sexta-feira, 12 de março de 2010

ÉTICA: MAIS DO MESMO?
Todo o País se indigna com as “guerras” entre Governo e Comunicação Social, com as reveladas cumplicidades entre aquele e as altas instâncias do Poder Judicial e com o conhecimento de tentaculares manipulações de bancos e empresas públicas, com vista a silenciar jornalistas críticos ou incómodos.Isto, envolvendo um primeiro-ministro recém-eleito por falta de alternativa credível, apesar de serem já sobejamente conhecidas muitas das aldrabices e trapalhadas em que se encontrava envolvido, desde a licenciatura ao Freeport.Em crise económica e financeira sem fim à vista, pelo constante e irresponsável aumento do funcionalismo público, usado como moeda de troca pelos partidos do poder durante décadas, agravada pela conjuntura internacional e pelo consequente aumento do desemprego interno e pelo inerente aumento de custos para a segurança social, era a última coisa de que Portugal precisava. Alguns ingénuos, eventualmente convictos da bondade do regime, apelam a Belém para intervir, no sentido de devolver a credibilidade ao Estado que devia ser de Direito, mas em que este se encontra perdido em paradeiro incerto. Infundada esperança, porque o Sr. C.S., enredado na sua própria agenda política, mantém o silêncio, talvez à espera que o seu partido de origem se reorganize e eleja um novo líder, que lhe permita enfim dissolver o parlamento e convocar novas eleições, como já sucedeu há anos com o seu antecessor, numa esplendorosa manifestação do que eles chamam de ética republicana, que nos valeu a todos, estes anos de confusão, promiscuidades e mentiras. Mas não se pense que o defeito está nas pessoas que ocupam os cargos. Enquanto não entendermos que só com outra origem de poder o Chefe de Estado se pode constituir como fiel da balança e agir em nome de toda a comunidade, sem suportar o labéu de influenciar o jogo político a favor do partido que o apoiou para ser eleito, podemos estar certos de iremos ter, com regularidade, mais do mesmo. A centenária e caquética república precisava, para se regenerar e nos servir, de uma chefia de Estado Real.
D. Vasco Telles da Gama (Fevereiro 2010) - http://www.monarquia-online.co.pt/

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