quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O CAPITÃO JÚLIO DA COSTA PINTO VISTO PELO ESCRITOR CONTEMPORÂNEO JOAQUIM LEITÃO
« ...um rapaz, um simples tenente d'infantaria - Júlio da Costa Pinto.Logo no assentamento de praça, em Lanceiros d'El-Rei, apparece como voluntario a servir o Rei e a Patria. Tem dezasseis annos e os vinte e dois vae fazê-los a Africa. É por 1908. Governa Angola Paiva Couceiro. O alferes Júlio da Costa Pinto faz parte da colunna de operações que emprehendeu a occupação do Libollo.Em 5 de Outubro ( de 1908 ) o commandante da colunna, General Joaquim António Pereira, escrevia adeante do nome de Costa Pinto um louvor: ' Pela forma decisiva, valente e briosa, como se portou, e como executou as ordens que recebeu como commandante do 4º pelotão, com denodo e coragem ' pelo que apresentava uma ' proposta para medalha de bons serviços '
No inferno africano, cinco mêzes dêsses são cinco annos. Cinco mezes dessa jornada valem cinco guerras europêas. O subalterno sae d'alli um cabo de guerra. A mocidade volta encanecida de experiencia e de esgotamento. O moço alferes estava reconhecido um oficial resistente e energico (... )A comissão para que o requerem ás Obras Publicas não é uma sinecura. ( ... ) É outra carreira que vai começar, donde volta tão valorisado e louvado como do baptismo de fôgo com que abrira a sua folha de oficial. Em 1 de Fevereiro de 1911, talvez a unica misssa celebrada em territorio português por alma do Rei Senhor D. Carlos e de S. A. R. o Senhor D. Luiz Phillipe foi a que mandou resar na igreja da Mesericordia de Loanda o tenente Júlio da Costa Pinto, em cujos olhos ainda não tinham enxugado as lagrimas reçumadas durante aquele mudo monólogo com o retrato do Desventuroso, no palacio do governo no dia da proclamação da Republica. De retorno á metropole, pediu uma licença, e no dia em que a licença findava requeria a sua demissão. A raça recebia mais uma consoladora prova de que nem tudo, nesta epoca, era o mesmo lôdo. Quem o encontrar hoje (...) verá no seu olhar a sobranceria do homem integro, dêsses que honram uma Causa e a melancolia dos que teem a consciencia do que Portugal perdeu.»

Fonte: A Monarquia do Norte

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