituição republicana. Nenhum dos dois argumentos é racional. Sempre houve monarquias boas e más, repúblicas boas (como a Suíça) e outras que estão longe de equiparar o mesmo padrão.
Toda instituição humana tem, a princípio, bons e maus aspectos. Enquanto este mundo for habitado por homens, e não por anjos, crimes e erros continuarão a ocorrer . . .
Republicanos são afeitos ao reclame de que o regime monárquico subentende o poder da aristocracia. Monarquistas, por outro lado, enumeram as dificuldades económicas, as cargas tributárias e a interferência do Estado na vida privada, nas repúblicas actuais, e comparam tal estado de coisas com a liberdade e o bom andamento económico ocorrentes nas monarquias de pré 1914. Nem um nem outro argumento é convincente. Ambos recorrem ao velho artifício mediático de comparar resultados oriundos de causas completamente diferentes. Quem seja honesto comparará monarquias actuais com repúblicas actuais, tornando, assim, evidente que a aristocracia hereditária não ocupa nas monarquias maior parcela das posições de comando que nas repúblicas, e que todos esses estados, qualquer que seja sua forma de governo, são igualmente afectados pelos sérios problemas de nossos dias.
Republicanos costumam, também, aduzir que a monarquia é uma forma de governo pertencente ao passado, ao passo que o republicanismo é algo do futuro. Basta um ligeiro conhecimento de história para refutar tal argumento.
Ambas as formas existem desde tempos remotos (embora os períodos monárquicos tenham-se geralmente prolongado consideravelmente mais que os republicanos). Em termos de exemplos, seria um contra-senso considerar instituições como as que vigoraram outrora na velha Grécia, Roma e Cartago, como formas de governo do futuro.
Em termos de discussão objectiva, devemos também pôr essa questão em seu devido lugar, em nossa hierarquia de valores. Não é por acaso que falamos de uma “forma” de governo.
Há uma grande diferença entre a “forma” e o “conteúdo” – ou propósito – do estado. Este último é sua essencial raison d’etre, seu verdadeiro espírito. O anterior corresponde à forma corpórea de uma existência viva. Um não pode, certamente, viver sem o outro, mas em uma lúcida hierarquia de valores o espírito ocupa um lugar mais alto que o corpo.
O propósito essencial do estado, seu “conteúdo”, é enraizado numa lei natural.
O Estado não é um fim em si mesmo; ele existe em prol de seus cidadãos. Ele não é, portanto, a fonte de toda lei (conceituação, no entanto, ainda amplamente aceita), nem é todo-poderoso.
Sua autoridade é circunscrita aos direitos de seus cidadãos. Ele é livre somente para actuar nos campos que estão fora da livre iniciativa dos mesmos. O estado sempre é, portanto, o servidor da lei natural. Sua função é dar efeito prático a essa lei, e nada mais.
Se a missão do Estado é a realização prática de uma lei natural, a forma de governo é um meio pelo qual a comunidade procura alcançar este objectivo.
Não é um fim em si mesma. Isto explica a importância relativamente subordinada de sua questão geral. Sem dúvida, é de muita importância a escolha dos meios certos, desde que tal escolha vá determinar se o fim está ou não sendo alcançado. Mas a única coisa permanente na vida política é a lei natural. A busca de realizar tal lei na prática terá frequentemente que levar em consideração as circunstâncias localizadas. Falar numa forma de governo eternamente válida, justa em quaisquer circunstâncias, demonstra ignorância e presunção.
A partir disto, conclui-se que é infrutífero tentar determinar – sobretudo a partir de falsas premissas filosóficas – o valor objectivo de uma ou outra forma de governo. A discussão só será fruitiva se nós tivermos em mente a finalidade que qualquer forma é designada a servir. Esta não é, portanto, uma questão de se investigar que valor associaremos às monarquias ou às repúblicas, como tal. O que temos de perguntar a nós mesmos é que forma oferece as melhores chances de salva guardar a lei natural, dentro das condições actuais.
Uma vez esclarecido este ponto, podemos passar a dois outros problemas, que têm sido frequentemente introduzidos nesta discussão e ameaçam envenenar a atmosfera geral.
Há constante controvérsia sobre a relação entre monarquismo, republicanismo e democracia. Aqui nos deparamos novamente com o turvo pensamento característico da nossa era de sloganes e propaganda. O conceito de democracia tornou-se infinitamente elástico. Na Rússia, tal é compatível com liquidações em massa, polícia secreta e campos de trabalho. Na América, por outro lado – e ocasionalmente na Europa – teóricos políticos são frequentemente inábeis para distinguir entre republicanismo e democracia.
Além disso, ambas as palavras são usadas para designar concepções e características que fogem ao campo da política e pertencem à esfera económica e social. Deve, por conseguinte, ficar claro que, falando em termos gerais, democracia quer dizer o direito do povo de participar na determinação de seu próprio desenvolvimento e futuro.
Se aceitamos tal definição, veremos que nenhuma das duas formas clássicas de governo é, por natureza, ligada à democracia. Democracia pode existir dentro de ambas as formas, assim como existem tanto repúblicas quanto monarquias autoritárias. Os monarquistas, realmente, costumam considerar as funções da democracia melhor dentro de uma monarquia que numa república. Se olharmos para a Europa actual, há, certamente, alguma verdade nesse argumento, embora sua validade possa restringir-se a tempo e espaço. Ao mesmo tempo, é preciso observar afora que em pequenos estados que estão fortemente enraizados em suas tradições, tal como a Suíça, democracia e republicanismo podem coexistir com sucesso.
Ainda mais acalorada é a discussão de monarquismo e socialismo, e republicanismo e socialismo. Isto se deve, em grande parte, ao fato de que nos países de língua alemã a grande maioria dos partidos socialistas oficiais são republicanos por condição. Nisto percebemos, entre mentalidades estreitas e pouco preparadas, a crença de que socialismo e monarquismo são elementos incompatíveis. Tal conceito funda uma confusão básica.
Socialismo – ao menos em sua forma actual – é essencialmente um programa económico-social. Nada tem a ver com forma de governo. O republicanismo desse partidos socialistas não emana de seus programas efectivos, mas satisfaz às crenças particulares de seus líderes. Isto é demonstrado pelo fato de que a maior parte da realmente poderosa Europa socialista não é republicana, mas monarquista. É este o caso na Grã-Bretanha, na Escandinávia e na Holanda. Em todos esses países encontramos não apenas excelentes relações entre a Coroa e os socialistas, como também a ninguém poderá escapar a impressão de que uma monarquia provê um melhor lastro para os partidos trabalhistas que uma república. Um dos grandes líderes do Partido Trabalhista Britânico explicou isto como a influência equilibrante e moderadora da Coroa, que dá condições aos socialistas de conduzir seu programa com mais vagar, mais prudência, e, a partir disso, com maior sucesso. Ao mesmo tempo, um dirigente erguido sobre os partidos representa uma satisfatória salva guarda para a oposição, tal que não é necessário recorrer a meios extremos para recuperar poder. O partido pode aguardar mais calmamente os desenvolvimentos.
Seja isto verdade ou não, os fatos comprovam que não faz sentido desenhar uma linha divisória artificial entre monarquismo e socialismo, ou entre monarquismo e democracia clássica. O mesmo se aplica ao republicanismo.
Outro ponto merece ser mencionado.
Trata-se da frequente confusão, em particular em meio àqueles não versados em ciência política, entre monarquia como forma de governo e uma ou outra dinastia monárquica; em outras palavras, a confusão entre monarquismo e legitimismo.
Legitimismo, um laço especial com uma pessoa ou uma dinastia, é algo que sempre será custoso discutir em termos razoáveis e objectivos. É uma questão de sentimento subjectivo, e, portanto, advogado ou contestado por argumentos ad hominem. Uma discussão racional sobre problemas correntes deve, portanto, fazer clara distinção entre monarquismo e legitimismo dinástico. A forma de governo de um Estado é um problema político. Deve, por conseguinte, ser discutido independentemente de família ou pessoa que esteja ou estivesse à cabeceira do estado. Nas monarquias sempre houve mudanças dinásticas. Por princípio, a instituição tem maior importância que seu representante; este último é mortal, ao passo que a anterior, em termos históricos, é imortal.
Observar uma forma de governo meramente com o olhar voltado ao seu representante leva a resultados grotescos. Neste caso, as repúblicas teriam de ser julgadas em bases não políticas, mas de acordo com as características de seus presidentes. Isto seria, evidentemente, o cúmulo da irretidão.
Vale acrescentar que entre os protagonistas do monarquismo na Europa republicana há relativamente poucos legitimistas. O Rei Afonso XIII da Espanha citou, certa vez, que o legitimismo não sobreviveria uma geração.
Isto é importante onde há uma tradicional forma de governo fortemente estabelecida, com a qual a maioria dos cidadãos se sente satisfeitos. Mas esta espécie de legitimismo pode fundamentar-se tão bem em repúblicas quanto em monarquias. Alguém pode falar de legitimismo republicano na Suíça e nos Estados Unidos, tal como outro pode falar em legitimismo monárquico na Grã-Bretanha e na Holanda. Em mais países da Europa, tem havido, sem dúvida, muitas mudanças profundas no curso de séculos em que o legitimismo ocorreu em menor frequência. Em tais condições, é particularmente perigoso recorrer a argumentos emocionais.
Estamos agora numa posição de definir o que entendemos a cerca de monarquia e república. Monarquia é aquela forma de governo na qual o cabeça do Estado não é eleito, que funda seu cargo numa lei mais alta, associada ao princípio de que todo poder origina-se de uma fonte transcendental. Numa república, o mais alto cargo estatal é electivo, pelo que sua autoridade deriva de seus eleitores, isto é, de um grupo particular que o elegeu.
Deixando de lado considerações puramente emocionais, há bons argumentos para essas duas formas básicas de governo. Os mais importantes argumentos em favor do republicanismo podem resumir-se nos seguintes: Em primeiro lugar, as repúblicas são, com poucas excepções, seculares. Elas não requerem apelo divino algum para justificar sua autoridade. Sua soberania, a fonte de sua autoridade, deriva do povo. Em nosso tempo, em que se rejeita cada vez mais os conceitos religiosos, ou, no mínimo, se os lega ao domínio da metafísica, conceitos constitucionais seculares e uma forma de governo secular são mais facilmente aceitáveis que uma forma enraizada, em última estância, em ideias teocráticas. É, por conseguinte, também mais fácil para uma república adoptar uma versão secular dos Direitos Humanos. A vantagem que tal forma de governo oferece apareceria, portanto, como o fato de estar em sintonia com o espírito do nosso tempo, e, por extensão, com a grande massa populacional.
Em acréscimo, a escolha do cabeça de Estado não depende de um nascimento ancestral, mas da vontade do povo ou de uma elite. O término do cargo presidencial é marcado. O presidente pode ser removido, e se ele é incapaz, é fácil substituí-lo. Ele próprio é um cidadão comum, ele está em sintonia com a vida real. E é de se esperar que, com uma educação melhor, as massas tornar-se-ão, gradualmente, mais capazes da escolha do homem certo. Numa monarquia, por outro lado, uma vez que um mau chefe tenha ascendido ao trono, é quase impossível removê-lo sem derrubar completamente o regime.
E ultimamente tem sido argumentado que qualquer cidadão pode, ao menos teoricamente, tornar-se presidente, o que estimula um senso de responsabilidade política e ajuda a população a alcançar maturidade política. O carácter patriarcal de uma monarquia, por outro lado, leva os cidadãos a apoiarem-se em seu chefe, e a passar toda a responsabilidade política às suas costas.
Em favor do monarquismo, os seguintes argumentos podem ser colocados: A experiência demonstra que Reis geralmente conduzem melhor, e não pior, que presidentes. Há uma razão prática para isto. Um rei nasce em seu cargo. Ele cresce nele. Ele é, na mais precisa acepção da palavra, um “profissional”, um expert no campo do ofício estatal. Através de sua vida, o expert plenamente qualificado é mais arrazoado que o amador, ainda que brilhante.
Particularmente, em caso de dificuldade, assunto extremamente técnico – e o que é mais difícil que um Estado moderno? – conhecimento e experiência têm mais peso que o puro brilhantismo. Existe, certamente, o perigo de um incompetente suceder ao trono. Porém não foi um Hitler escolhido como líder, e um um Warren Harding eleito presidente? Nas monarquias clássicas da Idade Média, era ao menos possível substituir um sucessor ao trono obviamente incapaz por um mais adequado. Só com decadência do monarquismo, na fase do despotismo da corte de Versailles, é que esse recurso correctivo foi descartado. Nada seria mais apropriado a uma monarquia moderna que a instituição de um tribunal judicial que possa, se necessário, intervir para alterar a ordem de sucessão ao trono.
Mais importantes que as qualificações “profissionais” do rei é o fato de que ele não está atado a nenhum partido. Ele não deve sua posição a um corpo de eleitores ou ao suporte de interesses poderosos. Um presidente, por outro lado, é sempre devedor de alguém. Eleições são dispendiosas e difíceis de concorrer.
O poder do dinheiro e as grandes organizações de massa geralmente se fazem sentir. Sem sua ajuda, é quase impossível alguém tornar-se cabeça de Estado de uma república. Tal suporte não é, de modo algum, concedido a troco de nada. O cabeça de Estado permanece dependente daqueles que o ajudaram na ascensão ao comando. Por consequência, o presidente não é mais o presidente de um povo todo, mas apenas daqueles grupos que o ajudaram a alcançar o cargo. Desse modo, partidos políticos ou grupos de interesse económico podem controlar as mais altas patentes do Estado, que não mais pertencem à totalidade da população, mas, temporária ou permanentemente, ao domínio privilegiado de um ou outro grupo de cidadãos. Existe, então, o perigo de uma república deixar de ser a guardiã dos direitos de todos os seus cidadãos. Isto – costuma-se frisar entre monarquistas – é particularmente perigoso em nosso tempo. Hoje os direitos de grupos individuais e minoritários corre perigo maior que em todas as épocas precedentes. Concentrações de poder financeiro e amplas e poderosas organizações são em geral ameaças ao “homem pequeno”. Particularmente numa democracia, ele tem grande dificuldade de obter atenção, uma vez que o sector populacional do qual faz parte não tem como organizar-se facilmente, e não tem grande importância económica. Se o mais alto pináculo do Estado é manipulado em prol de partidos políticos, o desfavorecido não terá a quem recorrer por ajuda. Um dirigente monárquico, ou, por outra – o assim denominado – é independente, e votado imparcialmente a todos os cidadãos. Suas mãos não estão atadas ante algum poder; ele pode proteger os direitos do menos favorecido. Especialmente numa época de profundas transformações económicas e sociais, esta é a maior importância que o cabeça de Estado precisa estabelecer acima dos partidos . . .
E, concluindo, a Coroa proporciona à vida política a estabilidade, sem a qual não se pode resolver grandes problemas. Numa república a firmeza dos alicerces é falha. Quem quer que esteja no poder tem de alcançar um sucesso positivo no mais curto espaço de tempo, sem o que não será re-eleito. Isto leva a políticas de alcance limitado, que não serão capazes de fazer frente a problemas de abrangência histórica mundial.
Há mais um ponto a considerarmos, antes que possamos responder a questão de qual forma de governo melhor servirá à comunidade no futuro. Falando em termos gerais, repúblicas democráticas representam um regime dominado pela legislação, ao passo que regimes autoritários são dominados pelo executivo. Há muito tempo que o poder judiciário não retém a primazia, como temos constatado. Ele funda sua expressão original nas monarquias Cristãs. É frequentemente esquecido o fato de que o dirigente honesto tem sido sempre o guardião da lei e da justiça. Os mais antigos monarcas – os Reis da Bíblia – originaram-se das fileiras dos juízes. São Luiz de França observou a administração da justiça como sua mais nobre tarefa. O mesmo princípio pode ser visto nos muitos “Palatinados” alemães, desde quando o Conde Palatino (Palatinus) foi o guardião da lei e da justiça delegado pelo Rei-Imperador. A história das grandes monarquias medievais mostra que o poder legislador do rei – mesmo de um rei tão poderoso quanto Carlos V – era rigorosamente limitado por autonomias locais. O mesmo vale para as funções executivas. Ele não era, em princípio, um ministrador de leis ou cabeça do executivo; ele era um juiz. Todas as outras funções eram subordinadas, e exercidas apenas na medida necessária para efectivar sua função judicial.
A razão para tal arranjo institucional é clara. O juiz tem de interpretar o significado da lei e da justiça, e para fazê-lo, tem de ser independente. É essencial que ele não deva sua posição e função a homem algum. O supremo juiz, enfim, tem de estar em sua posição. Isto só é possível numa monarquia.
Numa república, até o mais alto guardião da lei recebe sua posição de alguma outra fonte, pela qual é responsável ou da qual permanece, em certo grau, dependente. Este não é um estado de coisas satisfatório. Seu mais importante encargo não é adjudicar em disputas legais ocorrentes, mas manter a guarda sobre o propósito do Estado e da lei natural. Acima de tudo, a função do juiz supremo é cuidar para que toda a legislação esteja de acordo com os princípios fundamentais do Estado, isto é, com a lei natural. O direito monárquico de vetar a legislação, tramitando no parlamento, é uma reminiscência dessa função antiga…
A futura forma de Estado será algo totalmente novo, algo que representará princípios de validade eterna, na forma apropriada ao futuro, sem os erros do passado…
O carácter hereditário da função monárquica não encontra sua justificação apenas pela educação “profissional” do herdeiro do trono. Também não se trata somente de uma questão de continuidade no cume da hierarquia política, embora tal continuidade seja altamente desejável, em se tratando de uma questão de planeamento para gerações futuras. Sua mais fundamental justificação baseia-se no fato de que o dirigente hereditário deve sua posição não a um ou outro grupo social, mas somente à vontade de Deus. Tal é o verdadeiro significado da frequentemente mal compreendida expressão “pela graça de Deus”, que sempre significa um dever e uma missão. Seria um erro para o dirigente por graça de Deus olhar a si próprio como um ser excepcional. Pelo contrário, as palavras “Pela graça de Deus” devem lembrá-lo de que ele não deve sua posição a seus próprios méritos, mas que precisa provar sua competência por incansáveis esforços em prol da justiça.
Assim como há muito a dizer sobre a transmissão hereditária da suprema posição do Estado, há também um sério inconveniente, já mencionado. Se a sucessão ocorre automaticamente, existe a possibilidade de ser o trono ocupado por um incompetente.
Este é o grande perigo do sistema monárquico. Por outro lado, este perigo data apenas do período em que se estabeleceu o legitimismo inflexível de Versailles, e as salva guardas existentes, de um ou de outro modo, nas monarquias mais clássicas desapareceram. Tais salva guardas deveriam, portanto, ser instituídas nas futuras constituições monárquicas.
Seria um erro legar tal função a corpos políticos, o que equivaleria a abrir a porta aos interesses privados. A decisão deve ser legada a um tribunal judicial. O rei, como o mais alto juiz constitucional do Estado, não pode exercer sua função num vácuo. Ele terá de ser assistido por um corpo representativo da autoridade judicial suprema, do qual ele constitui a cabeça.
É tal corpo que determinaria se uma lei ou um regulamento é constitucional, ou seja, compatível com o propósito do Estado. Quando morre o dirigente, outro juiz continuará em função. O dever desse corpo seria confirmar a adequação de herdeiro presuntivo, e, se necessário, substituí-lo pelo próximo na linha sucessória.
A actividade do cabeça de Estado será, com certeza, transportada ao campo exclusivamente judicial. Ele terá de controlar o executivo, pois seu dever é cuidar para que as decisões do poder judiciário sejam postas em prática. Não obstante, todas essas tarefas ficarão em plano secundário. É em sua junção judicial que um monarca do Século 20 encontrará sua principal justificação.