quinta-feira, 31 de março de 2011

LE PRINCE CHARLES RENCONTRE LE DUC ET LA DUCHESSE DE BRAGANCE


Au Palais de Monserrate à Sintra, le prince de Galles a rencontré le duc et la duchesse de Bragance. Dom Duarte et son épouse Isabel assistaient également au dîner donné au Palais de Queluz. - (Copyright photo : Getty images)
Noblesse de Royautes 
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Fotos: WireImage

A VIDA E A MORTE DA RAINHA DONA AMÉLIA - SÉCULO ILUSTRADO

REPORTAGEM GRÁFICA - ERA UMA VEZ UMA PRINCESA
(Clique nas imagens para ampliar)
Século Ilustraso Nº 722 de 3 de Novembro de 1951
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Agradeço ao Senhor Dr. José Lopes de Vilhena o envio deste artigo precioso da nossa Grande Rainha de Portugal, S.M., A Rainha Dona Amélia. Bem haja!


RAZÕES QUE DECIDEM A EXCLUSÃO DE DOM PEDRO DA SUCESSÃO NO REINO DE PORTUGAL

Todas as razões, ou fundamentos dos Direitos do Senhor Dom Miguel ao Throno de Portugal podem commodamente, para sem dificuldade se perceberem em hum ponto de vista, reduzirem-se a duas classes:
Primeira, das que demonstrão com evidencia a justiça da exclusão do Senhor Dom Pedro, seu irmão mais velho, da Sucessão ao mesmo Throno. Segunda, das que demonstrão em igual evidencia a legitimidade da Accessão do Senhor Dom Miguel aquella Sucessão pela exclusão do Senhor Dom Pedro.
As razões, ou fundamentos da 1ª classe também se podem reduzir a seis e as da 2ª classe a outras seis; mas as seis da 1ª classe acrescentarei mais três, menos decisivas, mas subsidiárias, e de grave reforço.
1ª PARTE
Em 1ª classe = Razões, que decidem incontestavelmente a exclusão do Senhor Dom Pedro, não obstante a sua naturalidade, e Primogenitura.
O Senhor Dom Pedro, bem que nascido em Portugal, e primogénito do Senhor Rei Dom João VI, perdeo os Direitos, que huma, e outra qualidade lhe davam à Coroa de Portugal.
Porque muito por seu querer e escolha se fez Estrangeiro (1) a Portugal, passando a ser Soberano independente, e Imperador do Brasil, tendo-se por isso desligado este absolutamente de Portugal.
Porque o Senhor Dom Pedro, Filho, e Vassallo do Senhor Dom João VI Rei de Portugal, não só aprovou, e favoreceo a Rebellião do Brasil, mas se apresentou à testa dos Rebeldes, e Revolucionários, como seu Chefe; desmembrou do Reino de Portugal aquella importantíssima Colónia, elevada por seu Pai á qualidade de Reino; e até se declarou a si próprio solemnemente perpetuo Defensor do paiz rebellado (2).
Porque os Senhor D. Pedro, além de separar da Mãi Pátria aquelle Estado, fez declarada guerra (3) offensiva a Portugal, sua Patria; e tudo isto para sustentar a Rebellião do Brasil, e a desmembração, e usurpação de huma dos mais interessantes, e consideraveis Dominios de Portugal.
Porque o Senhor Dom Pedro propoz-se, empenhou-se, e fez quanto em si estava, para por meio da sua Carta Constitucional (4), que mandou jurar em Portugal, desmanchar, e destruir arbitrariamente as Leis fundamentais deste Reino, e o que havia de mais venerável em suas Instituições, assim pela sua antiguidade, e inalterável observância, como pelas suas vantajosas, e experimentadas utilidades.
Porque o Senhor Dom Pedro, como Imperador do Brasil, se obrigou a residir sempre no Brasil, e não pode vir residir em Portugal; residência esta absolutamente indispensável para poder succeder na Coroa de Portugal (5).
Porque o Senhor Dom Pedro mesmo positiva, e expressissimamente declarou que nada queria de Portugal, e até reconheceo mui solenemente que, sendo Imperador do Brasil, não podia ser Rei de Portugal (6).
In "Golpe de Vista..." , atribuído a Frei Fortunato de São Boaventura, 1829.
Ver texto completo AQUI

quarta-feira, 30 de março de 2011

S.A.R., DOM DUARTE DE BRAGANÇA MARCOU PRESENÇA NO CASAMENTO DA FILHA DE PAULO TEIXEIRA PINTO, PRESIDENTE DA CAUSA REAL

A filha de Paulo Teixeira Pinto, Presidente da Causa Real, e Paula Teixeira da Cruz casou-se este sábado passado, dia 26, na Igreja da Madre de Deus, em Lisboa, com Tiago Moreira da Silva. Entre os muitos convidados, estiveram na cerimónia Dom Duarte de Bragança. O copo-d´água, realizou-se no Convento do Beato, em Lisboa.
Fotos: LUX e Caras.

ALCÁCER QUIBIR

Uma crise política em cima de uma crise financeira poderá empurrar-nos, sem dúvida, para uma crise económica. Saltitando de crise em crise, os nossos políticos, a coberto da sua irresponsabilidade, preparam-se para atacar o que puderem até ficarmos sem nada. Sem tostões, já se sabe, necessários que são para tapar os buracos de milhões que foram semeando. Mas não seremos apenas esportulados dos nossos cabedais. Esta néscia prodigalidade de aventureiros e mentirosos acabará por levar-nos também a esperança e a honra. A esperança, como se diz, é a última a morrer, mas ninguém alguma vez sustentou a sua imortalidade.
Sem honra nem esperança, lá voltaremos ao estado de indigência a que julgávamos não ter de tornar. Hoje, mais do que nunca, está em causa a própria independência de Portugal. Não falo de um conceito clássico ou formal de independência. Abolidas de certo modo as fronteiras (que as tínhamos bem traçadas desde 1249), a noção de independência como que se transmutou. Aconteceu com a soberania o que se passou com a cerveja. Hoje, a nossa independência é, por decorrência de tratados a que o povo português é alheio, mera cerveja sem álcool.
Não quero com esta conclusão questionar o que considero positivo aprofundamento europeu. Quero apenas significar que hoje, e muito por causa desse aprofundamento, as armas que temos para nos defendermos da adversidade da conjuntura são em menor número e com muito mais escasso poder de fogo. Falo, lembro, de independência. Falo da capacidade de regermos, sempre orientados pelo bem comum, o nosso destino colectivo. Acocorados diante dos nossos credores, enganados pelos nossos decisores e esganados pelos nossos prometidos salvadores, seremos tragados em menos de um fósforo.
Penso que só evitaremos este novo Alcácer Quibir se lutarmos, com o que temos, pela nossa independência. Falo, repito, de independência. A identidade, essa marca que nos torna a nós portugueses, para o bem e para o mal, tão diferentes dos outros povos, ninguém a pode alienar. É nossa e inalienável.
Resta-nos, pois, resistir. Neste tórrido deserto em que nos puseram temos de saber reagir. Sobre estas novas areias marroquinas, não podemos usar outras que não sejam as armas que ainda nos restam. A fé e a verdade que enfunaram as nossas velas. A sabedoria e a coragem que nos levaram à Índia. O engenho e a arte que nos fizeram poetas. O orgulho e a diversidade que talharam a lusofonia. São estes os nossos mais preciosos activos. À ameaça dos tostões temos de responder com a força e a determinação dos nossos indómitos corações. Com genuína vontade de varrermos a imundície com que somos confrontados e tomarmos as rédeas do nosso destino. Falam-nos da severidade dos credores. Falemos antes da benignidade dos nossos valores. Os valores de ontem que são também os de sempre. Restauremos a honra da nação. Resgatemos a dignidade do Estado. “Se Deus quiser, há-de brilhar de novo a Coroa sobre as Lusas armas” (Fernando Tavares Rodrigues).
Nuno Pombo*
* Nota: o texto publicado é da exclusiva responsabilidade do autor.
Texto publicado no Diário Digital a 22-Mar-2011
q u i n t a - f e i r a . c o mhttp://www.monarquia-online.co.pt/
A MONARQUIA EM PORTUGUÊS NA INTERNET

terça-feira, 29 de março de 2011

FOTOS: SS.AA.RR., OS DUQUES DE BRAGANÇA NO BANQUETE EM QUELUZ OFERECIDO AO PRÍNCIPE CARLOS DE INGLATERRA, NO DIA 28-03-2011

SS.AA.RR., Os Duques de Bragança ficaram na mesa do Príncipe Carlos
Foi oferecido ontem à noite, dia 28 ao Príncipe Carlos de Inglaterra e à Mulher, Camilla Parker-Bowles, que estão de visita oficial ao nosso país até amanhã, dia 30, um jantar de gala no Palácio de Queluz. Entre os 100 convidados deste banquete estiveram presentes personalidades de várias áreas, principalmente Suas Altezas Reais, Os Senhores Duques de Bragança, Senhor Dom Duarte e Senhora Dona Isabel, os verdadeiros anfitriões do Palácio de Queluz.
A Duquesa da Cornualha vestiu-se de azul que é a cor do país para cumprimentar os Reis de Portugal!!!

DA DGNIDADE DA POLÍTICA

A crise da Política vem de Maquiavel: não apenas distinta, mas separada da Religião, deixou de ser «arte régia» para se reduzir a mera técnica. A partir daí, todas as desgraças lhe podiam acontecer – desde a insuportável arrogância, até à definitiva humilhação.
Quando Pascal, aceitando o golpe cartesiano e apoiando-se em terminologia matemática, estabelece a teoria das «ordens», faz da helénica «arte régia», já abençoada pelo Espírito de Cristo, nada mais que um «reino da concupiscência». Falsa imagem, ou caricatura, do «Reino da Caridade», a que só Deus preside, a Política não vai além de um pobre sistema de relações entre o Príncipe, que é dono dos bens desejados pelos súbditos, e os pobres súbditos, cuja condição se define pelo desejo desses bens.
O Iluminismo, que transforma as mentalidades, preparando a era das ideologias, confunde as realidades e os problemas, diviniza o humano, humaniza o divino, e destrói a ordem das faculdades humanas.
Quando o imenso progresso das ciências físicas torna mais necessário um sistema de valores, é que o antropocentrismo de raiz renascentista rejeita a tradição teocêntrica. Então, o homem individual deixa de ser olhado como pessoa, sede e fonte de valores espirituais, imagem e semelhança do Criador, para surgir, ou como sol absoluto, ou como simples átomo da natureza.
A política perdeu, assim, a sua dignidade. O individualismo filosófico vai conduzir, quer ao liberalismo inquieto, quer ao totalitarismo massificante.
A humanidade de hoje tem necessidade de tomar consciência dos valores políticos, integrados num autêntico humanismo. Como ensinou S. Tomás de Aquino, a Política deve – e pode – preparar as comunidades para a salvação. Não tem poder salvífico; mas é propedêutica da salvação.
Henrique Barrilaro Ruas - (este artigo constitui o último texto publicado em vida do autor, in Lusitana Antiga Liberdade, Terça-feira, 24 de Junho de 2003)

segunda-feira, 28 de março de 2011

CARTA DE S.M., A RAINHA DONA AMÉLIA AO BISPO DE COIMBRA

«Lamento muito, e só Deus sabe quanto me custa, que, da Religião que é tão boa e necessária para, todos ricos e pobres, governantes e governados, se esteja fazendo partido e causa política, e nunca aprovarei os que assim procedem, tanto de um lado como do outro.»
Monarquia

IDEAL REAL

“E, maximamente, o Monarca que, sem dúvida deve ser considerado o servidor de todos. Pelo que podemos ora compreender que o Monarca, na eleição das leis a promulgar, se determina pelo fim. À boa organização do mundo é pois necessária a Monarquia.” DANTE
I. O Rei é a representação viva, isto é, a encarnação num só momento e numa só pessoa de toda uma comunidade em todo o tempo. O Rei é, portanto, o que de singular vive no individuo colectivo.
II. O Rei reina, não administra. Não é um simples governante. É o primeiro servidor da Grei. Não foi eleito porque ainda é e sempre continuará a ser o que já foi. Só se elege o que ainda por vir a ser de entre todas as hipóteses que podiam ter sido e não foram nem serão. Não o que é porque é. O Rei não concorre contra ninguém, portanto não está contra alguém. Cumpre um dever solitário que a mais ninguém assiste porque só a ele vincula: a obrigação de ser fiel no presente à memória dos que , já mortos, serviram para que no futuro outros pudessem também viver a servir a mesma comunidade. O Rei não tem mais direitos do que qualquer dos seus súbditos. Nem tem os mesmos, porque lhe falta um: não tem o direito de escolher o que lhe é pessoalmente mais conveniente. Esse direito é substituído pelo dever de fazer o que é necessário. Para o bem dos outros a quem serve.
III. O Rei é magistrado. Supremo magistrado. E como todos os magistrados, não pode ser eleito. Mas como qualquer magistrado, está investido de uma legitimidade democrática. Porque a monarquia significa, e é, a antitese mais perfeita da tirania. Porque o Rei é escravo da Justiça. Não há em toda a nossa civilização uma única monarquia cujo sistema político não seja a democracia. Mas todas as ditaduras sucedem em repúblicas. Por isso, o Rei, representando o todo, não pode ser uma parte. Nem tomar partido naquilo que represente ser por uns contra outros, enquanto todos são ele e ele é para todos. E é assim porque só quem representa o todo pode estar acima e compreender uma parte deste.
IV. Todos os Reis deveriam venerar a simbólica do Príncipe Perfeito. Porque esta era perfeita, apesar de nenhum homem, servo ou príncipe o poder ser. Só o pelicano que debica o próprio coração para alimentar as suas crias pode conhecer a imagem última da justiça. E é esta verdadeira coroa. A que permite que entre um tempo e outro seja uma mesma espécie ainda que habitada em ossos diferentes. Só as penas serão sempre as mesmas. Tanto as que usa o pelicano como as que sente o Rei.
V. A monarquia não significa casta nem privilégio. Significa fidelidade. Quer dizer, honra de continuar a servir com lealdade. A nobreza verdadeira, isto é, real, é aquela que se faz fazer, é o valor de que se é doador e não donatário. O vero fidalgo é o pai d´algo. Só o Rei não é pai nem filho. É, ele próprio, o algo. Quem não entender isto, apenas não entende isto. Mas quem o perceber, sabe toda a diferença que faz em sabê-lo.
Paulo Teixeira Pinto - Boletim "Por uma Causa", Nº3, Maio de 2000 da Real Associação do Algarve.

domingo, 27 de março de 2011

O PROBLEMA DOS PORTUGUESES É QUE AMOCHAM...

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"Por uma Causa" de Abril de 1999

O BANQUETE ADIADO

A participação num banquete foi o último acto público do rei D. Manuel.
A 1 de Outubro de 1910 chegou a Lisboa o Presidente da república Brasileira, o Marechal Hermes da Fonseca, que ficou alojado no Palácio de Belém. Logo no dia da chegada houve um banquete no Palácio das Necessidades e no dia seguinte Hermes da Fonseca visitou, em Sintra, as Rainhas Dona Maria Pia e Dona Amélia, com quem almoçou.
No dia 3 o presidente brasileiro recebeu o Monarca a bordo do couraçado presidencial S. Paulo e à noite ofereceu-lhe um banquete no Palácio de Belém. Foi no início do jantar que se divulgou a notícia de que a revolução republicana estava na rua. Algumas pessoas abandonaram o local. Os criados iam retirando apressadamente os talheres e afastando os pratos, para não se notarem as falhas. No final Dom Manuel regressou ao Palácio das Necessidades, de onde partiu no dia seguinte para Mafra. Vindas de Sintra juntaram-se-lhe mais tarde as Rainhas Dona Maria Pia e Dona Amélia. No dia 5 de Outubro era proclamada a república.
A Família Real dirigiu-se para a Ericeira e embarcou no iate Amélia, a bordo do qual já se encontrava o Infante Dom Afonso. O Rei Dom Manuel II partia para o exílio sonhando com um regresso breve e ignorando que não mais veria Portugal.
Para sempre ficaria adiada a programada visita do Rei ao Vidago, no dia 6 de Outubro. A recordar essa data ficou a ementa já impressa de um banquete que não passaria do papel.
Livro” Mesa Real. Dinastia de Bragança”, pp. 159-160.
Fonte: Garfadas on line

sábado, 26 de março de 2011

QUAL O PROGRAMA MONÁRQUICO?

Insistentemente interroga-se de vários lados, até de onde menos seria de prever, sobre o programa político, económico e social da Monarquia. Pede-se a modos que a redacção de um estatuto constitucional a adoptar numa futura Restauração.

Isto revela um grande equívoco que é necessário desfazer.

O que caracteriza a forma política monárquica é confiar a chefia do Estado a uma Dinastia, na pessoa de um Rei.
A essência da Monarquia é a Realeza. É esta a sua base imutável, o seu princípio indiscutível.
Os sistemas, em seus vários aspectos, têm sido e são mutáveis e variados com os tempos. Vão evolucionando, vão-se adaptando às exigências de cada época. Nem poderia ser de outra maneira.
O sistema é, portanto, discutível, o que equivale a dizer que não há um sistema único e pré-determinado. Compete à Nação, em qualquer altura, escolhê-lo e conservá-lo ou modificá-lo, conforme as circunstâncias e o interesse comum o ditarem.
O Rei ouve a Nação e, como seu mais fiel intérprete e primeiro servidor, guarda e defende a legitimidade constitucional.
É esta uma das liberdades que a Monarquia como regime nos assegura. Só os ditadores ou os déspotas impõem um sistema segundo a sua vontade.
O Poder Real, porque é independente e superior às discussões dos sistemas, porque é estável e contínuo, permite como nenhum outro as maiores liberdades, as mais arrojadas experiências administrativas, sociais e económicas, sem prejuízo da ordem e da autoridade.
Exposta nestes termos a verdade da doutrina monárquica, compreende-se que o Rei seria a última pessoa a pronunciar-se por um determinado sistema concreto e que, nem os responsáveis pela causa monárquica, nem ninguém, podem sobrepor-se ao que é um direito inalienável da Nação.
Cada um de nós, como cidadão português, pode, e deve, naturalmente, formular as suas opiniões e pugnar por elas; o que não é lícito é identificar a Realeza com o sistema da sua preferência. O Rei é de todos, repete-se.
Numa restauração do Poder Real, só um caminho haveria a seguir: convocar Cortes Gerais, amplamente e autenticamente representativas, e adoptar-se a Constituição que nesta fosse escolhida.
Não temos, portanto, que antecipadamente falar de um sistema político, económico e social como programa de uma futura Monarquia e ainda menos como condição do Rei. Temos, sim, de reclamar o Poder Real como a mais segura fiança de um regime nacional.
Mário Saraiva, Razões Reais, Lisboa, Universitária Editora (3ª ed. revista e aumentada), 2002, p. 87.

O HOTEL DOS REIS EXILADOS EM PORTUGAL


Revista "Caras" de 23-03-2011
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sexta-feira, 25 de março de 2011

15º ANIVERSÁRIO DE S.A.R., O PRÍNCIPE DA BEIRA

Dom Afonso de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael de Herédia de Bragança, filho primogénito de SS.AA.RR., Dom Duarte Pio de Bragança, Duque de Braganaça e Chefe da Casa Real Portuguesa e de S.A.R., Dona Isabel de Herédia de Bragança, Duquesa de Bragança, nasceu numa segunda feira, 25 de Março de 1996, às 7h38 da manhã, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. Detém os títulos de 9º Príncipe da Beira e de 20º Duque de Barcelos.
Portugal no dia 25 de Março de 1996, com o nascimento de um Príncipe, amanheceu mais azul e branco porque nasceu a continuidade de Portugal! Chegou para representar o Ontem, o Hoje e o Amanhã!
Quero neste dia especial de aniversário desejar ao Príncipe da Beira muitas felicidades, saúde, paz, alegria e que todos os Seus desejos se realizem. Muitos parabéns, que Deus O guarde e abençoe este dia!

VIVA O PRÍNCIPE DE PORTUGAL!

quinta-feira, 24 de março de 2011

REAL FRASE DO DIA


 S.A.R., Dom Duarte de Bragança no Rotary Club de Gaia-Sul, a 01-03-2011. Veja aqui a notícia.

S.A.R., DOM DUARTE DE BRAGANÇA, APRESENTA JACK SOIFER


Apresentação de “Como Sair da Crise - Baixo Tejo e Beiras”,
”Como Sair da Crise - Centro”,
“O Futuro do Turismo”.
 31 de Março às 18h30, Na FNAC - Chiado - IDP

UMA QUESTÃO FALSEADA

A temática política do século XIX, muito nefasta em vários aspectos, inventou o antagonismo, Monarquia-República, tão infundamentado como pernicioso, e que a incompreensão contemporânea ainda vem a sustentar. Ilusório antagonismo que talvez só por si tenha sido o causador de dramáticos acontecimentos na vida nacional.
Em rigor, Monarquia e República não têm significados opostos e nem sequer são inconciliáveis. De acordo com os conceitos tradicionais, precisamente a República existia dentro da Monarquia; fazia parte dela.
República (Res publica - a Coisa pública - a Coisa do Povo) tem um sentido definido que a etimologia própria e o seu uso histórico não permitem confundir. Apenas que a República tinha então por regedor e defensor um Monarca. Lembremo-lo no caso de algumas demonstrativas citações.
Na Crónica del-Rei Dom Fernando diz Duarte Nunes de Leão: «... em cortes q para isso ajuntou fez algüas leis mui utiles aa republica, & naquelles tempos mui necessárias.»
Damião de Góis põe na voz de Dom Afonso V, ao armar cavaleiro seu filho Dom João após a conquista de Arzila, as seguintes palavras: «... he bem q saibais q cavallaria há virtude misturada cõ poder hõrroso, segundo natureza mui necessário pera cõ elle poer paz na terra, quãdo cobiça ou tyrania, com desejo de regnar, inquietã hos Regnos, respublicas & pessoas particulares.»
O próprio Dom João II, numa notável carta ao Rei de França, abria-a com estas judiciosas considerações: «obrigação é do bom Príncipe e prudente, não somente galardoar seus vassalos com honras, cargos e dignidades merecidas, mas castigar com rigor, severidade e justiça aos que são prejudiciais em sua república, para que os bons com o exemplo do prémio sejam melhores e os maus ou com castigo se emendem, ou com as maldades pereçam.»
Nos Apontamentos dos Prelados tomados um ano depois das Cortes de 1582, expunha-se: «Porque he em tão grande damno deste Reyno, e prejuizo da Republica fazerem-se tantas uniões, annexações, desmembrações perpetuas como se fazem,. ..»
Dom Sebastião escreveu numa das Máximas que traçou para orientação do seu reinado: «Gavar os homens, e cavalleiros que tiveram bons procedimentos, diante de gente, e os que tiverem préstimo para a República e mostrar aborrecimento às cousas a ella prejudicaes.»
Em Junho de 1580 a Faculdade de Teologia de Alcalá, consultada por Filipe II sobre a sucessão ao trono de Portugal, pronunciava-se nos seguintes termos: «si alguno opusiesse que la republica de Portugal és perfecta. ..»
Na Justa Aclamação exarou o Doutor Vaz de Gouveia: «O poder dos Reis está originariamente nos povos e nas repúblicas, que delas o recebem por forma imediata.»
Depois da Restauração é, por exemplo, Dona Luísa de Gusmão, regente, a usar a costumada forma: «Hei por serviço, de Deus e meu, e beneficio da Republica.»
Julgamos desnecessário alongar, através dos tempos, as citações comprovativas.
A quem tenha lido alguns textos da história a palavra República não choca os sentimentos realistas que possua, antes surpreende que esta se tenha arvorado em contraposição ao de Monarquia, e que não houvesse protesto contra tal equívoco antes de ele começar a fazer carreira.
Aí pelos anos vinte António Sardinha ainda achou oportunidade de afirmar: «o adjectivo republicano pode caber-nos, na verdade, desde que lhe precisemos o sentido.» Igual, pensamento exprimira Maurras: «a palavra República tem um sentido razoável, mesmo depois do restabelecimento da Monarquia ela poderá continuar a usar-se na interpretação que indicava o âmbito dos negócios públicos.»
Mais nos nossos dias depõe o mestre integralista há pouco falecido - Pequito Rebello: «Chame a República o Rei e com isso não se suicide! Porque - e por Deus atentai que isto é uma verdade profunda - a Monarquia é também uma República. Quero eu dizer que na Monarquia, além do seu automatismo que naturalmente assegura o interesse nacional pelo órgão dinástico - e no que é propriamente Monarquia - pode nela também haver o livre esforço cívico de cada um dos portugueses para aperfeiçoar ao máximo a vida social no sentido do bem comum.»
Pequito Rebello termina assim o seu apelo: «Essa Monarquia nova seria o verdadeiro Portugal. E continuaria sempre a presidir-lhe o lema antigo: Glória de Deus! Serviço do Rei! Bem da República!»
Concluindo podemos assentar em que a diferença entre um soi-disant republicano e um de nós é fundamentalmente esta: ele quer para a República um Presidente periodicamente eleito; nós queremos que a República remate pela chefatura dinástica de um Rei.
Não cabem aqui os argumentos de uma e de outra opção, e talvez até sejam dispensáveis ante a desastrosa experiência de mais esta desordenada e conturbada República de Presidentes, que arruina o país, depois de ter desfeito a Nação.
Do Governo da República pelo Rei é o título feliz e sugestivo de um livro escrito em 1496, dedicado ao futuro Dom Manuel I. Pensemos no que este título diz e fiquemos nisto: à República Portuguesa todos pertencemos hoje, como pertenceram os nossos antepassados no antigo reino de Portugal. Simplesmente uns são presidentistas, enquanto que nós outros somos realistas.
Mas precisemos um pouco as ideias.
Se o ofício real é, sobretudo, o de reger e coordenar a administração da República em vista ao bem comum em harmonia social, tal função pressupõe uma república ordenada e orientada nesse mesmo sentido do interesse da comunidade nacional. República não corresponde obrigatoriamente a democratismo.
É de excluir, portanto, a hipótese de um género de regime republicano desordenado, conflituoso e desastroso como o de 1910-26, ou como o actual, legítimo sucessor e cópia fiel daquele.
Tendo estas duas Repúblicas como fundamento o exclusivismo partidocrático originário de uma luta constante, inspirada pode dizer-se que apenas pela ambição do Poder, e resultante numa instabilidade governativa impeditiva de um bom governo, não se coadunariam com a função da Realeza.
Há-de ver-se também que o exercício da Realeza se não conforma com um regime autocrático como o foi o da 2ª República.
O Rei é por dever e por conveniência própria - isto é muito importante - o garante das liberdades do seu Povo. Daí que não possa tolerar autocracias sempre negadoras dessas liberdades populares. E dizemos liberdades populares, mas não arruaceiras, criminosas, ilegais. Mas sim liberdades do Povo organizado através das suas associações representativas, que são os organismos vitais da sociedade, isto é numa representação autêntica do país que trabalha, que pensa, que quer a tranquilidade justa e necessária ao progresso e ao bem-estar de todos. É aí que se encontra o lugar dos «Corpos Intermédios» que são o meio de defesa das pessoas perante os órgãos superiores do Estado.
Como a República, para merecer o adjectivo de nacional, não pode limitar-se a olhar só ao presente, mas tem de prover ao futuro, só pode encontrar no Rei dinástico, dada a vitaliciedade de funções e a sucessão hereditária, a chefatura coerente.
Diremos que para uma má República, qualquer Presidente de facção está conforme; que para uma boa República é o Rei o magistrado indicado, porque alia à chefia do Estado a representação da Nação na sucessão do tempo.
Mário Saraiva
(In Mário Saraiva, Sob o Nevoeiro, Lisboa, 1987)
Única Sempre Avis

quarta-feira, 23 de março de 2011

S.A.R., DOM DUARTE APONTA SOLUÇÕES PARA PORTUGAL SAIR DA CRISE

Diário de Notícias de 23-03-2011
(Clique na imagem para ampliar)
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Como é que o País chegou a este estado?
A causa reside no modelo errado de desenvolvimento gastando fundos europeus em grandes obras publicas e estimulando o consumismo em vez de desenvolver educação e formação técnica e as capacidades agrícola e industrial.
Desse modo os Portugueses enriqueceriam de modo sustentável em vez de se endividarem. Se o próprio Estado é incoerente, não favorecendo a produção nacional quem acreditará nele?
Por exemplo, hospitais novos foram equipados geralmente com cerâmicas importadas. As famílias esquecem-se de que ao não preferirem os nossos produtos põem em risco os empregos da própria família.
Como sairemos desta situação?
Em várias ocasiões muito graves da nossa História o povo Português provou ser capaz de ultrapassar todos os obstáculos. Para isso, precisou de acreditar nos governantes, de uma politica de verdade e de ver nos governantes coerência e honestidade para perceber que valia a pena aceitar sacrifícios necessários. Os governantes não podem continuar a desperdiçar o nosso dinheiro com obras publicas inúteis e em inúmeros institutos públicos de utilidade duvidosa. Não duvido que alguns sejam muito úteis e sei que o Governo acaba de reduzir o seu numero, mas estou certo de que ainda se pode poupar muito sem ter de cortar nas reformas e asfixiar a economia com impostos excessivos, que diminuem a nossa competitividade internacional. - Dom Duarte de Bragança
Fonte: DN de 23 de Março de 2011

UMA FACETA MENOS CONHECIDA DO REI DOM CARLOS

A Torre do Tombo mostra uma das facetas menos conhecidas do Rei D. Carlos, a de fotógrafo, numa exposição que é hoje inaugurada e que exibe pela primeira vez documentos do Arquivo da Casa Real.
D. Carlos I, fotógrafo amador é o título da exposição que apresenta 46 fotografias em reprodução digital, obtidas a partir dos originais da época, a maioria assinadas e legendadas pelo soberano, e integra ainda fotografias feitas pela rainha D. Amélia e pelos príncipes D. Luís Filipe e D. Manuel.
«Esta é uma faceta que é muito pouco conhecida de D. Carlos, apesar de se saber que o Rei era um interessado na fotografia», disse à Lusa o director da Torre de Tombo, Silvestre Lacerda.
«Estas imagens eram muito pouco conhecidas e têm a particularidade de todas estarem assinadas pelo Rei à excepção de umas dez», acrescentou.
As excepções são fotografias realizadas por D. Amélia (três), D. Luís Filipe (quatro) e D. Manuel (três).
«É curioso notar que outros membros da família real faziam fotografia», sublinhou o responsável.
As 46 imagens que constituem a exposição pertencem ao arquivo da Fundação da Casa de Bragança e mostram as campanhas oceanográficas do monarca, touradas de canastra, regatas em Paços de Arcos, a armação do atum no Algarve, e membros da família real.
Um dos interesses desta exposição de fotografia que esteve patente no verão passado no Paço Ducal de Vila Viçosa «é que se percebe perfeitamente que a fotografia serviu de apoio à pintura de D. Carlos», como faziam na Europa do tempo outros pintores.
Neste contexto surgem assim fotografias dos banhos em Cascais, da pesca do atum e do iate Amélia.
«Há um aspecto muito curioso que se nota que são as experiências pela mão do Rei, particularmente nas platinotypias (processo fotográfico antigo), que é o tempo da exposição utilizado para a realização das provas e quais os químicos usados, o que era na altura um segredo», salientou.
Segredos que a ciência também já desvendou relativamente a fotógrafos prestigiados da época como Carlos Relvas e a Martins Sarmento, referiu Silvestre Lacerda.
Segundo o director da Torre da Tombo, «demonstra-se também que o Rei estava a par em termos sociais daquilo que se fazia e daquilo que eram as inovações a diferentes níveis».
Relacionado com as fotografias será exibido o documentário D. Carlos, Oceanógrafo (1997), de Jorge Marecos Duarte e Sérgio Tréfaut, com narração, Luís Miguel Cintra, que utiliza fotografias tiradas pelo Rei.
Na área documental entre outros, será mostrado pela primeira vez ao público o pergaminho de 60X80cm relativo ao auto de juramento da Constituição de D. Carlos, assinado em Cortes por todos os dignitários.
Outro documento interessante é a certidão de nascimento de D. Carlos, mas sem o nome do recém-nascido ainda, e o contrato de casamento celebrado com a princesa Amélia de Orleães.
Segundo o responsável, com esta mostra, procura-se «estabelecer uma ponte entre a arte fotográfica praticada pelo soberano e o testemunho da sua própria vida e do seu tempo».
A exposição D. Carlos I, fotógrafo amador é inaugurada hoje às 18h pelo secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, na Torre do Tombo, na Cidade Universitária, em Lisboa, e estará patente até 12 de Julho.
Lusa/SOL - Jornal SOL
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El-Rei fotógrafo na Torre do Tombo

A exposição “Dom Carlos I, fotógrafo amador” patente na Torre do Tombo, em Lisboa, até Julho integra 46 fotografias, a maioria assinadas e legendadas pelo próprio monarca, mas também fotografias tiradas pela Rainha, Sua Mulher, Dona Amélia, e os Filhos, o Príncipe Real Dom Luís Filipe e o Infante Dom Manuel (futuro Dom Manuel II, último a ocupar o Trono Português).
A exposição das imagens esteve patente, recorde-se, o Verão passado no Paço Ducal dos Bragança, em Vila Viçosa e pertencem à Fundação da Casa de Bragança. Podemos ver as campanhas oceanográficas do soberano, touradas de canastra, regatas em Paço de Arcos, a armação do atum no Algarve, e membros da Família Real, assim como os banhos em Cascais e o iate Amélia.
Dom Carlos herdou dos Pais, Dom Luís e Dona Maria Pia o gosto pelas inovações num século onde tudo era novo em termos de mecanismos. Curioso, observador, o Rei integrava-se no devir social do seu tempo e seguia todas as inovações.
Em Lisboa a exposição é enriquecida com a exibição do documentário “Dom Carlos, Oceanógrafo” (1997), de Jorge Marecos Duarte e Sérgio Tréfaut, com narração, Luís Miguel Cintra, que utiliza fotografias tiradas por Sua Majestade.
Outra mais valia desta mostra é a área documental em que será mostrado pela primeira vez ao público o pergaminho de 60X80 cm relativo ao auto de juramento da Constituição Portuguesa da época por Dom Carlos, e assinado nas Cortes (Parlamento) por todos os dignitários.
Os visitantes poderão ver ainda a certidão de nascimento de Dom Carlos e o contrato de casamento celebrado com a Princesa Amélia de Orleans.
Uma mostra que, segundo nota da Torre do Tombo pretende “estabelecer uma ponte entre a arte fotográfica praticada pelo soberano e o testemunho da sua própria vida e do seu tempo”.
A mostra é inaugurada pelas 18:00 com a presença de Elísio Summavielle, secretário de Estado da Cultura.

UM REI DE VOLTA PARA PORTUGAL

Eu e a Sra. Merceeira nascemos depois do dia 5 de Outubro de 1910, mas ambos queremos um Rei. Eu e a Sra. Merceeira temos idades diferentes, mas ambos queremos um Rei. Eu e a Sra. Merceeira nascemos em locais muito diferentes e distantes, mas ambos queremos um Rei. Eu e a Sra. Merceeira temos experiências da vida diferentes, mas ambos queremos um Rei. Eu e a Sra. Merceeira tivemos educações diferentes, mas ambos queremos um Rei. Eu e a Sra. Merceeira vivemos do nosso trabalho em profissões diferentes, mas ambos queremos um Rei. Eu e a Sra. Merceeira fomos, como todos os portugueses, alvos do branqueamento da História e da propaganda que conduz o rebanho há já 100 anos, mas ambos nos mantivemos leais aos Reis de Portugal e dos Algarves.
Mas há uma coisa em que eu e a Sra. Merceeira fomos diferentes. Eu para ter a certeza absoluta que um Regime Monárquico é o certo para Portugal e para o seu desenvolvimento tive, desde de miúdo, de estudar, ler e aprender isso mesmo. A Sra. Merceeira chegou à mesma conclusão fazendo um percurso muito mais estreito, captando um aspecto objectivamente mais simples: os valores da Instituição Monárquica são ancestrais e não pairam apenas nos livros. Estão ligados aos costumes e tradições mais profundos do nosso povo (que somos todos nós) e são com estes que o futuro se alcança...que se alcança o progresso. Acreditando em nós novamente e no azul e branco que é a nossa verdadeira identidade. Não é toa que foram duas repúblicas a tombarem perante o FMI e a 3.ª que se aproxima da queda é a portuguesa. No Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no Índice de Democracia, os respectivos tops 10 são liderados por Monarquias. Na crise do Médio Oriente estão a cair as repúblicas e não as Monarquias. A república Norte Americana está falida.
Foi tudo isto que a Sra. Merceeira percebeu de uma forma muito mais intuitiva que eu, por isso, e com saudável desprendimento, ergueu a verdadeira bandeira de Portugal na entrada da sua mercearia para felicitar o Herdeiro ao Trono de Portugal e descendente dos Reis de Portugal, a quem lhe reconhece, como eu, legitimidade para lhe representar enquanto portuguesa.

A Sra. Merceeira no 5 de Outubro de 2010, dia da Fundação de Portugal, em Guinarães.
Foto de Joana Dias Pereira

terça-feira, 22 de março de 2011

O PARTO REAL

(Clique na imagem para ampliar)

DECLARAÇÕES DE S.M. DOM CARLOS I AO JORNAL "LE TEMPS" EM 11 DE NOVEMBRO DE 1907

Rei Dom Carlos em 1907
 DECLARAÇÕES DE DOM CARLOS I

Declarações prestadas por Dom Carlos ao Jornal de Paris Le Temps em 11 de Novembro de 1907 e publicadas em 14 de Novembro, sobre o governo de João Franco e os seus objectivos políticos.
A entrevista dada por Dom Carlos ao jornal Le Temps em Novembro de 1907 foi explosiva. A situação política portuguesa era vista na Europa como perigosa. Acompanhada pelos graves problemas financeiros portugueses - o célebre deficit - que permitiam todos os cenários sobre as colónias portuguesas, parecia que uma mudança de regime podia estar também na ordem do dia.
A vinda a Lisboa do redactor principal do mais importante jornal francês, para relatar a situação e entrevistar o «ditador», como o jornalista o chamou, mostrava a importância do assunto. A entrevista a João Franco, em 3 de Novembro, não parece ter sossegado o jornalista. O problema fundamental era saber se João Franco se manteria na direcção do Ministério e se conseguiria manter o apoio do Rei, da Família Real, que se sabia não ser clara, e, note-se bem, do exército. A possibilidade de intervenção do exército contra o Rei e o seu Presidente do Conselho de Ministros era tão preocupante que a pergunta foi feita aos dois governantes e respondida por ambos da mesma maneira, declarando a sua lealdade, mas sem nunca se falar da sua «opinião». Para responder a tudo isto era preciso uma resposta clara do Rei. João Franco conseguiu que Galtier a obtivesse.
A entrevista ficou célebre pela palavra que Dom Carlos proferiu sobre a necessidade de «carácter» do político que o Rei andava à procura para lhe entregar a governação do país. De acordo com as declarações do Rei pareceu que João Franco o tinha e os outros políticos portugueses não. Como João Chagas, jornalista e político republicano, declarou a palavra implicava que o Rei governava “contra todos os partidos e homens que o serviram.” Isto é, desde 1889, data da sua ascensão ao trono.
O Rei, é claro, não queria dizer nada disso, mas ter aceite que a palavra fosse publicada, ou melhor, que João Franco, que ficou encarregue de verificar a versão a publicar, como ainda hoje é absolutamente normal, não tenha percebido que a palavra ia tornar-se uma bomba, foi inaceitável. Terá sido de propósito? Há contemporâneos que o afirmam e, de facto, a entrevista de João Franco não os desmente, quando nela ataca sistematicamente os seus pares. De facto, a afirmação do Rei parece vir no seguimento das declarações de João Franco sobre a falta de lealdade dos seus adversários.
Mas o mais grave da entrevista, de facto, não foi o problema do «carácter» dos políticos portugueses.
O que assustou e preocupou realmente a classe política portuguesa foi o Rei, pela primeira vez, desde o início do regime liberal, ter afirmado ser ele quem governava directamente («para conseguir realizar as minhas ideias», «trabalhamos juntos»), e mesmo enquanto chefe de partido («vamos certamente ter a maioria»).
Isto sim, era inaceitável para os políticos liberais portugueses, possivelmente mesmo para os políticos monárquicos da Europa Ocidental. Era uma modificação sensível da tradição política portuguesa. De facto, não se governava «à inglesa» - a intenção expressa pelo presidente do Conselho - com um Monarca dirigindo pessoalmente os «conselhos da Coroa». E foi sobretudo contra este programa político do Rei, apresentado na entrevista, que a maioria dos dirigentes políticos se insurgiu. E ninguém o apoiou publicamente, mesmo no Partido Regenerador-Liberal, no poder. De facto, a «gaffe» era enorme e indefensável.
A entrevista que, parece, tinha em vista assegurar aos «mercados financeiros» e às grandes potências a estabilidade governamental («pretendo mantê-lo», «estou muito satisfeito com ele.») e a luta contra o deficit («vamos restaurar o equilíbrio orçamental e acabaremos com o défice») levou ao aumento da luta política, e à tentativa de golpe de Estado patrocinada pelos progressistas dissidentes e os republicanos em Janeiro de 1908, e, devido às medidas repressivas preparadas pelo governo, finalmente, à morte do Rei, em Fevereiro.
Um drama que, segundo a célebre frase de Karl Marx, se for repetido será como comédia...
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«Precisava de uma vontade sem vacilação para conseguir realizar as minhas ideias»

VISITA A PORTUGAL
Declarações de S. M. Dom Carlos I
Lisboa, 11 de Novembro
É evidente que o Sr. João Franco1 só permanece no poder por vontade do Rei. Até quando e em que medida é que esta confiança se manterá? Tenho ouvido muitas vezes dizer em Lisboa que Dom Carlos I tinha mostrado o seu cansaço e o desejo de acabar com a ditadura. Concluindo-se que daqui a pouco tempo o novo dirigente dos regeneradores, o Sr. Júlio de Vilhena2, – escolhido em 12 de Novembro para substituir o falecido Sr. Hintze Ribeiro –, seria chamado a formar um Gabinete.

Certamente, no círculo próximo do Rei, na própria Família Real, o Sr. João Franco conta, se não com inimigos, pelo menos com adversários declarados. A Rainha-Mãe Dona Maria Pia, por exemplo, segundo se diz, não perdoa ao Primeiro-Ministro ter humilhado a Casa de Bragança na questão dos adiantamentos3 e de a ter colocado, a Mãe do Rei, numa situação financeira difícil. O Rei partilhará os sentimentos da Senhora Dona Maria Pia?
Só Ele pode responder a esta pergunta. Mas, como colocá-la? Como é que alguém se pode permitir pensar que, numa audiência com o Rei, os grandes problemas não serão interditos? Quando soube que Dom Carlos estava disposto a receber-me4, tentei encontrar maneira de passar das fórmulas de gentileza e cortesia para a questão política. Não descobri nenhuma maneira, e quando apanhei de novo o comboio para Cascais, confiei o meu destino aos caprichosos deuses do acaso.
A Cidadela5, a residência da corte, é um conjunto de prédios baixos, alojamentos, depósitos, casa do Rei6, cercadas por uma parede que lembra as construções maciças de Windsor. A casa do Rei não é nada majestosa e é baixa, as salas de tecto baixo. Levado por um camareiro, fui levado ao primeiro andar, a um quarto grande e luminoso, com vista para o mar. O centro está ocupado por uma grande mesa, cheia de livros e de papéis. Painéis de madeira e de azulejos cobrem as paredes, uma lareira em madeira clara esculpida está colocada entre duas janelas amplas com vista para a baía de Cascais. O Rei, diante da mesa, recebe-me com simplicidade e um sorriso. Vem ter comigo e leva-me para uma das grandes janelas.
Calçado com botins amarelos e polainas curtas de couro, veste calças verdes, como “épinards à la creme”, e um casaco azul-escuro. É o traje para abrir um parlamento de caçadores ou de atiradores aos pombos. A gravata roxa tem um alfinete com uma pedra-da-lua rodeada de brilhantes. Dom Carlos fuma um enorme charuto. Fala o francês sem sotaque e com uma facilidade notável.

Estava a tentar encontrar uma maneira de fazer a mudança de assunto. O Rei encontrou-a, suprimindo-a. Desde as primeiras palavras, senti que Sua Majestade queria entrar no tema cadente da actualidade. Não há dúvida que quis, intencionalmente, prestar declarações ao Le Temps7 que considera úteis ao país. Eu relato-as exactamente de acordo com a sua concisão e importância.

«Sei que o senhor já viu muita gente. E que teve muitas conversas. Conhece o problema. Tem de perceber que tudo está calmo em Lisboa, como no País. Só os políticos estão agitados, e têm razão para estar, de acordo com o seu ponto de vista, acrescentou o Rei, sorrindo. Discute-se muito, fazem muito barulho, assim como na Câmara.»

“Nos últimos dias da Legislatura, a situação tornou-se impossível. Era necessário que a «bagunça», não há outra palavra, acabasse. Não podia durar. Não sei para onde íamos. Foi então que dei ao Sr. Franco meios de governar. Fala-se da sua ditadura, mas os outros partidos, aqueles que mais gritam, também me pediram uma ditadura. Para lha conceder, exigi garantias de firmeza8. Precisava de uma vontade sem vacilação para conseguir realizar as minhas ideias. O Sr. Franco foi o homem que eu desejava. Há muito tempo que o tinha em vista. No momento oportuno, chamei-o. O que faz a força dele é que tem fé nele próprio, na sua estrela, e, nas horas de crise, essa confiança é uma ajuda preciosa. A sua inteligência iguala a sua vontade; “é mais esperto do que se pensa."

“Estamos de acordo, plenamente de acordo. Trabalhamos juntos. Tem toda a minha confiança. Ao contrário do que pensam ser as minhas intenções, pretendo mantê-lo. Estou muito satisfeito com ele." «Está a ir muito bem.» Isto vai durar, é preciso que dure no interesse nacional. Faremos eleições quando for tempo, sem obedecer às coacções, às intimações que nos dirigem. Vamos certamente ter a maioria. O país aprovará a política do Sr. Franco. Vamos restaurar o equilíbrio orçamental e acabaremos com o défice.»

Em todos os países, para fazer uma revolução, tem que se ter o exército consigo. No entanto, o Exército Português está sujeito à Constituição e é fiel ao seu Rei. Lealmente, ficará ao meu lado. A maioria dos oficiais são meus camaradas Servi com eles, conhecem-me. Não tenho a menor dúvida sobre a sua devoção.

"Tudo o que empreendi, o que eu estou a fazer hoje em dia é do interesse do meu país. Certamente que (o Rei sorri) preferia «que me deixassem tranquilo.» Mas continuo no meu posto.

"Conheço o meu país, conheço bem o tabuleiro eleitoral, há dezoito anos que aqui estou. Portugal precisa de calma; trabalha e pede que a ordem e a paz sejam preservadas. Dou-me conta, onde quer que vá, que o meu povo está comigo. Quando as eleições nos derem uma maioria forte e a “normalidade" for restabelecida, o remédio extraordinário, que achei necessário para uma situação extraordinária, não terá mais razão de ser. Nunca me esqueci, um momento que fosse, quais são os meus deveres para com a minha coroa e o meu querido país.»

O que me impressionou foi a facilidade e a clareza com que o Rei me falou da situação política. Acho desnecessário acrescentar, dado o modo e forma da sua intervenção, que Dom Carlos I me autorizou, convidou-me mesmo, a publicar as suas palavras. Não relatei os detalhes e os desvios à conversa, que sendo provavelmente pitorescos ou picantes, teriam tirado o carácter que deve manter uma declaração rápida e sóbria, que reafirma e esclarece as intenções do Rei.
Joseph Galtier
Le Temps, Quinta-feira 14 de Novembro de 1907.
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1.João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco (1855-1929). Formou governo em Maio de 1906 enquanto dirigente do novo Partido Regenerador-Liberal e com o apoio do Partido Progressista. As medidas reformistas que promoveu tiveram a oposição de vários sectores da sociedade que provocaram a saída do governo dos ministros progressistas. A partir desse momento em minoria na Câmara dos Deputados, teve de ter o apoio do Rei Dom Carlos para continuar a governar, já que passou a governar “em ditadura”, isto é, não só legislando sem as Câmaras estarem reunidas, mas por meio de decretos que necessitam somente da aprovação dos tribunais.
2.Júlio Marques de Vilhena (1845-1928). Deputado, ministro e governador do Banco de Portugal, dirigiu o Partido Regenerador a seguir à morte de Hintze Ribeiro em Agosto de 1907. Nunca presidiu um governo.
3.Discutidos em Novembro de 1906, João Franco apresentou na Câmara dos Deputados os documentos que mostravam os adiantamentos que o Estado tinha feito à Casa Real por conta da Lista Civil. Os últimos adiantamentos tinham servido para pagar as obras de iluminação dos palácios reais, mas serviram à oposição progressista e aos republicanos como arma de desgaste político do Rei. João Franco acabou com o problema por meio de um encontro de contas e do aumento de dotação da Lista. Mas fê-lo em Ditadura, não tendo o apoio expresso da classe política para o fazer, o que aumentou o desconforto da Família Real.
4.A entrevista foi apoiada por João Franco que tinha sido entrevistado previamente pelo Le Temps em 3 de Novembro, sendo a entrevista publicada no jornal do dia 12, por isso no dia seguinte à entrevista dada pelo Rei.
5.A Cidadela de Cascais foi utilizada durante os meses de Setembro e Outubro como residência de férias da Família Real a partir de 1871.
6.A antiga residência do governador da fortaleza que Dom Luís adoptou a residência de férias em 1870.
7.O jornal diário Le Temps foi criado em 1861 por um jornalista francês liberal e protestante, aproveitando a liberalização do regime imperial de Napoleão III iniciado em Dezembro de 1860, até essa época, uma ditadura militar como a criada pelo seu tio, o primeiro Napoleão. Tornou-se o mais importante jornal francês durante a Terceira República (1870-1940). Deixou de se publicar em 1942, devido à falta de papel na França ocupada pelo Exército Alemão. Acusado de colaboração com o ocupante, em 1944 a redacção será ocupada e o material de impressão requisitado, dando origem ao Le Monde, criado por um antigo jornalista do Le Temps, Hubert Beuve-Méry, que manteve o aspecto gráfico do antigo jornal.
8."Caractère" no texto francês. Foi uma das palavras mais discutidas da entrevista. O que queria o Rei dizer com esta palavra? Que os dirigentes políticos portugueses não tinham carácter? Provavelmente não. O termo francês implica mais coragem e firmeza do que personalidade. A frase seguinte parece claramente apontar para a primeira versão, quando fala de «vontade sem vacilação».
Fonte: Le Temps, Quinta-feira 14 de Novembro de 1907.
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